A música em que David Gilmour admitiu a insegurança de seguir sem Roger Waters
Por Bruce William
Postado em 30 de setembro de 2025
Lançado em setembro de 1987 no álbum "A Momentary Lapse of Reason", "Learning to Fly" marcou a retomada do Pink Floyd após a saída de Roger Waters. O título já era alvo de ironias por parte do ex-integrante, que chamou o disco de "um lapso momentâneo de razão". Mas para David Gilmour, a música tinha um peso muito maior: era o registro de sua ansiedade em assumir a liderança da banda sozinho.
Na época, o guitarrista estava tendo aulas de voo, e parte da letra nasceu de termos técnicos ouvidos durante as instruções. O letrista Anthony Moore ajudou a transformar essa linguagem de cabine em poesia, enquanto Bob Ezrin (produtor) e Jon Carin (tecladista) também assinaram a composição. "'Learning to Fly' é sobre me libertar e também sobre a mecânica real de aprender a voar um avião", contou Gilmour.


O paralelo com a vida da banda era inevitável. Após anos de conflitos e disputas de controle criativo, Waters deixou o grupo em 1985, convencido de que o Pink Floyd não sobreviveria sem ele. Gilmour, no entanto, decidiu provar o contrário. No documentário de 25 anos do grupo, ele reconheceu que tinha receio de "tocar o barco" sozinho, mas encontrou na metáfora do voo uma forma de expor essa insegurança. Trechos como "Uma alma sob tensão que está aprendendo a voar / aterrado pelas condições mas determinado a tentar" revelam claramente esse sentimento.

Curiosamente, tanto Gilmour quanto Nick Mason tinham medo de voar. Ainda assim, os dois tiraram licença de piloto, e a gravação do baterista em uma aula de voo foi usada na faixa. O videoclipe, dirigido por Storm Thorgerson, reforçou a ideia de liberdade e risco, mostrando um jovem que salta de um penhasco após colocar penas no braço. A produção foi um sucesso na MTV e rendeu ao grupo o VMA de Melhor Conceito em Vídeo.

Lançada como single, a canção alcançou o topo da parada da Billboard e se tornou um dos marcos da fase pós-Waters. Ao mesmo tempo, trouxe a confiança que Gilmour precisava para manter vivo o Pink Floyd. Como ele mesmo resumiu em 1992: "Nós estávamos, como Pink Floyd, aprendendo a voar novamente".
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