Jimmy Page em 1969 analisando os principais singles lançados em dezembro
Por André Garcia
Postado em 17 de março de 2022
A Melody Maker é uma das mais tradicionais publicações musicais que já existiu. E na década de 60 ela tinha uma seção chamada Blind Date (encontro às cegas, em livre tradução), onde um convidado ouvia alguns dos lançamentos de singles do mês sem ver a capa, e atacava de crítico musical fazendo sua análise.
Conforme resgatado pelo canal do YouTube Yesterday’s Papers, a edição de dezembro de 1969 trouxe aquele que era o mais novo astro do rock britânico, o guitarrista do Led Zeppelin Jimmy Page.
Para celebrar a ocasião especial, o jornal resolveu sair do habitual e incluir algumas raridades. "De onde vocês tiraram isso?", surpreendeu-se Page com alguns dos discos, que eram itens de colecionador e já estavam fora de catálogo.
"Come All Ye" - Fairport Convention
Eu não sei quem é, mas é bom pra caramba. Ela tem uma pureza adorável em sua voz. É Fairport Convention? São eles que cantam "Chelsea Morning"? Ah, Dave Swarbrick está nessa banda, ele é um ótimo violinista, e a garota deve ser Sandy Denny. Se o resto do álbum for tão bom quanto essa música, eles vão vender bem. Daria um bom presente de Natal.
"Bed Spring Blues" - Bukka White
É contemporâneo, mas soa como um velho cantor de blues com um baterista que acabou de conhecer no estúdio. É meio complicado para distinguir quem é. Quem é esse? Bukka White? Caramba, eu não acredito. Quem foi o culpado por isso? Ele realmente sofre das técnicas modernas de gravação. Vai me desculpar, mas não há nada da riqueza sonora que ele tinha antes. É impossível recriar o som das antigas gravações porque os equipamentos antigos já eram.
"Girlie" - The Peddlers
Peddlers, né? A voz dele não me agrada, é sempre tão forçada, nunca soa convincente. Eu nunca ouvi ele cantar uma nota que soasse convincente, mas devo dizer que ele tenta bastante. Aquele wah-wah no órgão foi tirado do The Pretty Things, eles fizeram primeiro. Eu pessoalmente não acho que vai ser um hit.
"Little Rock Getaway" - Les Paul and Mary Ford
Les Paul, o homem que começou tudo: gravação multicanais, a guitarra elétrica… ele é simplesmente um gênio! Se não me engano, ele foi o primeiro a gravar com quatro canais, ou foram oito? Eu conheci ele, aparentemente ele começou a gravar em múltiplos canais por volta de 1945. Jeff Beck e eu admiramos o quanto Wout Steenhuis dedicou sua vida a emular Les Paul, e jamais o superará.
O único problema com essas gravações é aquela voz da Mary Ford, que torna elas um pouco datadas. Era começo dos anos 50 e de Key Starr. Mesmo assim, é bem sutil e agradável. Les Paul tocou brilhantemente na velocidade certa fazendo tremolo com os dedos e usando feedback. Ele fez tudo isso anos atrás, ele já tinha todo o conceito em sua cabeça, e o produto final é totalmente incrível.
"Blue Smoke" - Merle Travis
Essa é "Blue Smoke", de Merle Travis. Muito bom. Ele está realmente envolvido, né? Acho que poucos na Inglaterra conhecem ele ou Chet Atkins, que foi de quem ele tirou esse jeito de tocar. Eu gosto pelo senso de humor dele, e por ele errar ocasionalmente, Chet é tão preciso, exato e clínico…
"Blues In B" - Charlie Christian
Essa deve ser bem antiga, deve ser de 1958, ou mesmo de 55. Tem um clima country blues muito legal. Eu sei quem é, deve ser Charlie Christian. Guitarristas dessa época poderiam ter feito muito mais se tivessem uma sessão rítmica melhor. A maioria daqueles bateristas só seguiam o ritmo. Me pergunto como eles soariam com os bateristas de hoje. A bateria mudou tanto nos últimos 10 anos, e quando você tem uma bateria pesada por trás… você explode!
Pra ser bem sincero, eu nunca fui muito de ouvir Charlie Christian. Ouvia mais Les Paul e aqueles guitarristas de blues todos, BB King, Bukka White e Elmore James, mais os guitarristas pioneiros do rock.
"Bullfrog Moan Blues" - Lonnie Johnson & Eddie Lang
O que é isso? Bem, eu nunca ouvi Eddie Lang, mas conheço Lonnie Johnson. Isso me lembra aqueles músicos ciganos em Paris, me vem a imagem de uma mulher andando com quatro ou cinco saias. Me vem a imagem de bares e bistrôs, bebendo vinho e comendo pão francês, embora a música não tenha nada a ver com isso. Eu estava pensando mais em Django Reinhardt, isso é mais tipo New Orleans e country blues. Muito disso ainda é relevante para a guitarra de hoje em dia, e é tão bom de ouvir!
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