A canção bem humorada do Deep Purple que, no fundo, pode estar falando sobre depressão
Por Bruce William
Postado em 31 de março de 2025
Gravada em dezembro de 1971 e lançada no clássico Machine Head, a música "Lazy" se destaca pelo longo improviso instrumental e pela pegada blues-rock conduzida por Ritchie Blackmore e Jon Lord, que dizem ter sido "inspirada" em um blues instrumental chamado "Steppin" Out", lançado por Memphis Slim em 1959.
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A letra, por outro lado, é simples, repetitiva e até cômica, quase uma brincadeira que critica um sujeito preguiçoso ao extremo, que rejeita qualquer esforço na vida cotidiana. Logo nos primeiros versos, Ian Gillan canta: "You're lazy, just stay in bed / You don't want no money, you don't want no bread" ("Você é preguiçoso, apenas fique na cama / Você não quer dinheiro, você não quer pão"). A letra segue nesse tom debochado, sugerindo que nem mesmo as necessidades básicas são suficientes para motivar a pessoa descrita a sair da cama.
A canção nunca foi tratada pelo Deep Purple como algo além de um exercício de jam e humor, e é provável que tenha sido escrita com esse propósito. No entanto, em tempos mais recentes, muitos ouvintes passaram a perceber, mesmo que involuntariamente, uma camada mais sombria nos versos, especialmente ao observar frases como: "If you're drowning, you don't clutch no straw" ("Se você estiver se afogando, você não agarra nenhum galho") e "You don't make no effort, not like you should" ("Você não faz nenhum esforço, não como deveria").

Esses trechos, embora encaixados em um blues descontraído, podem soar como indícios de alguém que perdeu completamente o impulso de reagir à vida. É uma possível interpretação possível - mesmo que distante das intenções originais da banda - que reflete o quanto uma mesma canção pode adquirir novos significados com o tempo e com o olhar de gerações diferentes.
Vale reiterar que o Deep Purple nunca sugeriu que "Lazy" falasse sobre depressão ou temas semelhantes. A composição é creditada a todos os cinco integrantes da Mark II e foi, segundo todas as evidências, feita como um blues irreverente, moldado para improvisação ao vivo. Mesmo assim, é curioso notar como certos versos soam diferentes quando ouvidos sob outra perspectiva. Talvez seja apenas uma piada em forma de música. Ou talvez, sem querer, eles tenham tocado num tema muito mais profundo do que imaginavam.

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