Quando os Rolling Stones quase destruíram a existência do Led Zeppelin
Por Bruce William
Postado em 16 de outubro de 2024
Há decisões que podem mudar completamente o rumo da história. Muitas vezes, esses momentos parecem pequenos ou insignificantes no início, mas carregam o peso de transformar o futuro. Sem contar que essas escolhas individuais acabam definindo o destino de toda uma geração. O que pode soar um mero clichê digno de frases de autoajuda muitas vezes se mostra bem próximo da realidade, principalmente quando caímos naquele debate de pensar em situações onde "e se" isso tivesse acontecido, como teriam sido as coisas.
Na história do Rock, há decisões que teriam gerado um futuro completamente diferente caso tivessem sido tomadas em outro sentido. Se Elvis Presley não tivesse gravado um compacto para a mãe. Se Syd Barrett não tivesse saído do Pink Floyd. Se Tony Iommi não tivesse sofrido o acidente que amputou parte dos dedos. Se Stevie Ray Vaughan não tivesse pego carona naquele helicóptero. Se o Nirvana não tivesse lançado o "Nevermind". Se Max Cavalera não tivesse deixado o Sepultura. Muitos, mas muitos são os eventos que teriam feito com que a história que conhecemos fosse outra.
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A trágica e curta vida de Brian Jones, dos Rolling Stones
Os Rolling Stones começaram sua trajetória em 1962, quando Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Bill Wyman e Charlie Watts se uniram para formar uma das bandas mais importantes da história do Rock. Inspirados pelo Blues americano, eles rapidamente conquistaram o público britânico com seu som considerado cru e rebelde para a época, lançando uma série de álbuns e singles de sucesso e adotando uma imagem de "bad boys" em contraponto ao visual de "bons moços" dos Beatles.
No entanto, à medida que o sucesso crescia, também cresciam os conflitos internos, especialmente em torno de Brian Jones, cuja personalidade e estilo de vida começaram a entrar em rota de colisão com o restante da banda, o que resultou em sua saída em 1969. Cada vez mais afastado criativamente, e com problemas pessoais e de saúde agravados pelo uso excessivo de drogas, Jones se tornava um obstáculo para o avanço dos Stones, que começavam a explorar uma nova direção musical em busca do seu lugar ao sol. Incapaz de acompanhar o ritmo das gravações e das turnês, ele acabou sendo dispensado da banda que ajudou a fundar. A decisão foi mútua, mas carregada de tensão. Pouco tempo depois, Brian foi encontrado morto em sua piscina, apenas um mês após sua saída.
O incrível músico de estúdio chamado Jimmy Page, que fundaria o Led Zeppelin
Antes de fundar o Led Zeppelin, Jimmy Page já era uma figura respeitada no cenário musical britânico. Seu trabalho desde bem jovem como guitarrista de estúdio o colocou em contato com uma vasta gama de artistas e estilos, desde Pop até Blues e Folk. A verdade é que o número de gravações em que Page participou é literalmente incontável, e nem ele mesmo sabe ao certo de todas. É documentado que ele toca em gravações de artistas como The Who, The Kinks e Donovan. Em 1966, ele passou a integrar os Yardbirds, após a saída de Jeff Beck.
Apesar do sucesso com os Yardbirds, Page sentia que ainda não tinha total liberdade para explorar sua visão musical. Quando a banda se dissolveu em 1968, ele aproveitou a oportunidade para formar um novo projeto, inicialmente chamado New Yardbirds, que logo se transformaria no Led Zeppelin. Chegando na hora certa e fazendo uma fusão genial de Blues, Rock, Folk e elementos de Psicodelia, Page finalmente encontrou o espaço que precisava, ao lado de músicos extremamente talentosos, para expandir seus experimentos sonoros e cimentar seu nome como um dos maiores guitarristas do Rock.
A amizade e ligação de Jimmy Page com os Rolling Stones
"Nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez quando a primeira turnê American Folk Blues passou por Manchester [21 de outubro de 1962]. Para os verdadeiros e fiéis, foi um chamado para todos os colecionadores e entusiastas de Blues. [...] Foi lá que conheci Keith e Mick pela primeira vez. Lá estavam eles e lá estava eu, e tenho certeza de que ele lembra de me conhecer naquele dia". Assim foi o relato de Jimmy Page sobre o dia em que ele conheceu Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones.
A amizade entre Page e os integrantes dos Stones é algo que prosseguiu anos afora, apesar das ressalvas que Keith Richards fazia em relação ao Led Zeppelin, e que acabou gerando até uma música chamada "Scarlet", que foi gravada pelos Stones em 1974 mas só saiu em 2020, e que contava com os solos de guitarra de Jimmy Page. Outra música da banda que contou com a participação de Page foi "One Hit (To the Body)", do álbum "Dirty Work" de 1986.
Mas já em 1964, quando ainda era músico de estúdio, Page também participou de uma música dos Stones, que não chegou a ser efetivamente lançada pela banda na época: "Heart of Stone", em versão que só saiu na década seguinte na coletânea "Metamorphosis". E foi nesse ponto, quando Brian Jones começou a ficar mais incapacitado e problemático para a banda, que os Stones cogitaram a ideia de substituí-lo por Jimmy Page, como Bill Wyman revelou: "Em '65, quase pedimos a ele (Brian) para sair, antes do Zeppelin ser formado, quando íamos chamar Jimmy Page. Pensamos em pedir que ele saísse 5 ou 6 vezes."
Curiosamente, no final de 1966, Brian e Jimmy Page trabalharam juntos na trilha sonora do filme alemão "A Degree of Murder", estrelado por Anita Pallenberg. E mais tarde, quando Mick Taylor deixou os Stones em 1974, o nome de Page, junto com muitos outros guitarristas lendários, foi cogitado como um possível substituto - parece que esqueceram que, nesta época, já havia uma outra banda muito famosa chamada Led Zeppelin...
Mas, como bem pontuou a Far Out, que fez o resgate da fala de Bill Wyman: "Observando o que Page fez depois do Led Zeppelin, não parece que teria sido a melhor escolha. Fora alguns supergrupos ocasionais e suas colaborações com outros artistas, Page sempre foi o responsável pela palavra final no que fazia. Como líder de fato do Led Zeppelin, seria improvável que ele simplesmente aceitasse tocar o que Jagger ou Richards quisessem em qualquer música."
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