Geddy Lee elege o álbum ideal do Rush para quem não conhece a banda
Por Bruce William
Postado em 12 de outubro de 2025
Tem fã que esconde a banda do coração e tem fã que faz campanha pra todo mundo ouvir. Com o Rush, a conversa costuma ser do segundo tipo: pergunta qual disco mostra "quem é" a banda e o olho do admirador já brilha.
Foi exatamente essa a pergunta feita a Geddy Lee durante a turnê de "My Effin' Life." Antes de responder, ele respirou fundo e fez um aviso aos recém-chegados: "Oh, Deus... Sabe, o Rush é tão um gosto adquirido [com o passar do tempo], e tem coisas na nossa banda que são meio... grosseiras, é preciso se acostumar. Tem gente que não curte muito a minha voz, por exemplo, como menciono no livro."


A partir daí, veio a indicação - meio óbvia, diga-se de passagem: "Eu diria que se você for apresentar alguém ao Rush, provavelmente 'Moving Pictures' seria a porta de entrada mais fácil." Lançado em 1981, o álbum condensou o lado mais melódico e direto do trio, mantendo a complexidade de arranjos. O lado A, em vinil, é didático para quem chega: "Tom Sawyer", "Red Barchetta", "YYZ" e "Limelight".

Curiosamente, a música que mais estica a corda do disco virou um capítulo à parte na cabeça do próprio Geddy. Por anos, ele resistiu a tocá-la ao vivo. Em 2015, falando do set da turnê R40, ele explicou por que "The Camera Eye" demorou a voltar ao palco: "Há alguns anos, ressuscitamos 'The Camera Eye'. Eu nunca quis tocar essa música, nunca achei que valesse a pena. Mesmo assim, era uma das músicas do Rush mais pedidas. Eu não conseguia entender! Como as pessoas podiam estar tão erradas? Percebi que subestimei o momento na época - o contexto daquele momento. Quando começamos a tocar 'The Camera Eye', pensei: 'Tem muitos momentos pretensiosos nesta música'. Ela não envelheceu bem."

A reaproximação veio quando ele voltou aos teclados e redesenhou a execução: "Mas aí comecei a reaprender as partes de teclado, e montar uma versão um pouco diferente - em vez de 11 minutos, ficou com 9 minutos e meio. Enquanto a tocava, me apaixonei por ela de novo. E é aí que fica muito subjetivo, nada objetivo. Consegui parar de dizer que era uma música pretensiosa e simplesmente curti tocar. Lembrei por que a música foi gravada em primeiro lugar: gostei da progressão de acordes e das melodias vocais."
O ponto final dessa volta de chave diz muito sobre memória e repertório: "Você pode voltar àquela época e apreciar o que estava tentando fazer. Essa música marcou um ponto de sua vida, e os fãs querem reviver aquele ponto em sua vida, e você pode se divertir tocando. Eu realmente curto demais essa música agora."

Fato é que "Moving Pictures" segue como resposta segura para quem quer entender o trio em uma tacada só - acessível sem perder substância. E, dentro dele, "The Camera Eye" cumpre o papel de ponte para a faceta mais longa e detalhista do Rush: é a quinta faixa do álbum (primeira do lado B no vinil), tem quase 11 minutos divididos em duas partes ("New York" e "London") e é a única com participação especial de Hugh Syme nos sintetizadores.

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