O álbum de Bob Dylan cuja "falta de habilidade vocal" deu "esperança" a Iggy Pop
Por André Garcia
Postado em 17 de agosto de 2022
Bob Dylan surgiu no começo dos anos 60 na emergente cena folk de Greenwich Village, Nova Iorque, onde interpretava clássicos do gênero. Em alguns anos ele já era reverenciado como um dos mais proeminentes nomes da música folk, com álbuns repletos de canções de protesto consideradas verdadeiros hinos.
Farto das messiânicas expectativas construídas a seu redor e das restrições artísticas impostas pelas preconcepções do gênero, em 1965 o cantor jogou tudo para o ar. Pegando a todos de surpresa, Bob Dylan "traiu" seu público com "Bringing It All Back Home" (1965), onde não apenas abandonou as canções de protesto como ainda trocou o violão pela guitarra e tocou com uma banda em metade do disco. Algo considerado um sacrilégio por seus seguidores, que passaram a o vaiar em todos os shows.
Enquanto "Bringing It All Back Home" provocava revolta, na pequena cidade de Ann Arbor, Michigan, ele fascinava ao jovem James Osterberg, futuro Iggy Pop. Conforme publicado pela Far Out Magazine, o líder do The Stooges contou:
"Eu passei o verão dos meus 18 anos estudando esse álbum [Bringing It All Back Home] e um dos [Rolling] Stones. Grande capa, grandes composições… A inspiradora falta de habilidades vocais [de Bob Dylan] me deram esperança."
Em entrevista para a Vinyl Writers, Iggy explicou o impacto positivo que Bob Dylan teve sobre ele:
"Bob me mostrou que você pode fazer as coisas de um jeito diferente no rock, e aquilo foi uma verdadeira revelação. Meses antes eu tinha assistido os Beach Boys. Eles me impressionaram tanto que imediatamente eu comprei a mesma camisa que eles estavam usando. Mas eles não me deram qualquer esperança de que eu algum dia pudesse ser como eles — eu sabia que jamais cantaria tão agudo e limpo, muito menos entender sobre acordes diminutos com nona e essas coisas."
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