O dia que Marty Friedman se irritou com Santana tocando em restaurante japonês
Por Gustavo Maiato
Postado em 26 de janeiro de 2025
O guitarrista Marty Friedman, conhecido por sua marcante passagem pelo Megadeth durante a era clássica da banda, revelou detalhes de seu período final no grupo. Em entrevista ao programa de Eddie Trunk (via Ultimate Guitar), Friedman falou abertamente sobre os ataques de pânico que sofreu, como isso afetou seu comportamento e as dificuldades enfrentadas antes de sua saída definitiva.
A fase que antecedeu sua saída foi marcada por tensões internas e mudanças em sua saúde mental, algo que ele nunca havia experimentado antes. "Eu nunca tive problemas mentais, psicológicos ou de saúde. De repente, eu estava no pronto-socorro, completamente fora de mim. Eu não conseguia me mover, estava gritando, berrando. Tudo aconteceu do nada", relatou Friedman, acrescentando que os ataques começaram após ele informar à banda que sairia, embora a decisão ainda não fosse pública.
Friedman explicou que, mesmo enfrentando essas crises, decidiu completar a turnê antes de sua saída oficial. "Eu tinha anunciado para a banda que sairia, mas não publicamente. O plano era terminar a turnê, e depois eles encontrariam outra pessoa. Mas enquanto isso, eu estava lidando com um monstro", disse ele, detalhando como os ataques o deixaram em um estado de fragilidade constante.
Durante esse período, Friedman enfrentou dificuldades extremas para manter a rotina. Ele descreveu uma dependência de medicamentos, banhos quentes e alimentos específicos para conseguir funcionar. "Eu estava tomando antidepressivos, relaxantes musculares e todo tipo de droga para evitar enlouquecer completamente. Descobri que, se comesse sanduíches de frango grelhado, isso ajudava. Mas fora isso, eu só queria ficar em uma banheira quente o dia inteiro", explicou.
Apesar de seu estado fora dos palcos, Friedman relatou que conseguia entregar performances normais durante os shows, o que aumentava a desconfiança de quem estava ao seu redor. "No momento em que subia ao palco, eu era normal. Conseguia tocar música. Mas assim que saía do palco, eu voltava a ser um completo desastre", afirmou. "A equipe e os caras da banda olhavam para mim como se eu estivesse fingindo. Eles provavelmente me odiavam, e com razão."
Friedman reconheceu que suas atitudes durante esse período estavam completamente fora de seu caráter habitual. Ele compartilhou um episódio em que perdeu o controle em um restaurante japonês. "Estávamos em um restaurante de sushi. Achei que era um bom lugar porque tinha proteína. De repente, começou a tocar uma música do Santana, e eu surtei. Comecei a gritar: 'Que m*rda é essa? Por que estão tocando música mexicana em um restaurante japonês?'", contou ele.
"Eu estava berrando no topo dos meus pulmões, batendo na mesa. O wasabi e o gengibre voaram para todo lado. Eu era um ser humano horrível com todos ao meu redor. E isso era tão fora do meu normal, mas naquele momento era o que eu era", acrescentou.
Friedman reconheceu o impacto negativo que seu comportamento teve sobre as pessoas ao seu redor, mas explicou que, na época, não tinha controle sobre suas ações. "Eu não queria causar problemas, mas estava lá, aquilo estava acontecendo, e eu não era uma boa pessoa durante todo esse tempo", admitiu.
Após encerrar a turnê e sair do Megadeth, Friedman passou meses em isolamento total, enfrentando um longo processo de recuperação. "Passei uns oito meses sem tocar guitarra ou ouvir música. Tudo o que eu fazia era tomar antidepressivos, ficar na banheira e comer sanduíches de frango. Foi isso até eu começar a ver uma pequena melhora e me sentir normal novamente", revelou.
Apesar das dificuldades, Friedman afirmou que revisitar esses momentos em sua autobiografia, Dreaming Japanese, foi uma experiência terapêutica, especialmente após sua reunião com Dave Mustaine e o Megadeth no Budokan, em 2023. "Foi como uma grande carta de amor entre nós, uma celebração da nossa história juntos e um enorme 'obrigado' aos fãs. Foi muito terapêutico", disse ele.
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