As 3 Betes que ficaram marcadas na história do rock nacional dos anos oitenta
Por Bruce William
Postado em 17 de março de 2025
Nos anos 80, o rock brasileiro vivia um momento de intensa criatividade, com bandas explorando diferentes temáticas que iam desde o humor irreverente até críticas sociais explícitas. Nesse cenário de explosão cultural, um nome feminino curioso chamou atenção por aparecer simultaneamente em três músicas marcantes do período: Bete. Mas, apesar de compartilharem o mesmo nome, as três Betes criadas por Blitz, Barão Vermelho e Camisa de Vênus traziam histórias completamente distintas.
"Betty Frígida", da Blitz, lançou um olhar leve e descontraído sobre os dilemas da intimidade sexual. A canção retrata um diálogo bem-humorado entre os personagens Betty e Roni, em que Betty confessa insegurança com relação ao sexo, dizendo-se "frígida", enquanto Roni tenta tranquilizá-la com paciência e afeto. A música ficou tão popular que a expressão "Calma, Betty!" passou a ser usada para pedir calma em situações cotidianas, ultrapassando o universo musical e entrando definitivamente na cultura popular brasileira.

Com uma abordagem completamente diferente, "Bete Balanço" foi escrita por Cazuza e Frejat para o filme homônimo de Lael Rodrigues e lançada pelo Barão Vermelho no álbum "Maior Abandonado" (1984). Essa Bete era uma jovem aspirante a rockstar que enfrentava dilemas existenciais, refletindo não só os desafios da fama, mas também as próprias inquietações de Cazuza em relação ao futuro. Em um show de lançamento do filme, Débora Bloch, atriz que interpretou Bete, revelou que a personagem era, na verdade, um alter ego do próprio compositor, que em breve deixaria a banda para seguir carreira solo.

Muito mais sombria e provocadora é "Bete Morreu", do Camisa de Vênus. A canção, de inspiração claramente punk, apresenta uma narrativa crua e brutal: Bete, uma jovem bonita e popular, é sequestrada e assassinada após sofrer violência sexual. Marcelo Nova, vocalista e compositor, contou que escreveu a letra após ler uma notícia chocante em um jornal. "'Bete Morreu' na verdade é uma canção que escrevi no meio de uma dor de barriga. Fui para o banheiro, catei o jornal, e lá estava falando do assassinato de uma garota cujo corpo tinha sido encontrado por um chofer de caminhão. Saí de lá e meio que transcrevi aquilo. Então 'Bete Morreu' é apenas e tão somente uma canção de um cara muito jovem, que estava começando a escrever".

Mesmo com temáticas e abordagens tão distintas, essas três Betes têm algo em comum: são personagens emblemáticas que refletem diferentes facetas da sociedade brasileira da época. Seja na leveza divertida da Blitz, na busca existencial do Barão Vermelho ou na denúncia crua do Camisa de Vênus, essas Betes permaneceram na memória coletiva do rock nacional, representando de forma marcante o espírito dos anos oitenta.

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