O dia que Lobão rejeitou proposta que todo artista brasileiro daria tudo para vivenciar

O compositor Lobão é famoso por hits como "Me Chama", "Por Tudo Que For" e "Vida Louca Vida". Além disso, participou do começo de Blitz e praticamente fundou o rock nacional dos anos 1980.

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Fora do âmbito musical, Lobão sempre foi polêmico e irreverente. Prova disso é o que contou o produtor Breno Ferreira em entrevista ao Corredor 5. Ao relembrar a época do disco "Nostalgia da Modernidade", que o roqueiro lançou em 1995, Breno detalhou algumas situações que viveu como produtor de sua turnê.

Além dos xingamentos contra jornalistas, Lobão teria recusado uma proposta do próprio Mariozinho Rocha, da Globo, para incluir uma música em uma das novelas que ele era responsável. Naquela época, isso era praticamente garantir o sucesso de uma composição e todo mundo queria, mas não Lobão.

"Na época, viajávamos eu, Lobão e o guitarrista Billy Brandão. Era uma turnê muito bonita. Não era tranquila, porque era o Lobão! [risos]. Sabe, as pessoas provocavam demais ele. Uma vez, um jornalista do nada perguntou: ‘É verdade que você virou crente?’ Falavam: ‘Lobão, e essa sua fase crente?’

Era cutucar a onça com a vara curta, né? Eles escutavam absurdos dele de volta. ‘Crente é o caralho!’ e isso ao vivo. Ele teve uma fase cristã. É um gênio. Guardo com muito carinho. No final dessa história, não deu muito certo essa minha temporada com ele. O Mariozinho Rocha queria colocar uma música na novela e ele não deixou de jeito nenhum! Ele disse que não ia botar", disse.

A carreira de Lobão

Lobão iniciou jovem na música e um de seus primeiros projetos relevantes foi o Vímana, com Lulu Santos e Ritchie. Sobre essa época, o músico refletiu a respeito no podcast Ticaracati.

Lobão revela que era virgem quando entrou para a banda de rock progressivo Vímana

"No violão, minha influência era música espanhola e clássica. Eu estudava Villa-Lobos. Eu não pegava menininhas nessa época. Éramos um grupo de eunucos praticamente! [risos]. Eu era virgem na época. Entrei para o Vímana virgem. Em 1976, eu era um popstar e precisava resolver isso. A banda toda era casada. O Ritchie é casado até hoje com a mesma mulher.

Era uma banda família, sabe? Conversávamos sobre cinema e íamos ver filmes. Aprendi muito sobre arte. O Lulu Santos conhecia muita coisa. Aprendi sobre programação de sintetizador também. Era uma banda nerd com roadie, mesa de som etc. Até alugamos equipamento para o Alceu Valença algumas vezes. Uma vez, alugamos o equipamento de som da Vímana para o Tim Maia. Ele não apareceu e depois disse que precisou fugir para os EUA", disse.

Depois, Lobão esteve com Evandro Mesquita na fundação da Blitz. Em outra ocasião, em conversa no podcast Inteligência Ltda., ele relembrou essa época.

Quando Lobão sugeriu nome "Blitz", mas Evandro Mesquita recusou por motivo curioso

"Nós formamos a Blitz em 1979, por aí. Nós estávamos ensaiando para a estreia do segundo disco da Marina. Era uma banda de amigos de colégio. Todos dançavam, saíam dos instrumentos e tudo mais. A Marina namorava a Maria Bethânia na época. Íamos estrear em um teatro e falaram para nós assistirmos uma peça lá antes.

Sentamos na plateia, começou um show e tinha o Evandro Mesquita atuando. O personagem dele se chamava Lobão! Tinham se baseado em mim como personagem, só que era um cara surfista. Nós da banda da Marina estávamos com uma crise de identidade, porque gostávamos de rock progressivo, mas talvez fosse melhor ir para uma linha mais simples.

Quando vi essa peça do Evandro, eles tocavam uma música simples. Percebi que era por aí o caminho. Eram letras legais. Quando terminou o espetáculo, entrei no camarim e falei com o Evandro. Nos apresentamos e eu disse que adorei e que eu tinha uma banda que iria tocar aqui com a Marina. Falei para ele assistir ao nosso ensaio e ele foi depois.

Começamos a tocar juntos e já tinha o esboço de ‘Você Não Soube Me Amar’. Vi a música nascendo. Eles metrificaram os versos na hora. Essa acabou se tornando um sucesso. Então, o Evandro estava namorando uma hostess de um bar chamado Caribe. Tínhamos que ter um nome para a banda, porque ela queria colocar anúncios no bar. Já que tinha o The Police, pensei que poderíamos ser ‘Blitz’. O Evandro ainda era muito hippie e falou: ‘Pô, bicho. Blitz não. Nós somos amor e coração cósmico’. Fui voto vencido, mas eu tinha achado ótimo.

Nesse meio tempo, a namorada precisava do nome e eu falei para ela que o único nome que tínhamos era ‘Blitz’. Ela falou que estava ótimo, aí disse para eles: ‘Desconfio que viramos Blitz agora!’ [risos]. Foi no grito e acabou virando um sucesso".

Após esse período, Lobão seguiu carreira solo e encanta seus fãs até hoje. Recentemente, na pandemia, ele criou um projeto de releituras de clássicos e faz shows regularmente pelo Brasil.

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