Site britânico exalta álbum de estreia d'Os Mutantes como "uma obra-prima"
Por André Garcia
Postado em 19 de abril de 2023
Na virada dos anos 90 para os 2000, um amigo me disse que teve, aqui no Brasil, nos anos 60, teve uma banda chamada Os Mutantes. Eu não sabia (e nem tinha como saber) se ela realmente existia, mas, segundo ele, era tão experimental e psicodélica que fez coisas que nem os Beatles e o Pink Floyd com tecnologia de ponta fizeram.
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A partir dali, por anos eu tentei encontrar alguma revista ou CD da banda, e simplesmente não conseguia encontrar. Quando encontrei uma revista, ela dizia o que eu já tinha concluído: que ela é muito mais conhecida (e reconhecida) no exterior do que aqui. Enquanto aqui ela parece condenada a ser eternamente underground, lá foram fez fãs como Kurt Cobain, Jack White, David Byrne e Sean Lennon.
Vinte anos se passaram e pouco mudou — até hoje minha impressão é que poucos ouvem Mutantes no Brasil. Ou pelo menos que a banda é muito menos ouvida em sua terra natal do que merece. Coube ao site britânico Far Out Magazine exaltar seu disco de estreia, "Os Mutantes" (1968), como "uma obra-prima" radical.
"O álbum de estreia autointitulado, de 1968, 'Os Mutantes', é uma obra-prima. Em alguns momentos é intenso, em outros, assustador, e representa um triunfo simbólico em face da grande adversidade da ditadura militar do Brasil. É também um dos álbuns mais extravagantes que há, mas há um método em sua loucura; um radicalismo puro. [...] 'Panis et Circenses', é talvez a faixa mais completa já lançada pel'Os Mutantes, sendo uma declaração de intenções pura. Uma crítica caprichosa ao governo militar do Brasil, com um título que pode ser traduzido como "pão e circo", demonstra a perspicácia da banda, criticando o governo com uma melodia parecida com um fanfarra militar. Isso é a cara deles. Brilho musical fundido a uma forma irônica e zombeteira de radicalismo que se destaca dentro do movimento Tropicália, pelo país."
Ainda de acordo com a publicação, sobre o primeiro trabalho da banda, Sérgio Dias relembrou o momento histórico em que foi produzido:
"Quando éramos jovens, tivemos que enfrentar no Brasil uma repressão muito séria, estávamos sob uma ditadura militar severa: muita gente sendo morta, muita gente sendo torturada… foi pesado, muito pesado. Era terrível. Mas, quando você é moleque, tem aquela coisa, uma rebeldia interna, aquele prazer de ir contra quem diz que você não pode. E tivemos muita sorte de não termos sido presos, torturados ou algo assim, porque teríamos provavelmente perdido a fé."
"Nosso negócio era fazer brincadeiras e desafiar a autoridade", contou Rita Lee, "mas você tinha que ser cuidadoso naqueles dias, porque amigos estavam desaparecendo ou sendo forçados ao exílio, e a polícia frequentemente aparecia para acabar com nossos shows. Tínhamos que ser criativos, mais evasivos, para evitar a repressão, e então a gente dizia: 'Vamos deixar essa música complicada, que é para ninguém entender!'."
Portanto, se você curte o rock psicodélico de bandas como Beatles, Pink Floyd, The Doors, Jefferson Airplane e Jimi Hendrix, mas ainda não ouve Os Mutantes… eu recomendo que o faça imediatamente.
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