Os 5 melhores álbuns do rock nacional, segundo jornalista André Barcinski
 Por Gustavo Maiato
Por Gustavo Maiato
Postado em 31 de outubro de 2025
O jornalista, escritor e crítico cultural André Barcinski é uma das vozes mais respeitadas da imprensa musical brasileira. Com uma carreira marcada por análises afiadas e uma paixão declarada pelo rock em suas múltiplas vertentes, Barcinski também é conhecido por seu olhar histórico e afetuoso sobre a música nacional. Em uma de suas "Dicas da Semana", o autor de "Barulho" revelou quais são, para ele, os cinco melhores discos do rock brasileiro dos anos 1980 - uma década que ele define como "o grande período de ouro do gênero no país".
 

Em tom descontraído, Barcinski contou que sua lista é pessoal e afetiva, e não uma tentativa de consenso crítico. "Não botei nada muito experimental, muito de vanguarda. Escolhi bandas conhecidas, do mainstream, que lançaram discos que eu ouvi lá atrás e continuo ouvindo até hoje", explicou. Curiosamente, todos os álbuns selecionados foram lançados entre 1985 e 1988, o que, segundo ele, "mostra como aquele momento foi uma explosão criativa para o rock brasileiro".
 
A seguir, conheça - com as palavras e reflexões de André Barcinski - os cinco discos que melhor representam o auge do rock nacional dos anos 80.
Psicoacústica – Ira! (1988)
O primeiro álbum da lista é uma escolha ousada: "Psicoacústica", quarto disco do Ira!, lançado em 1988. "Eu amo esse disco", confessa Barcinski. "Acho que é o trabalho mais ousado da carreira do Ira. Eles começaram com uma pegada mod, meio pós-punk, mas aqui incorporam elementos de música negra, experimentalismo, samplers e até diálogos de filmes."
 
O jornalista destaca a relação do vocalista Nasi com o hip-hop, algo que influenciou a textura sonora do disco. "Tem trechos de O Bandido da Luz Vermelha, do Rogério Sganzerla, e isso mostra como o "Psicoacústica" é um álbum que vai muito além do rock tradicional. É um trabalho ambicioso, com uma linguagem urbana e cinematográfica."
Para ele, faixas como "Pegue Essa Arma" e "Rubro Zorro" representam o auge criativo da banda. "É um disco que eu ouço até hoje e ainda me surpreende. É bonito, provocador e totalmente à frente do seu tempo. Uma obra-prima do Ira! e um dos álbuns mais importantes do rock brasileiro."
 
Viva! – Camisa de Vênus (1986)
Em segundo lugar, Barcinski escolheu um disco ao vivo - algo raro em listas do gênero. "Viva!", lançado em julho de 1986, registra a energia bruta do Camisa de Vênus, banda baiana liderada por Marcelo Nova.
"Eu me lembro de comprar esse disco e ouvir repetidamente. Na época eu ainda não tinha visto o Camisa ao vivo, e o Viva! foi a minha primeira experiência com a força da banda", contou. Gravado em Santos, o álbum é, segundo ele, "um documento muito forte de como eram os shows do Camisa: pesados, participativos, com o público gritando o tempo inteiro".
Para Barcinski, o "Viva!" é "o registro definitivo" do grupo. "Eu adoro os discos de estúdio do Camisa e do Marcelo, mas esse álbum ao vivo capta o espírito anárquico, debochado e provocador da banda. É uma fotografia perfeita do rock brasileiro mais sujo, direto e sincero dos anos 80."
 
Legião Urbana – Legião Urbana (1985)
O disco de estreia da Legião Urbana, lançado em 1985, é o terceiro colocado na lista. "Sempre gostei muito da Legião, especialmente do começo da carreira. O primeiro e o segundo discos são os meus preferidos, mas o primeiro tem uma pegada pós-punk mais forte, muito ligada ao som da época", disse Barcinski.
Produzido por José Emilio Rondeau, o álbum traz clássicos como "Será", "Geração Coca-Cola" e "Ainda É Cedo". Para o jornalista, o trabalho traduz "a modernidade daquele momento", em sintonia com bandas como The Cure, Joy Division e New Order.
"O disco tem uma produção espartana, direta, e um espírito de urgência. A capa em preto e branco, feita pelo fotógrafo Maurício Valladares, reforça aquele visual europeu, melancólico, típico do pós-punk. É um disco de estreia perfeito - cru, autêntico e totalmente conectado com o que o mundo ouvia em 1985."
 
O Concreto Já Rachou – Plebe Rude (1986)
Outra banda de Brasília aparece em seguida: a Plebe Rude, com o clássico "O Concreto Já Rachou". Lançado em 1986, o disco é, nas palavras de Barcinski, "um retrato da energia do punk e do pós-punk brasileiro em sua forma mais politizada".
"Esse é um disco que eu ouço até hoje com muito prazer. Tem músicas como 'Até Quando Esperar' e 'Proteção', que os fãs da Plebe ainda cantam em coro nos shows", afirmou. Para ele, o álbum tem "uma pegada mais punk que o primeiro da Legião, mas ainda dentro daquela atmosfera post-punk dos anos 80, com letras sociais e um senso de urgência que era muito forte naquela época".
 
Barcinski lembrou também da importância da longevidade da banda. "A Plebe ganhou uma nova vida depois da entrada do Clemente, há uns 20 anos. Continua lotando casas com shows comemorativos dos 40 anos de carreira. É impressionante a vitalidade desse disco e dessa história."
O jornalista recordou ainda sua experiência ao ver a banda ao vivo: "Eu vi a Plebe no Rio e fiquei impressionado com a força da performance. Era uma banda com o espírito do The Clash e o senso melódico do The Police, mas com um sotaque totalmente brasileiro. Esse LP me marcou demais."
Violeta de Outono – Violeta de Outono (1987)
Fechando a lista, Barcinski escolheu um disco menos conhecido do grande público, mas reverenciado por fãs e músicos: o álbum de estreia da banda paulistana Violeta de Outono, lançado em 1987.
 
"É um disco muito marcante. Eu me lembro de ouvir pela primeira vez e ficar impactado pela beleza das músicas. Eles chegaram a gravar uma versão de 'Tomorrow Never Knows', dos Beatles, mas o mais interessante é o som próprio - um pós-punk psicodélico, meio lisérgico, que não existia no Brasil", contou.
O jornalista faz uma comparação precisa: "Na época, associei muito o Violeta ao Echo & The Bunnymen. Eles tinham a mesma psicodelia elegante e introspectiva, com guitarras cheias de textura e uma aura etérea. O Fábio Golfetti é um guitarrista e vocalista sensacional."
Barcinski destacou ainda o reencontro com a banda décadas depois: "Recentemente, tivemos o Violeta de Outono tocando no Massari Fest, o festival que organizei com o Fábio Massari. Quarenta anos depois, as músicas continuam lindas e funcionam perfeitamente. É um disco que envelheceu bem e continua atual. Um verdadeiro clássico."
 
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