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Demon: Três décadas de uma das mais injustiçadas bandas da NWOBHM

Por Carlos Garcia
Fonte: Road to Metal
Postado em 16 de setembro de 2014

O Demon é uma daquelas bandas que deveria ter um reconhecimento muito maior, sendo uma das formações mais cultuadas e queridas daquela época áurea do início dos anos 80, onde, mais precisamente na Inglaterra, tivemos o nascimento do movimento que ficou conhecido como a "New Wave Of British Heavy Metal", em que bandas como Iron Maiden, Saxon, Def Leppard e Motorhead, foram algumas das mais bem sucedidas, ultrapassando barreiras e atingindo um público mais amplo, seguidas de outras, que se não alçaram o mesmo sucesso comercial, de forma alguma pode-se dizer que não tenham uma grande importância na história, ocupando um lugar de destaque nos corações Headbangers.

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Seguindo esse pensamento, podemos citar DIAMOND HEAD, SAMSON, RAVEN, TYGERS OF PAN TANG, ANGEL WITCH, e, claro, o DEMON. Desde o início, com dois álbuns muito bons e repletos de clássicos, o Demon, além da música, também chamava atenção pelo visual das capas, as performances ao vivo e até o próprio nome, que dava uma ideia de algo místico e sobrenatural. Mas a banda não se restringiu à fórmula desses primeiros anos, sempre acrescentando coisas novas ao seu Hard/Heavy repleto de riffs e refrãos memoráveis.

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Mas o certo é que o seu forte, e a preferência dos fãs, é aquela base sonora desses primeiros álbuns, e, agora, ainda em plena divulgação de seu mais recente álbum, "Unbroken" (2013), isso se comprova, pois o disco, que está sendo aclamado como um dos melhores lançamentos da banda no últimos 20 anos, traz de volta muitos daqueles elementos, ressaltando também que desde seu retorno em 1998, vem lançando bons álbuns.

Chega de papo e vamos ao que interessa, conversamos com Dave Hill, vocalista e fundador da banda, durante uma pausa entre os compromissos do Demon no perído de festivais de verão na Europa para falar sobre "Unbroken" e um pouco de história!

RtM: Para começar, gostaria que você comentasse o título e capa do novo álbum, "Unbroken", onde o logotipo da banda aparece cercado por correntes.

Dave Hill: Simboliza, que depois de 30 anos, a banda ainda continua intacta, continua forte!!

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RtM: O "Demon" sempre apresentou diferenças, elementos novos a cada álbum, como o Hard/Heavy de "Night of the Demon", o progressivo e conceitual "The Plague". Eu acho que nestes dois últimos álbuns, a banda tem muito dos elementos que mais agradam seus fãs, o que significa riffs e refrões fortes, aquele Hard/Heavy, os climas do teclado e as letras (a abertura com "Prey" lembrou-me de canções como "Dont ' Break The Circle", inclusive por causa da intro), letras que se deslocam entre a realidade e a ficção. Você concorda?

DH: Sentimos que "Unbroken" traz de volta os grandes hinos do rock clássico, letras mais comerciais e memoráveis rffs ​​Heavy Rock.

RtM: "Unbroken" tem sido muito bem recebido, com muitos comentários positivos! Você está satisfeito com os resultados e comentários até agora?

DH: "Unbroken" foi recebido com ótimas críticas em todos os países em que foi lançado até agora. E até mesmo em algumas resenhas disseram que é o melhor álbum da banda em 20 anos!

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RtM: "Fill Your Head With Rock" e "Still Believe" falam sobre o estilo de música que amamos, a "Fill Your Head...", você fala sobre o Sweden Rock, onde a banda se apresentou novamente este ano, enquanto "Still Believe" parece até autobiográfica! Você poderia falar um pouco mais sobre essas duas músicas?

DH: "Fill Your Head With Rock" é a história dos dias que passamos no Sweden Rock, que é talvez um dos maiores festivais de rock clássico que já toquei, e por isso escrevi sobre a nossa experiência. Eu acho que "Still Believe" é sobre ainda acreditar, depois de 30 anos com uma banda, que o rock clássico é uma das grandes formas de arte musicais e que se torna mais forte a cada ano.

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RtM: A banda sofreu novas mudanças na formação durante as gravações do álbum, mas vem mantendo um núcleo, e parece que essas mudanças não tem sido prejudiciais.

DH: Ao longo dos anos o Demon teve muitas mudanças, mas eu sempre gostei de trabalhar com outras pessoas, e juntas, as minhas ideias e as deles, desenvolvem-se em novas idéias para a banda, e eu sinto , por experiência própria, que temos conseguido isso.

RtM: Continuando, eu gostaria de falar também sobre Andy Dale, que dedicou vários anos de "Demon", e deixou a banda há pouco tempo e, claro, sobre David Cotterill, que está na banda desde 2007.

DH: Andy já trabalhou com a gente tanto diretamente, como indiretamente, ao longo dos últimos 20 anos, mas, recentemente, por causa de seus negócios e compromissos familiares, ele foi incapaz de continuar com a gente. Dave Cotterill tem estado conosco nos últimos 6 anos, e é um guitarrista excelente e uma parte muito importante do som do Demon.

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RtM: Voltando um pouco ao passado, o álbum do Demon que mais ouvi foi "Unexpected Guest" e sempre quis perguntar-lhe sobre a foto da capa do álbum, e também de falar um pouco mais sobre minhas canções favoritas do álbum, "Don't Break The Circle ", que é um clássico! e "Have You Been Here Before", a qual, para mim, deve estar sempre em seu set list nos shows! heheh!

DH: A capa é, na verdade, o torso de um homem musculoso, mas há uma imagem holográfica que surge como uma cara. "Don't Break The Circle" tornou-se um hino do Demon e está incluído em todos os Live Shows, e a faixa foi "coverizada" e gravada pelo Blind Guardian, fato que, estou certo, ajudou a espalhar a popularidade da música em todo o mundo, e "Have You Been...", é uma música que apresentamos regularmente ao longo do tempo em nossos shows ao vivo.

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RtM: Após a morte de Mal Spooner, em 1984, muitos acreditavam que a banda poderia encerrar as atividades, a banda lançou "Heart of Our Time" (85), que teve críticas negativas, não sendo bem recebido. Certamente a perda de Mal Spooner afetou a banda. Fale sobre esse período complicado, a perda de Mal, e sobre este álbum. Lembrando que depois de tudo isso vocês lançaram dois ótimos álbuns, que receberam ótimas críticas, "Breakout" e "Taking the World By Storm".

DH: Após a triste perda de um grande amigo e co-escritor musical, a banda levou algum tempo para retomarmos o caminho e agir em conjunto novamente, mas em "Breakout", começamos a voltar ao ponto em que Mal e eu gostaríamos de estar. E em respeito a todo o esforço de Mal pela banda, seguimos em frente, como ele teria desejado.

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RtM: Em 1992, a banda encerrou suas atividades, tornando-se um longo período fora da cena. Conte-nos sobre as razões dessa parada, e o que você fez durante o período em que a banda estava "adormecida", além, é claro, do seu álbum solo?

DH: Em 1992, decidimos fazer uma pausa de tocar e gravar como Demon, isso não foi um rompimento da banda, precisávamos de um tempo para se dedicar a outros projetos. Pode-se dizer que foi um merecido descanso.

RtM: Em 2001, a banda retornou com o excelente "Spaced Out Monkey", que trouxe uma roupagem mais moderna, gostaria que você falasse um pouco do retorno, o que te motivou a voltar com a banda, e fale um pouco sobre o referido álbum.

DH: Nós voltamos em 1998, para tocar algumas datas ao vivo na Europa, e começamos a escrever novo material, para, eventualmente, entrarmos em estúdio, e gravou "Spaced Out Monkey". A ideia era fazer um álbum de sonoridade mais moderna, coisa que o Demon sempre fez ao longo do tempo, e eu tenho muito orgulho desse álbum.

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RtM: E a cena atual do Heavy Metal? Como você vê isso? Muito se fala que ícones como Judas Priest, Iron Maiden, Purple, Ozzy e outros bandas/artistas tradicionais, estão ficando velhos, e pode ser que não exista uma nova geração capaz de substituí-los na cena Heavy Metal, e conseguir conquistar o que eles conquistaram. O que você acha? Há muitas e muitas bandas novas, mas...

DH: Eu acho que as fundações que foram estabelecidas por essas bandas, inspiraram e vão inspirar uma nova geração de bandas de Rock, que estou certo de que envolverão e carregarão a tocha do Classic Rock para o futuro e espero vivam para manter o grande padrão estabelecido por aquelas Bandas, incluindo-se aí o Demon.

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RtM: Bem, Dave, obrigado pelo seu tempo, por esta entrevista, pela música, aqui no Road to Metal temos grandes fãs da banda, e é um prazer estar fazendo esta entrevista, espero um dia conhecê-lo pessoalmente! Eu preciso que você autografe os meus álbuns do Demon!

DH: Só quero dizer que eu sinto muito essa entrevista não ter sido feita antes, mas obrigado Carlos por dedicar seu tempo e ser um fã de nossa música, espero que nos encontremos em algum momento no futuro, e eu gostaria de desejar tudo de bom aos nossos fãs no Brasil e América do Sul.

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Sobre Carlos Garcia

Antes de tudo sou um colecionador, que começou a cair de cabeça no Metal e Classic Rock quando o Kiss esteve no Brasil em 1983, a partir daí não parei mais. Criei fanzines, como o Zine Barulho, além de colaborar com outros zines e depois web zines e sites, como os saudosos Metal Attack e All the Bangers. Atualmente sou um dos editores e redator do Road to Metal. O melhor de tudo são as amizades que fazemos, além do contato e até amizade com alguns de nossos heróis.
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