O megahit do rock nacional feito por um argentino numa arena de touradas no México
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de maio de 2025
Em uma tarde quente de 1989, numa arena de touradas em Mexicali, no norte do México, o rock latino testemunhou o nascimento acidental de um de seus maiores hinos. "De Música Ligera", sucesso incontestável do grupo argentino Soda Stereo e considerada por muitos o maior megahit do rock cantado em espanhol, surgiu em uma passagem de som improvisada na Plaza de Toros Calafia — com o gravador DAT ligado e sem que ninguém ali soubesse da importância daquele momento.
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Anos mais tarde a música ganharia uma versão – chamada de "À Sua Maneira" – que ficou eternizada na voz de Dinho Ouro Preto com o Capital Inicial. Mas a história da versão será contada apenas no final do texto.
Três décadas depois, quem confirma a origem quase mágica da canção é Adrián Taverna, engenheiro de som e figura essencial na história do trio formado por Gustavo Cerati, Zeta Bosio e Charly Alberti. Em entrevista ao VNX Y Torres 23, Taverna relembrou com riqueza de detalhes a tarde em que a música tomou forma diante de seus olhos — e microfones.
"Foi um momento muito mágico que vivemos todos. Eu achava que tinha sido em Morelia, mas não, foi em Mexicali, na Plaza Calafia, uma praça de touros. Tenho essa lembrança muito viva ainda."
Na época, o Soda Stereo estava em um período fértil de criação, ensaiando ideias para o que viria a ser "Canción Animal" (1990), disco que consolidaria de vez a banda como referência continental. As passagens de som se tornaram terreno fértil para experimentações — e o equipamento digital, recém-adquirido, um aliado inesperado.
"Gravávamos todas as provas de som. A gente gostava muito de tocar durante esses testes. Era muita improvisação. Soava bem nos estádios. Estávamos armando o novo disco e improvisávamos muito. Eu gravava tudo", explica Taverna.
A fita com a primeira semente de "De Música Ligera" foi rotulada à mão e arquivada. Anos depois, o engenheiro afirma ter revisto o material. "Está rotulado, está guardado. Acho que vi essa gravação outro dia. A tampa do DAT está escrita à mão, e isso me fez lembrar daquela tarde."
Segundo ele, tudo começou com uma pergunta de Gustavo Cerati durante a passagem de som: "Gustavo me perguntou: ‘Você está gravando?’ — e eu estava, claro. Era uma época em que estávamos comprando equipamentos novos, tudo era novidade. Mas aquilo foi completamente espontâneo. Não era esperado que surgisse algo dali."
O momento criativo, que nasceu de uma jam session, rapidamente se transformou em algo maior. "Era uma espécie de zapada, uma improvisação sem forma definida. E, de repente, surgiu aquele riff... Todos se acoplaram. Saiu algo muito parecido com De Música Ligera."
Taverna admite que não pode afirmar com 100% de certeza que a versão improvisada registrada ali já era a canção final, mas reforça: "Era muito, muito parecida. Foi ali que ela nasceu."
A versão do Capital Inicial para "De Música Ligera"
Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, o vocalista Dinho Ouro Preto detalhou como nasceu a versão brasileira de "De Música Ligera", sucesso do Soda Stereo que se transformou em À Sua Maneira, um dos maiores hits do Capital Inicial.
Segundo Dinho, tudo aconteceu pouco depois do sucesso do "Acústico MTV", num período extremamente fértil para a banda. "A gente já tinha entrado no estúdio pra gravar o Rosas e Vinho Tinto. O disco estava praticamente pronto. Mas o Marcos Maynard, presidente da gravadora, pediu mais uma música. E eu relutei, achei que já estava bom", relembra.
Foi durante essa insistência que Dinho lembrou de uma música argentina que ouvira muitos anos antes, na casa de um amigo. "Eu tava na casa do Joe Fernandes, que dirigiu vários clipes nossos, e ele me mostrou o Soda Stereo. A música me marcou, e lembrei dela naquele momento."
A versão surgiu quase ao vivo, durante um ensaio. Sem conseguir adaptar fielmente o significado original da letra escrita por Gustavo Cerati, Dinho optou por outro caminho: "Tentei traduzir ao pé da letra, mas não funcionava. Então fui pelo som das palavras, uma tradução fonética, livre, sem me prender ao sentido original."
O resultado surpreendeu até a própria banda. "Foi uma coisa absolutamente despretensiosa. Quase feita em tempo real, no ensaio. E Kabum, explodiu. Hoje todo mundo canta essa música. Já foi regravada até por dupla sertaneja", disse, com humor.
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