Produção musical: Entrevista com o baixista e produtor da banda Acústicos & Valvulados
Por Gabriela Arruda
Postado em 29 de agosto de 2021
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O Diego Lopes é baixista e produtor da banda Acústicos & Valvulados, tem trabalhos solo e um estúdio de produção musical, o Tabuleiro. Batemos um papo sobre produção musical, os desafios da pandemia e seu mais novo trabalho, junto com a cantora Lylith Pop, e vocês conferem abaixo em uma entrevista exclusiva para o Whiplash.
Você é bastante conhecido por ser baixista da Acústicos & Valvulados e também pelo seu trabalho solo, o álbum Tabuleiro, de 2016. Não sei se muita gente conhece seu trabalho como produtor, mesmo da Acústicos. Quando você começou a trilhar o caminho da produção musical?
Diego Meu primeiro trabalho como produtor foi justamente o meu disco solo, Tabuleiro, em 2016. A partir do final de 2017, comecei a produzir outros artistas e no início do ano seguinte, inaugurei meu estúdio, que também chama Tabuleiro e foi quando encarei a produção musical como um trabalho de fato. E foi aí que descobri o quanto eu gostar de estar dentro de um estúdio e de colaborar com o trabalho de outros artistas.
Resume pra gente o que faz um produtor musical?
Diego O trabalho do produtor musical depende muito do artista, do projeto. Tem artista que precisa que o produtor seja um arranjador também, tem artistas que já tem os arranjos prontos e o papel do produtor é mais no sentido de trocar ideia, dar uma segunda opinião. Eventualmente o meu trabalho é mais esse de opinar, dizer o que eu acho do ponto de vista profissional, porque, muitas vezes o artista, o compositor, fica tão absorto dentro daquele mundo e acaba esquecendo de ter uma referência externa. Então meu trabalho varia de projeto para projeto, mas em geral é isso. É difícil resumir com precisão o que faz um produtor musical porque é um escopo muito grande de funções e tudo sempre com o objetivo de tornar o processo de gravação, produção, até a fase final, o mais fluido e agradável possível.
Como você faz pra separar o Diego produtor, do Diego baixista, sobretudo na Acústicos & Valvulados?
Diego Na verdade, eu não separo um do outro, até porque, grandes produtores que eu admiro também são grandes baixistas. Como o baixo é um instrumento muito importante dentro de uma banda, é o que faz a transição e dá o ritmo, a harmonia, dá o pulso do som junto com a bateria, percebo que geralmente, numa banda, o baixista é quem mais tem uma ideia do todo, consegue olhar as coisas mais em contexto, então pro meu trabalho eu não separo uma coisa da outra. Eu gosto de produzir, gosto de ver outras pessoas tocando, mas eu sempre presto atenção no que o baixista está fazendo porque eu sei o quanto esse instrumento é importante e sei o quanto a linha que baixista faz é importante pra construção do som todo. As vezes é necessário eu separar o baixista do produtor, mas em geral eu tento conciliar os dois papéis. O que eu preciso realmente separar é meu trabalho com a Acústicos & Valvulados do meu trabalho na produtora.
Fora sua banda, quais outros trabalhos você produziu?
Diego Eu já produzi de tudo. Produzi a minha banda, produzi meu disco, produzi dois discos de um cantor e compositor aqui do Sul, o Erico Moura, produzi o disco de 2019 da Bibiana Petek, um outro cantor e compositor, o Alexandre Marques, vários trabalhos de produção e mixagem. Também já produzi trilha pra documentários, música para publicidade.
Seu mais novo trabalho como produtor é o novo single da Lylith Pop, certo? Na verdade, vocês produziram juntos, é isso?
Diego Isso. O trabalho com a Lylith foi muito interessante porque me tirou da minha zona de conforto. É clichê, mas é verdade, porque ela tem uma outra estética, bem diferente da minha, eu venho de outra escola, levemente distintas, mas não conflitantes. Vendo o resultado final, gostei que a gente conseguiu encontrar um meio caminho bem legal. Acho que, no EP, é a música mais diferente do resto e isso é bom, é bom ter variedade dentro de um EP. Eu digo que coproduzi porque, apesar de não ter os detalhes e arranjos definidos, a Lylith sabia muito bem o que ela queria, então nesse trabalho, meu papel foi mais traduzir o que ela queria.
Como isso aconteceu? Você e a Lylith já se conheciam?
Diego Nos conhecemos através de amigos em comum. Meu sócio no estúdio, o Felipe, principalmente.
E como foi esse trabalho? Foi algo novo pra você? Quais foram os desafios?
Diego Gostei muito desse trabalho e o grande desafio é que ele aconteceu à distância. Estávamos no auge do período de distanciamento social, então o mais difícil foi encontrarmos um caminho para trabalhar de forma produtiva à distância e, pra mim, também foi um desafio lidar com uma linguagem mais pop atual que eu passei a gostar, a conhecer e a ouvir mais, mas, por exemplo, nunca mexi tão a fundo com sintetizadores, então pra mim foi um super aprendizado.
Falando em desafio, quais foram os principais desafios que a pandemia causou no mercado de produção musical, em específico, e como você fez para contorna-los?
Diego A pandemia, por um lado, acho que como tinha muita gente em casa no início da quarentena, muita gente descobriu um lado musical. Muita gente começou a compor, a fazer música e a querer produzir algo musical e acho que isso não teria acontecido com essa intensidade se as pessoas não se vissem obrigadas a ficarem mais recolhidas com seus próprios pensamentos. Para o mercado musical e artístico, a pandemia foi catastrófica por um lado, mas para a produção, me possibilitou ter contato com um outro tipo de músicos, de compositores. Foi bom pra ampliar meus horizontes e ver que existe música em todos os lugares, mas é triste ver o quanto o artista, o músico de palco está sofrendo neste período, é algo muito difícil de contornar.
O público pode esperar por mais algum lançamento ou projeto ainda para este ano?
Diego A Acústicos & Valvulados tem dois lançamentos acústicos que estarão nas plataformas de streaming até o final do ano e tenho um EP pronto que, de material autoral inédito, que pretendo lançar em algum momento, mas não sei quando isso vai acontecer. De produção, sempre tem trabalhos de estúdio indo ao ar e sempre fico muito feliz de poder colaborar com todos.
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