O Angra nunca teve interesse em ajudar outras bandas, diz guitarrista do Hibria
Por Bruce William
Postado em 28 de abril de 2022
Abel Camargo, o guitarrista, compositor, letrista e um dos fundadores do Hibria, participou do podcat Ibagenscast, apresentado por Manoel Santos e Caio Maranho Maia. Em um ponto da conversa, Manoel perguntou para o Abel por que nunca usaram fama do Angra para alavancar a carreira de outras bandas, e Abel respondeu:
"Porque o Angra nunca teve interesse em ajudar outras bandas, esta é a realidade. Nunca teve e continua não tendo", responde Abel, explicando que isso é algo que vem desde lá no início da banda, com o empresário da época.
Este corte da entrevista está no player a seguir.
Daí Manoel conta que entrevistou Cristian Passos, da banda Wizards, que lhe disse que nos anos noventa o mesmo empresário lhe garantia que o Wizards seria a "próxima banda" (a estourar) depois do Angra, mas que isso nunca aconteceu, e depois de um tempo as resenhas da (revista) Rock Brigade viviam falando mal do Wizards.
Os caras das revistas faziam chacota das bandas na seção de resenha
Abel então conta que nos anos noventa, a seção de resenhas das revistas especializadas "era uma piada": "Os caras enchiam o saco, faziam chacota das bandas. Imagina, a gente está em 2022, produzir um material de qualidade em mil novecentos e alguma coisa era muito difícil, era difícil bancar bons estúdios, bancar bons equipamentos, muito difícil ter um bom técnico gravando sua banda, muito difícil fazer uma produção visual legal, era um processo muito difícil".
Prossegue Abel: "Então imagina, depois de você gastar tudo que você tinha, você enviava tua demo pros fanzines, pras revistas e as pessoas ficavam tirando sarro da sua cara! Cara te humilhando porque você não teve dinheiro pra fazer uma produção decente, porque naquele momento você não era uma banda tão profissional, não eram músicos tão profissional.
"Lançamos nossa primeira demo em 1997 e, como eu conto, o Iuri (Sanson) é um de meus melhores amigos, irmão da vida, a gente estudava inglês em Porto Alegre, e a gente descia do prédio onde a gente fazia aula e tinha uma banca bem na frente. E ali estavam a (Rock) Brigade e a Roadie Crew, que estava começando na época. E a gente ansioso, era a maior publicação do Brasil" conta Abel, que junto com seu amigo Iuri iam sempre na banda ver se havia saído a resenha, até que este dia chegou: "Comecei a ler, 'banda Hibria de Porto Alegre, Heavy Metal Melódico, bem entrosados os guitarristas' enfim, falando bem da banda, das guitarras, uma boa produção, blá blá blá. Daí chegou o grand finale: 'uma pena que o vocalista desafina sem dó'. Olhei pro Iuri, ele me olhando e perguntando 'sério?' e eu disse que sim. A gente se olhava e se perguntava 'bah, pra quê, qual a moral dos caras?'".
Abel então conclui: "É o que eu sempre falo, a demo é perfeita? Não, ela não é perfeita. Então imagina o seguinte: não tá perfeito, mas está bem produzindo, é o melhor que a gente pode fazer, tem que contextualizar a época, era 1996-1997, e é uma demo daquele tempo, do seu tempo. Os vocais tem reparos sim, eu sei disso, o Iuri sabe disso, a banda sabe disso, a gente lançou o melhor que a gente pôde. Agora, tu dizer que o cara desafinou sem dó é tirar o cara pra otário, entende? É fazer piadas. Você pode colocar tipo 'o vocal tem potencial' ou algo assim, alguma coisa que incentive as pessoas".
Em seguida ele explica que é professor há vinte anos e que a sua função é ajudar as pessoas que chegam tímidas, perdidas, e você vai lá e faz ela evoluir: "A função da revista é parecida, se tu pega uma galera que está começando e faz o que fizeram com a gente, tu destroi a banda, cara. Inclusive se tu não tem um bom relacionamento - que a gente sempre teve na banda - tu começa a criar um relacionamento ruim", finaliza Abel, dizendo que felizmente não era o caso da Hibria, que sobreviveu e superou aquilo.
A entrevista completa com Abel Camargo, do Hibria, para o podcast ibagenscast, pode ser vista no vídeo abaixo.
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