Steve Harris revela sua inspiração para a letra de "Run to the Hills" e seu baixo galopado
Por André Garcia
Postado em 16 de janeiro de 2025
Já estamos em 2025, mas até hoje muitos ainda acreditam que heavy metal é música de adoração ao demônio. Claro que há no metal aquelas bandas que usam sua música como veículo para promover o satanismo, principalmente nos anos 80 quando essa temática virou moda, mas o Iron Maiden é um dos nomes que jamais se deixou levar por esse clichê.
E, antes que venham falar de "The Number of the Beast", a letra está muito mais voltada para filmes de terror e autores como Poe e Lovecraft do que adoração ao tinhoso.
Quando adolescente, Steve Harris era fascinado por bandas como Black Sabbath pelo peso e Genesis pelo lirismo. Na escola, exatas nunca foi a praia dele, que sempre teve como matéria favorita história — matéria essa que, muitas vezes, se debruça sobre a eterna sucessão de conflitos do homem com o homem, por motivos dos mais diversos.
Ao longo da discografia do Iron Maiden o tema mais recorrente é o conflito: quer seja no passado, no presente ou no futuro; que seja entre anjos; que seja por homens das cavernas pelo domínio do fogo, quer seja entre povos originários e colonizadores, quer seja políticos gananciosos trocando mísseis nucleares por dinheiro, quer seja as forças do bem enfrentando as forças do mal... ou até mesmo o conflito interno de um indivíduo contra si mesmo, provocado pelo medo ou algo assim.
Uma das letras de Steve Harris que melhor representam o conflito de homem contra o homem é "Run to the Hills" — que fala sobre o período histórico em que, em diversos países diferentes, como Brasil e Estados Unidos, a população originária de uma terra foi dizimada pelo homem branco para roubar suas terras e suas riquezas.
Em entrevista de 2019 para a Rolling Stone Harris revelou que músicas como "Run to the Hills" foram, em muito, inspiradas pelos velhos filmes de faroeste (que já foi no passado um dos gêneros mais populares do cinema):
"Sempre fomos fascinados por filmes e livros de faroeste. Eu me interessava muito por essas coisas, mas nunca tinha ido aos Estados Unidos naquela época. Eu costumava ler muito livro de um autor [de romances de faroeste] chamado Louis L’Amour e me inspirei nisso. As primeiras linhas da letra foram definitivamente inspiradas pela leitura desses tipos de livros. Naquela época, você pegava o que podia dos filmes. Acabou que chegou uma hora que eu achava que toda a América era o Arizona: pessoas em meio a cactos e áreas áridas e essas coisas [risos]."
Em seguida, o entrevistador pergunta se o baixo galopado — a marca registrada de Steve Harris — também era inspirado em faroeste:
"Sim, acho que sim... mesmo que só subconscientemente. Quando você está tentando criar imagens [por meio de uma música], tenta criar um sentimento, um uma atmosfera. É a mesma coisa com 'The Trooper', em que eles [os soldados no campo de batalha] estão galopando em direção às mandíbulas da morte. Acho que as pessoas gostam quando você as leva em uma jornada para algum tipo de cenário imaginário."
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