O hit de Renato Russo que critica religião evangélica: "Falar mal de Nossa senhora?"
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de novembro de 2024
Em dezembro de 1995, Renato Russo lançou "Equilíbrio Distante", seu segundo álbum solo, repleto de releituras de canções italianas. Dentre as faixas, "Dolcissima Maria" — uma canção original do grupo italiano Premiata Forneria Marconi — ganhou uma interpretação do líder da Legião Urbana, que a viu como uma homenagem pessoal à figura feminina de Nossa Senhora. Em uma entrevista resgatada pelo canal Relinkare, Renato fez um desabafo sincero sobre sua indignação com as críticas à Virgem Maria por parte de algumas denominações evangélicas.
"’Dolcissima Maria’ é minha homenagem a Nossa Senhora e a todas as Marias, a todas as mulheres", declarou. "É uma coisa que realmente eu não posso evitar. Eu fico um pouco temeroso com todas essas denominações evangélicas, independente do que elas acreditam. Falar mal de Nossa Senhora não pode, gente, não pode, não pode. Acho que isso é uma coisa que me deixa muito preocupado", afirmou o cantor, enfatizando a devoção pessoal e o respeito profundo que a figura representa para ele.
Renato, que viveu um período de depressão durante a criação do álbum, falou da música como um ato de prece e homenagem. "Independente de ser a Virgem Maria, Nossa Senhora, seja quem for, ela é uma pessoa de luz. É a essência feminina do amor, da maternidade, tudo isso", explicou. Ele criticou duramente o que chama de ignorância presente em alguns discursos religiosos. "Eu já vi na televisão, a gente liga a TV e vê um espaço onde falam cada absurdo. É uma coisa tão cruel e tão ignorante, né? Então, é uma maneira minha de fazer uma prece para Nossa Senhora, entende?"
A gravação de "Dolcissima Maria" inclui uma longa introdução instrumental, que para Renato tinha o objetivo de despertar reflexão e meditação. "A música fala um pouco disso. Ela é uma música longa em duração, tem quase oito minutos, porque tem uma introdução e depois uma longa sequência instrumental. Isso é justamente minha tentativa de lembrar as pessoas de que é importante meditar, de que é importante buscar uma paz interior", afirmou.
Para ele, o respeito à fé alheia era essencial, e a visão intolerante que observava o incomodava profundamente. "O que não pode é falar mal de Nossa Senhora, entendeu? Não fala mal, não. Não acredita? Tudo bem, acredita em outra coisa. Mas, sabe, ela deve ficar muito triste, porque ficam falando do filho, Jesus, que é maravilhoso também. Mas, sabe, essas pessoas não leem a Bíblia direito. Pegam lá um trechinho, distorcem tudo".
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