Pete Townshend diz que nunca se preocupou com Roger Daltrey na hora de compor para The Who
Por Bruce William
Postado em 28 de junho de 2025
Nem sempre as músicas mais marcantes de uma banda nascem com ela em mente. No caso do The Who, algumas faixas clássicas surgiram de um impulso mais pessoal de Pete Townshend, e não exatamente para a voz de Roger Daltrey. Em entrevista para a Classic Rock, o guitarrista revelou que canções como "I'm A Boy", "Pictures Of Lily" e "Happy Jack" foram escritas inicialmente para ele próprio, sem considerar se seriam adequadas para o grupo.
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A escolha não foi um gesto de rebeldia ou de planos para uma carreira solo. Pete nega que tivesse essa intenção desde o começo. Mas ao mesmo tempo, admite que escrever para Daltrey nunca foi uma exigência da banda: "Roger não era um membro particularmente exigente. Ele estava muito no próprio mundo. E era, acima de tudo, um trabalhador". Segundo ele, Daltrey era o tipo de cara que dirigia a van da banda por sete horas até Blackpool, fazia o show, e depois voltava dirigindo por mais sete horas. "Ninguém sabia por que ele era tão comprometido, mas ele era", conta.
Se Daltrey não interferia no processo criativo, os desafios vinham de outros lugares. Townshend cita Keith Moon e John Entwistle como os integrantes mais difíceis nesse aspecto. Isso porque os gostos musicais dos dois eram extremos. John era fanático por Duane Eddy, guitarrista norte-americano, e desenvolveu seu estilo de baixo a partir disso. "Ele teria sido um ótimo guitarrista solo, mas acabou como baixista", comentou Pete. Apesar disso, reconhece que Entwistle sempre foi um grande apoiador de sua forma de tocar - "provavelmente sem merecimento naquela época", acrescenta com modéstia.

Keith Moon também destoava. Quando entrou para o grupo, era um fã declarado de Jan and Dean e dos Beach Boys. Pete admite que mal conseguia levá-lo a sério por isso. E diante dessas influências diversas e às vezes incompatíveis, o guitarrista procurava transformar a composição para o The Who em algo divertido, quase como um exercício lúdico, para manter o interesse.
Com isso, as composições seguiam caminhos curiosos. Algumas eram tão pessoais que pareciam destinadas a uma carreira solo que nem existia ainda. Outras surgiam da tentativa de equilibrar as diferentes forças dentro da banda. No fim das contas, o The Who se beneficiou dessa tensão criativa, com canções que nasciam da mistura entre o instinto individual e o caos coletivo.

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