A única banda punk que Ozzy Osbourne respeitava e até gostava, embora detestasse o vocalista
Por Bruce William
Postado em 27 de julho de 2025
Quando o punk rock começou a ganhar força no final dos anos 1970, Ozzy Osbourne já era uma figura estabelecida na música pesada. Com o Black Sabbath, havia ajudado a pavimentar o caminho do heavy metal, criando uma base de fãs sólida, ao mesmo tempo em que colecionava críticas negativas. Por isso, ele nunca enxergou o punk como algo que ameaçasse seu espaço. Pelo contrário: via o movimento mais como um reflexo tardio do que o Sabbath já havia feito anos antes.
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"Era como o punk: quanto mais nos odiavam, mais os fãs nos amavam", comentou Ozzy ao rebater críticas que o Sabbath recebia desde os primeiros anos. Em tom de deboche, ele ainda completou: "As pessoas que não entendiam diziam: 'É uma merda.' Mas eu tenho discos de platina por toda a minha parede. Não pode ter sido tão ruim assim!".
Essa posição ficou ainda mais clara em 1978, durante entrevistas de divulgação do disco "Never Say Die!". Na época, o vocalista reclamava não apenas da rejeição da crítica, mas também dos rótulos que vinham sendo impostos ao Black Sabbath. "Quase acabamos porque fomos rotulados como heavy metal. Não entendo isso. O que significa heavy metal? É como o movimento punk. Foi uma grande ideia - era barato de produzir, e fazia dinheiro fácil com as gravadoras. No final das contas, nem eles mesmos lembravam do que tinham lançado."

Ozzy dizia não gostar de ser rotulado. Rejeitava o termo "astro" e fazia questão de se definir apenas como "um vocalista de rock n' roll". Com o tempo, passou a desconfiar até dos elogios que lia nos jornais. "Só uma vez me deixei levar por isso. Não mais. Eu nunca esperei ser bem-sucedido como vocalista de rock."
Apesar da resistência ao punk, havia uma exceção. "O punk foi um desdobramento do Sabbath. Era anti-establishment. A única banda deles que eu gostava era o Sex Pistols; aquele único álbum foi ótimo, capturou algo." Mas mesmo ao elogiar o disco, Ozzy não resistiu à provocação ao vocalista da banda. "Só que Johnny Lydon, seja qual for o nome dele, deveria parar de falar e fazer mais música."

Em 1986, quando o Metallica abriu sua turnê nos EUA e levou o thrash metal para o grande público, Ozzy foi perguntado sobre as novas vertentes do som pesado. A resposta foi surpreendente. "Eu não julgo ninguém. Sempre acho que, se o pessoal curte, é porque alguma coisa boa tem. [Mas] eu não gosto de algumas coisas: thrash metal é intenso demais para mim, e o punk pior ainda. É disso que não gosto."
Para ele, tanto o punk quanto o thrash tinham energia, mas perdiam em substância ou, pelo menos, não ofereciam nada que o velho Sabbath já não tivesse feito melhor. Ozzy via essas vertentes como ecos distorcidos do que sua própria banda já havia iniciado anos antes, com mais peso, mais intenção e menos pose. Ele reconhecia que havia público para esses estilos, mas, pessoalmente, achava tudo barulhento demais e com pouco a dizer. No fim das contas, aquilo soava como algo reciclado, agressivo por obrigação e sem a densidade sombria que marcou os primeiros riffs de Tony Iommi.

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