A regra sagrada que o Rush sempre se recusou a quebrar, segundo Geddy Lee
Por André Garcia
Postado em 15 de junho de 2024
De Beatles e Rolling Stones a Pink Floyd e Queen, passando por Green Day e Nirvana, é comum as bandas contarem com o reforço de músicos contratados em seus shows. Mas tem também aquelas para quem é questão de orgulho dar conta do recado sem a adição de músicos, como o Rush.
Ao longo da segunda metade da década de 70, a música do Rush foi crescendo cada vez mais: tanto em termos de duração quanto complexidade. E também em termos de quantidade de instrumentos utilizados, já que era constante a busca por novas possibilidades sonoras.
Apenas na música "Xanadu" apenas os três tocavam mais de 10 instrumentos ao vivo: Alex Lifeson tocava guitarra de 6 e 12 cordas; Geddy Lee além de cantar tocava baixo, guitarra e teclado; Neil Peart tocava bateria, é claro, mas também um set de cencerros, sinos tubulares, lira vertical, sinos-de-vento… e mais alguns outros instrumentos de percussão que é até difícil encontrar o nome em português — como o bell tree.
Quem mais sofria com isso era Geddy, que se via nos palcos tendo que cantar enquanto tocava linhas de baixo complexas e ainda tocar teclado com as mãos ou sintetizador com os pés. No estúdio, ele trabalhava dobrado com o acúmulo de funções.
"Todo ensaio eu gritava 'Não consigo fazer isso!'", disse ele certa vez, segundo a Far Out Magazine quando a banda ainda estava na ativa, "mas parecia errado ter outro cara no palco com a gente. A gente conversava sobre essa possibilidade o tempo todo — e ainda conversa até hoje! —, mas é uma zona proibida. Não rola."
Em outra entrevista, esta após a morte de Neil Peart, para a publicação judaica Heeb ele corroborou: "[Contratar um quarto membro no Rush] sempre entra na discussão, e sempre que saímos em turnê dizemos, 'Não, não podemos ter outro cara no palco; ele poderia estragar a química'. Mas quando entramos no estúdio para gravar, vejo aquela cacetada de trabalho extra [acumulando três funções], aí começo a pensar nessa possibilidade de novo."
Outra banda que também resistiu bravamente a contratar músicos adicionais foi o Led Zeppelin. Em entrevista para a Trouser Press, em 1977, Jimmy Page falou sobre músicas tão complexas que o Led Zeppelin simplesmente deixava de tocar ao vivo porque não conseguia: "Quando Ronnie Wood e Keith Richards vieram nos ver, Keith falou: 'Você tem que arrumar outro guitarrista, você está caminhando a passos largos para ser o guitarrista mais sobrecarregado do pedaço.' Às vezes eu bem que adoraria ter um outro guitarrista, mas isso não cairia bem aos olhos do público..."
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