A sincera opinião de um nativo indígena sobre "Run to the Hills" do Iron Maiden
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de março de 2025
Lançada em 1982 no álbum "The Number of the Beast", a música "Run to the Hills", do Iron Maiden, tornou-se um dos maiores hinos do heavy metal. Com uma melodia galopante e uma bateria explosiva, a canção retrata de maneira crítica a colonização das Américas, abordando o massacre dos povos indígenas sob a perspectiva tanto dos invasores europeus quanto dos nativos.
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A faixa impactou inúmeras pessoas ao longo dos anos, mas para Marty Moore, um indígena da Opaskwayak Cree Nation, no Canadá, a canção teve um significado ainda mais profundo. Em seu relato, escrito no livro "The Number of the Beast – Um Clássico do Iron Maiden", de Stjepan Juras, da editora Estética Torta, Marty conta como ouviu Iron Maiden pela primeira vez no internato onde estudava e como "Run to the Hills" bateu forte com sua identidade cultural.
"Run to the Hills" e os indígenas americanos
Em 1982, o irmão de Marty trouxe para casa uma fita cassete do Iron Maiden. Logo no primeiro contato, ele ficou fascinado: "A bateria, a guitarra e os vocais me fizeram roçar atrás de um piquê pirado. A bateria, uau – como aquilo me atingiu! Eu achei aquilo incrível."

No entanto, o que mais chamou sua atenção foi a arte do encarte do álbum, um detalhe que o fez ficar vários minutos analisando os detalhes enquanto ouvia as faixas. Mas a verdadeira conexão veio quando "Run to the Hills" começou a tocar.
"Minha música favorita chegou. Uau! Eu olhava para as caixas incríveis do som que tínhamos e ouvia enquanto minha mãe ouvia atentamente e lia. Quando a canção acabou, minha mãe foi até o rádio e o desligou."
A letra de "Run to the Hills"
A letra de "Run to the Hills" aborda a destruição causada pela colonização e o sofrimento dos povos nativos. Marty sentiu que essa música, apesar de ter sido escrita por uma banda britânica, captava uma parte essencial de sua história e identidade.

"Eu contei a minha mãe sobre minha cultura, minha história e meu passado. Ela compreendia, mesmo sem falar diretamente sobre isso. Nenhuma banda de heavy metal ou rock clássico havia sido tão especial para mim quanto o Iron Maiden." Aos poucos, sua mãe percebeu que aquela música fazia seu filho se sentir orgulhoso de suas origens e, em vez de proibir, passou a demonstrar interesse pela história por trás da canção.
Ao longo de sua adolescência, Marty frequentemente era questionado por outras pessoas, especialmente não-indígenas, sobre por que gostava tanto de Iron Maiden. Algumas diziam que as letras da banda eram negativas, mas para ele, "Run to the Hills" representava muito mais do que apenas uma canção sobre guerra. Era um símbolo de resistência e um reconhecimento musical da história indígena.

"Ela começou a se interessar pelo meu passado e notou que algo especial estava acontecendo. Minha mãe continuou a me perguntar por que aquela música era tão importante para mim. Eu não sabia exatamente como explicar. Mas ela observava minha reação ao ouvir a música. Ela notou que isso mexia muito comigo."
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