O álbum de Raul Seixas que é o preferido de Marcelo Nova - e também era do próprio Raul
Por Bruce William
Postado em 10 de janeiro de 2025
Raul Seixas marcou sua trajetória com discos inesquecíveis, mas "Novo Aeon" (1975) ocupa um lugar especial, tanto para o próprio artista quanto para Marcelo Nova, seu parceiro no emblemático "Panela do Diabo" (1989). Durante uma entrevista para o Whiplash.Net, Marcelo relembrou a admiração que ele e Raul compartilhavam pelo álbum. "Raul tem grandes discos, mas um dia eu disse a ele: 'Raulzito, meu disco favorito é o Novo Aeon'. Ele disse: 'É o meu também' e não falamos nunca mais sobre isso", contou Marcelo.
Em diversas ocasiões, Raul reafirmou sua preferência por "Novo Aeon". Em 1987, numa entrevista à Bizz, ele comentou: "Depois de 'Gita', eu fiz o LP 'Novo Aeon', que é o disco de que eu mais gosto. Mas ele vendeu menos que 'Gita'. Aqui no Brasil, você tem que matar um leão por dia. Se não matar, você está frito". A declaração reflete o momento de reinvenção que Raul vivia à época, como fica claro em uma entrevista reproduzida no livro "Raul Seixas - Por Ele Mesmo", de Sylvio Passos, onde ele diz: "Esse disco, Novo Aeon, eu estou feliz com ele porque reflete exatamente isso", referindo-se a descobertas pessoais e artísticas.
O canal Vinilteca, em um vídeo de 2018, analisou o contexto por trás de "Novo Aeon". Segundo o canal, Raul estava cansado de sua imagem de "místico e doidão" e decidiu romper com o empresário Guilherme Araújo, buscando focar na música em vez de continuar alimentando a imagem estereotipada. "A imagem do Raul Seixas que era vendida para todo mundo era de uma figura estranha, um cara 'doidão', místico, com o cabelo grande, barba, que usava capas e aquela coisa toda da Sociedade Alternativa. E isso estava começando a cansar muito Raul porque ele começou a perceber que a sua música estava ficando em segundo plano em relação à sua imagem."
A capa sóbria e a ausência de provocações marcaram a mudança. O álbum abandonou críticas políticas explícitas, explorando temas existenciais e filosóficos. Apesar das mudanças, "Novo Aeon" permanece como um dos trabalhos mais sofisticados e ousados de Raul Seixas, um reflexo da grandiosidade estética e poética que ele dominava como poucos. Tanto para Marcelo Nova quanto para Raul, o disco representa um momento único de expressão artística e pessoal que continua a ressoar entre fãs e críticos.
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