Kerrang: revista britânica lista bandas underground que recolocam o Brasil no mapa
Por Igor Miranda
Postado em 11 de julho de 2021
O site da Kerrang, conceituada revista britânica sobre rock e heavy metal, divulgou uma reportagem a respeito da música pesada do Brasil. Com uma referência a um trecho da música "Arise", do Sepultura, maior banda de metal do país, o título do artigo diz: "We shall arise: conheça as bandas underground que estão colocando o Brasil de volta no mapa".
Integrantes de quatro bandas de grande destaque da cena nacional foram entrevistadas para a reportagem. São elas: Ego Kill Talent, Project46, Far From Alaska e Violet Soda.
Ego Kill Talent
O Ego Kill Talent, descrito como uma banda "feita para as arenas do mundo", foi o primeiro nome mencionado, com declarações do guitarrista e baixista Theo van der Loo sobre o impacto do Rock in Rio 1985 no público brasileiro e o vínculo do baterista Jean Dolabella com o Sepultura, entre 2006 e 2011. Jean, por exemplo, comentou que houve grande pressão para ocupar a vaga deixada pelo icônico Iggor Cavalera, mas que foi um ótimo período de sua vida.
O ano de 2020 parecia promissor para o grupo, que já estava com um álbum gravado: "The Dance Between Extremes", que acabou só saindo em 2021. A ideia era fazer turnês com Metallica e System of a Down pelas Américas e Europa. Com a pandemia, esses planos foram adiados, enquanto o grupo divulga nesta sexta-feira (9) a primeira parte do trabalho acústico "Ego Kill Talent Acoustic".
Project46
Em seguida, a reportagem destaca o Project46, definido como uma banda de "groove, thrash, metalcore e death metal", após declarar: "[...] Já se passaram 35 anos desde que o Sepultura lançou seu álbum de estreia. Houve outras bandas como Angra e Krisiun desde então, mas ninguém mais teve o mesmo impacto que o Sepultura em todo esse tempo. O Project46 espera ser o primeiro (após o Sepultura)".
Baffo Neto, ex-empresário e atual baixista da banda, afirmou que o Project46 estão tocando para públicos de dois a três mil fãs no Brasil, tornando-os, segundo o texto, "a primeira banda de sua geração a alcançar uma grande repercussão nacional". Na visão do músico, as letras em português têm ajudado o grupo a chegar a tais números, embora tenham regravado o álbum "TR3S" (2017) com letras em inglês para facilitar a divulgação em outros países.
"Você precisa se decidir se faz música para o mundo ou para o Brasil. Agora com a internet você pode fazer as duas coisas, mas decidimos nos concentrar primeiro no Brasil. O Project46 foi a única banda que conseguiu uma carreira dentro do país, mas ainda não é 100% sustentável, então temos planos de expandir além das fronteira", disse.
Far From Alaska
O Far From Alaska, de sonoridade descrita como "stoner rock misturado com elementos de garage rock, pop e eletrônico", teve seu trabalho exaltado, por sua vez, devido à sua conexão com a cena de Natal, embora a banda tenha se mudado para São Paulo por questões de logística. Outro ponto destacado do grupo foi a sua abordagem para gravar seu álbum mais recente, "Unlikely" - por meio de financiamento coletivo.
"O rock não é mainstream no Brasil agora, então os fãs se acostumaram a fazer parte do processo. Não é algo que só nós fizemos, acho que todas as bandas fizeram algo envolvendo os fãs. Não faremos no próximo disco porque foi barato de se gravar: não podíamos nos juntar, então praticamente o fizemos só no computador", explica Cris Botarelli, que assume sintetizadores e baixo.
A musicista comenta, ainda, que o governo do estado - imagina-se que de São Paulo, onde a banda reside hoje - está abrindo programas de incentivo à cultura, enquanto o governo federal "não tem feito nada para ajudar".
Violet Soda
Por fim, a reportagem cita o Violet Soda, uma banda que está gerando burburinho mesmo sem poder fazer turnê para divulgar seu álbum de estreia, homônimo, lançado em 2019. A vocalista Karen Dio comentou que apenas três shows foram realizados para promover o disco, já que a pandemia veio em seguida.
A Kerrang definiu o som do Violet Soda como uma união de elementos que vão do grunge ao rock alternativo e pop punk. Karen Dio comentou que se emocionou quando ídolos como Brody Dalle (The Distillers), Billie Joe Armstrong (Green Day) e Mark Hoppus (Blink-182) começaram a seguir o perfil dela e/ou da banda nas redes sociais.
Quanto a uma possível retomada do rock no Brasil, a cantora refletiu: "É difícil dizer. A cena do rock estava prestes a crescer antes da pandemia. Muitas bandas estavam começando e havia várias bandas com garotas também, o que é ótimo porque tudo foi muito dominado por homens até recentemente. A cena estava prestes a estourar".
A reportagem completa da Kerrang pode ser lida, em inglês, no site da revista.
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