Alice in Chains: William DuVall fala sobre racismo no rock e revela ofensas que recebe
Por Igor Miranda
Fonte: Alice in Chains Brasil
Postado em 14 de setembro de 2020
O vocalista e guitarrista do Alice in Chains, William DuVall, participou de um bate-papo sobre racismo promovido pelo canal do Loudwire no YouTube. O cantor Jason Aalon Butler (Fever 333) e as musicistas da dupla Nova Twins, Amy Love e Georgia South, também participaram da conversa.
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Durante a conversa, com transcrição exclusiva da página de Facebook Alice in Chains Brasil e reprodução autorizada para o Whiplash.Net, William DuVall foi bastante sincero sobre o tema. O músico pontuou que existe racismo no rock pois "existe em todos os lugares", que muitas pessoas tentam apontar que ele não é negro por "ter muitas misturas" e que recebe ofensas étnicas nas redes sociais com frequência.
"É claro que existe (racismo no rock), porque ele existe em todos os lugares. E pela minha experiência, é muito raro que alguém admita que pratica qualquer tipo de racismo. Você vê praticamente por todas as épocas que há um misto de ações explicitamente violentas ou de exclusão misturadas com negação. E este é o tipo de situação Kafkiana em que vivemos há séculos", afirmou, inicialmente, durante o bate-papo.
DuVall, que faz parte do Alice in Chains desde 2006, apontou que os privilégios na sociedade deixam qualquer pessoa "na defensiva". "Pode ser que eu, enquanto homem, tenha certos tipos de privilégio que mulheres podem não ter em certas situações. Então, em qualquer momento, qualquer pessoa pode ser confrontado com qualquer privilégio que talvez tenha. Eu escuto sempre pessoas me dizendo: 'você não parece ser só negro', 'você deve ter alguma mistura a mais aí', 'você é o quê?'. Ouço isso no mundo todo. [...] Tenho sim muitas misturas, e tudo bem, mas a parte preta é algo que me deixa muito honrado", disse.
Quanto às ofensas racistas que recebeu, William DuVall desabafou: "Cara, se você pudesse ver meu inbox esses anos todos (risos). Você veria alguns dos palavreados mais horrorosos, algumas das mais abomináveis ameaças. Veria, simplesmente, a feiúra. Você se pergunta o que se passa na cabeça das pessoas. E é muito parecido com os tipos de coisas que li sobre Sammy Davis Jr. ou o Nat King Cole ou qualquer um".
Em seguida, ele exemplificou os tipos de mensagens racistas que recebe de internautas. "São aqueles tipos de coisas, todos os tipos de palavras de baixo calão, todos os tipos de 'se'. 'Se você aparecer aqui, vamos fazer isso', 'se fizer isso, vamos fazer aquilo', 'você arruinou a minha banda favorita com sua cor preta'. Tudo isso dito de forma bem menos polida. Eu costumava receber muitos olhares ameaçadores. Subia ao palco, milhares de pessoas, e sempre tinha alguns caras com esse olhar. E você pensa: 'Será que aquele cara está planejando alguma coisa? Será que ele tem uma arma?' Você precisa ficar alerta, não dá para só fazer seu trabalho", afirmou.
A transcrição completa pode ser conferida na página Alice in Chains Brasil, no Facebook. A entrevista pode ser assistida, em inglês e sem legendas, no vídeo a seguir.
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