Quando pisaram na bola com Axl Rose e a pancadaria tomou conta de boate paulistana
Por Bruce William
Postado em 27 de agosto de 2025
A passagem do Guns N' Roses pelo Brasil em 2010 não ficou marcada apenas pelos atrasos tradicionais de Axl Rose da época ou pelas apresentações em estádios. Nos bastidores, rolou um episódio caótico em São Paulo, envolvendo a boate Disco, que tinha Marcos Mion como sócio, e que até hoje gera relatos ligeiramente diferentes sobre o que realmente aconteceu, embora todos acabem convergindo para o mesmo desfecho.
Guns N' Roses - Mais Novidades

Segundo a versão mais conhecida, relembrada pelo DJ Felipe Solari em 2021 em entrevista ao podcast Falacadabra, o local havia preparado um pocket show exclusivo do Guns. Axl, então namorado da modelo e ex-VJ da MTV Ellen Jabour, teria sido convencido a fazer a apresentação, que seria para convidados. A expectativa era alta: Solari e André Vasco, responsáveis por discotecar na festa, receberam até instruções sobre o que tocar na entrada do vocalista: Elton John, segundo Ellen, agradaria.
Mas o esperado nunca aconteceu. O palco estava montado, músicos e roadies já haviam feito o trabalho, mas Axl não apareceu. As horas foram passando e a frustração cresceu. Para Solari, foi essa ausência que alimentou o clima de tensão e acabou em briga generalizada. "O pau comeu, virou gringo contra brazuca", contou. Ele disse ainda que, junto de Mion e Vasco, ficou apenas no empurra-empurra, enquanto a pancadaria tomava conta da boate, com gente do jiu-jitsu paulista entrando em confronto com os técnicos da banda.

Já o roadie brasileiro Sílvio "Bibica" Gomes, que trabalhava na produção da turnê, ofereceu uma versão mais crua e com outros detalhes durante participação no podcast do Heavy Metal On Line. Segundo ele, o convite para o show partiu dos organizadores da boate, e Axl aceitou, mas deixou claro que faria isso apenas sob uma condição: seria um "secret gig", sem qualquer divulgação prévia. "Ninguém vai falar o que tá rolando, não podia entrar mídia nem nada", explicou.
No entanto, o combinado foi quebrado quando a notícia saiu nos jornais. A reação de Axl foi imediata: cancelamento. "Ele falou: 'Não vou'", contou Bibica. Com Axl fora, restaram apenas técnicos e seguranças no local. Foi aí que, segundo o roadie, a coisa degringolou. "O segurança, o cara parecia um rinoceronte, gigante, tava lá. Aí chegou um monte de boy jiu-jiticeiro falando que ninguém ia sair dali porque o dono do negócio era da turminha do jiu-jitsu. O segurança meio que apavorou, 'Tô aqui pra proteger os caras', encarou os caras, e os caras montaram em cima dele, deram um couro nele", relatou. Ele ainda completou: "Amigaço meu, só que era um cara contra dezenove. O povo do jiu-jitsu machucou o cara, sacou?".

A situação foi tão tensa que no dia seguinte coube ao próprio Bibica voltar para retirar os equipamentos, mas ele só aceitou ir com proteção policial. "Fui com um cara da Polícia Civil. Ele me disse: 'Se alguém chegar perto eu vou sapecar tiro'. Eu falei: 'Beleza, só não acerta em mim'. Foi nesse nível. Sinistro mesmo."
Bibica ainda resumiu a situação com suas palavras: "O Axl é doido, mas é um cara que, se ele fechar algo com você ele faz. Mas ele é doido, de fato ele é doido! E os caras pisaram na bola, é o tal do protocolo, é isso que tem que fazer, vamos segurar a onda. Ia fazer a festinha dos boys lá, o Guns N' Roses ia tocar para trezentos milionários lá e ia ser tranquilão. Mas os caras não seguraram, o cara ficou no hotel, 'fuck off'"

Mais de uma década depois, o episódio permanece como uma das histórias mais folclóricas do Guns N' Roses no Brasil e um exemplo perfeito de como, quando se trata de Axl Rose, nem sempre há uma versão única dos fatos.
Guns N' Roses: a festa cancelada em São Paulo
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps