A banda "futuro do rock" que alugou triplex na cabeça de Dinho nos anos 1990
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de setembro de 2025
Nos anos 1990, Dinho Ouro Preto viveu um período turbulento, tanto artística quanto pessoalmente. Em 1993, o vocalista anunciou sua saída do Capital Inicial, acreditando que poderia construir uma carreira solo mais pesada. Ele fundou a banda Vertigo, cujo disco homônimo saiu em 1994, com forte influência de Alice in Chains. O próprio Dinho reconheceu depois que o trabalho foi um fiasco comercial. Paralelamente, mergulhou em um estilo de vida marcado por festas, drogas e experiências que quase lhe custaram a vida.
Em entrevista ao podcast Desculpincomodar, Dinho relembrou essa época, destacando a descoberta de novas sonoridades eletrônicas em clubes de São Paulo. Ao ouvir pela primeira vez grupos como Chemical Brothers, Underworld e, sobretudo, o Prodigy, o cantor teve uma epifania: "Quando eu ouço Prodigy pela primeira vez, falo: 'Caraca, que que é isso cara?' Dentro do House Club, foi como se fosse um fogo de artifício dentro do meu cérebro. Achei que era o futuro do rock".
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Empolgado, tentou misturar distorção de guitarras com programações eletrônicas, acreditando que essa seria a direção natural do gênero. Essa influência se refletiu em seu olhar artístico nos anos em que esteve fora do Capital, ainda que de maneira difusa e experimental. Ao mesmo tempo, Dinho abria as portas de seu apartamento na Avenida São Luís, em São Paulo, transformando-o em ponto de encontro de músicos, jornalistas, amigos e desconhecidos.

O clima, porém, estava longe de ser apenas de celebração. O próprio cantor já contou que a fase foi marcada por consumo excessivo de drogas, experiências com LSD e até um breve contato com heroína. Em um desses episódios, um desconhecido roubou US$ 20 mil de sua casa, e outro momento quase resultou em uma tragédia após ele se envolver com uma mulher portadora do vírus HIV - algo que descobriu somente mais tarde. "Foi a pior época da minha vida, é incrível eu ter sobrevivido", admitiu em depoimentos posteriores.
Enquanto isso, o Capital Inicial tentava seguir em frente sem o vocalista. O grupo recrutou Murilo Lima como substituto, mas sem gravadora e enfrentando uma crise criativa, acabou lançando apenas um disco em 1995. O retorno de Dinho, alguns anos depois, marcaria a reconstrução da banda e abriria caminho para a bem-sucedida retomada no início dos anos 2000.

A lembrança do impacto do Prodigy na mente de Dinho - "alugando um triplex" em sua cabeça, como ele mesmo ironizou - mostra como aquele período de excessos também foi de intensa experimentação estética. Mesmo que não tenha resultado em grandes sucessos comerciais, foi parte fundamental da trajetória que moldou o artista que o público reconhece até hoje.
Confira a entrevista completa abaixo.

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