A diferença entre Renato Russo e Humberto que explica o que acontece com o Engenheiros
Por Bruce William
Postado em 22 de julho de 2023
Este corte da participação do jornalista e historiador do brasileiro Júlio Ettore no podcast Inteligência Ltda, apresentado por Rogério Vilela, mostra o trecho onde o tema é o Engenheiros do Hawaii, que Vilela assume ser sua banda preferida mas que ele sabe que muitas pessoas têm má vontade, embora ele não consiga explicar o motivo, já não é especialista em música mas apenas alguém que ouve e gosta.
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Júlio então explica que no caso do Engenheiros, por um lado eles têm uma base de fãs que são muito fiéis, e por outro lado muitas pessoas que não conseguem compreender o que está sendo dito e por isso não gostam. E ele acredita que não tem nada a ver com a qualidade da banda mas sim com o estilo de letrista do Humberto: "É uma coisa muito particular e que quem se identificar aquilo vai bater, e para outras pessoas não vai bater de jeito nenhum. Eu posso falar porque eu vivi os dois momentos, porque lá atrás eu não gostava das letras do Humberto", diz Júlio.
"Eu achava as mesmas coisas que eu leio hoje das pessoas que criticam: letras infantis, não dá para entender nada. 'Ah, ele fica fazendo essas aliterações, Papa Pop", prossegue Júlio. Rogério então comenta que o Humberto reaproveita muita coisa, repetindo trechos das próprias letras, fazendo auto-referências. "Só que aí quando você vai estudar a história da banda, entende que aquilo ali é autobiográfico", explica Júlio. "Quando eu ouvi a primeira vez que eu estava na faculdade, aquela história de solidão não tinha muito a ver com o que eu estava vivendo", comenta Júlio, e Vilela cita alguns trechos que ele acha fantástico e não entende como outras pessoas não gostam.
Daí Júlio manda uma explicação para muito do que acontece com as letras do Humberto: "Mas tem uma outra coisa que ajuda a explicar isso: as letras do Humberto, ele é um compositor muito datado. Então, por exemplo, ele fala de coisas que aconteciam naquele [momento], o Renato Russo é o oposto, o Renato Russo escrevia letras para que elas fizessem sentido em qualquer momento. Poucas letras do Renato ele vai citar coisas do tipo assim, walkman, sabe, o Renato Russo nunca citou walkman" diz Júlio, citando o trecho da música "Anoiteceu em Porto Alegre".
Prossegue Júlio: "E isso é um desafio, porque em primeiro lugar, a pessoa tem que ter vivido aquela época para entender o que ele está escrevendo; em segundo ela tem que conhecer quem é o Humberto, e isso também é uma coisa que algumas pessoas não sabem, ou não acreditam ou têm dificuldade de entender, ele é muito tratado como arrogante, principalmente para quem não o conhece. 'Ah, porque Humberto é um arrogante e tal'. E aí você entende que ele é um cara muito tímido, muito solitário, muito fechado". Júlio então conclui: "Então acho que isso tudo ajuda a explicar: ele é um cara tão particular que as pessoas vão precisar se identificar com aquele jeito dele, ele não tem uma escrita universal, e as pessoas que não se identificam vão achar que é ruim".
A participação completa de Júlio Ettore no Inteligência Ltda pode ser vista no vídeo abaixo.
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