A artista pioneira em levar o Brasil para o exterior de forma natural, segundo Andreas Kisser
Por Gustavo Maiato
Postado em 08 de fevereiro de 2025
Antes de Carmen Miranda, o Brasil não era tão bem representado no exterior no cenário cultural. Mas foi ela quem, de forma natural, abriu as portas para a cultura brasileira no mundo. Embora tenha se tornado símbolo de um estereótipo – com o icônico chapéu de frutas e a dança exuberante –, sua contribuição foi muito maior.
Para Andreas Kisser, a cantora de origem portuguesa e atriz foi a primeira grande artista brasileira a impactar o cenário internacional de maneira autêntica. "Hoje, o Sepultura é citado junto a Carmen Miranda e Mutantes, artistas que realmente impactaram o mundo. Carmen Miranda, por exemplo, foi um fenômeno em Hollywood, pioneira em levar o Brasil para fora de forma natural," afirmou em entrevista ao podcast Corredor 5.
O guitarrista comparou a trajetória da banda no metal com a forma como Carmen Miranda representou o país, ainda que os estrangeiros tivessem uma visão limitada do Brasil. "Na época, o estereótipo ainda era o do 'Zé Carioca'. Os artistas vinham do Brasil, mas não se encaixavam nos clichês: não eram necessariamente pretos, não tocavam samba ou exibiam as características típicas do 'brasileiro' que se esperava. Isso despertava curiosidade."
Kisser relembrou a recepção do Sepultura na Europa nos anos 1980, quando a banda começou a ganhar espaço fora do Brasil. Segundo ele, a experiência foi marcada por desafios e aprendizados. "Em 1988, não havia um 'aplicativo' para fazer turnê na Europa; mesmo hoje, com toda a tecnologia, é preciso ir lá e aprender na prática. Assim como um médico não fica apenas lendo livros – ele vai ao hospital para fazer estágio –, no estúdio você precisa estar presente, enfrentar problemas, buscar soluções e aprender fazendo."
A presença da banda no cenário internacional ajudou a mudar a percepção sobre o Brasil. Em seus primeiros shows no exterior, o Sepultura mostrou uma realidade diferente da imagem romantizada do país. "O clipe de ‘Inner Self’ mostrava a cidade – a Paulista, o skate na pista de São Bernardo –, aspectos do cotidiano que demonstravam que o Brasil é feito de concreto, punk e até da brutalidade policial."
Confira o podcast aqui.
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