Kappa Crucis: Honrando as raízes do bom Heavy Rock
Por Vicente Reckziegel
Fonte: Witheverytearadream
Postado em 12 de setembro de 2014
O Kappa Crucis é daquelas bandas que surgem, de tempos em tempos, para nos lembrar de como nosso cenário musical ainda é importante, e até mesmo impactante às vezes, e isso faz toda a diferença. F. Dória (bateria, vocal de harmonia), G. Fischer (guitarra, vocal principal), R. Tramontin (baixo, vocal de apoio) e A. Stefanovitch (teclados, vocal de apoio) fizeram um trabalho primoroso no disco "Rocks" e, para falar sobre esse álbum e também sobre toda a carreira do grupo que realizei esta entrevista com o compositor Fábio Dória. Confiram que vale a pena...
Vicente - O Kappa Crucis já soma mais de duas décadas de estrada. Qual a avaliação que fazem da trajetória da banda até o presente momento?
Fábio Dória - Salve! A avaliação que posso fazer é que cumprimos bem até agora nossos propósitos, mantendo a banda em atividade por um longo tempo e acima de tudo com nossa integridade conservada. Aprendemos muito, gravamos nossas composições, lançamos discos, fizemos shows e as pessoas conhecem nosso trabalho. Tudo isso é gratificante.
Vicente - De quem foi a ideia de batizar a banda com este nome? E existe alguma razão especial para Kappa Crucis?
Fábio - A ideia inicial partiu de Luiz Pienta, um grande irmão da banda e primeiro vocalista ainda da época das demos. Desenvolvemos a ideia e percebemos que teria um grande sentido no conceito da banda. Kappa Crucis é um aglomerado de estrelas que para se fazer ver (e ouvir, no nosso caso), é necessário o interesse subjetivo. Ele está lá, mas assim como no bom rock e em outras formas de boa arte, há a necessidade do interesse, do garimpo e da pesquisa. Tem mais que envolve o conceito, mas resumidamente é isso...
Vicente - A banda soltou em 2009 seu primeiro disco, "Jewel Box". Após todo esse tempo, como vocês vêem o resultado deste álbum? Conseguiram alcançar o que esperavam com ele?
Fábio - O resultado é que após darmos nossa cara à tapa, pudemos avaliar que estávamos no caminho certo.
Vicente - E em 2014 surgiu "Rocks". Como foi a gravação e composição das músicas deste disco?
Fábio - Compus as estruturas básicas iniciais de melodias vocais e riffs de algumas músicas, além de já ter algo em mente no quesito arranjos. Após, mostrei ao Gérson e ele colocou sua forma de tocar guitarra e de cantar, além de ajudar a desenvolver arranjos. Com isso acrescentei a bateria. Da mesma maneira ele fez outras músicas e mostrou para que eu colocasse a bateria em suas composições, e trabalhar em conjunto nos arranjos novamente. Com tudo isso adiantado, passamos ao Alex e começamos a ensaiar com os teclados que ele colocou nas músicas, já criando uma estrutura final. Após, o Ricardo acrescentou seu baixo nas composições. Para cada um que ia entrando no processo, desenvolvíamos os vocais de harmonia, apoio, etc. De maneira geral foi assim, com algumas exceções e, claro, opiniões de todos.
Vicente - E a reação dos fãs e da mídia especializada, foi a esperada por vocês?
Fábio - A reação está sendo melhor do que o esperado. É muito gratificante perceber que agradamos as pessoas, mexendo com suas emoções através das nossas, que são transmitidas através das músicas e do trabalho como um todo. E tem sido muito interessante ler e constatar a opinião da imprensa, as palavras com que resenham nosso trabalho e a forma positiva como ele tem sido recebido.
Vicente - Difícil citar apenas alguns destaques no álbum, visto que é daqueles discos que devem ser ouvidos por inteiro, mas algumas das músicas que mais chamam atenção em "Rocks" são "Mecathronic", "Invisible Man" e "Between Night and Day", obras de beleza impar. Fale-nos um pouco sobre estas músicas em particular?
Fábio - Agradeço de coração suas palavras. Elas nos incentivam em continuar nossa jornada e de certa forma nos recompensam pelo nosso esforço. "Mecathronic" fala em sua letra da relação homem/máquina e procuramos dar uma dinâmica na música que represente o domínio inicial do homem que ao final foi dominado. "Between Night And Day" é o drama em se viver em parte como a maioria aprova e em parte como você realmente é. Procuramos representar esse drama na música também. "Invisible Man" retrata em sua letra o fato da pessoa ser invisível em meio a tantos e poder ser vista na melodia, na poesia ou mesmo no silêncio. A música fala por si.
Vicente - Apesar de citar como influências o Southern/Classic/Prog Rock, a verdade é que a música do Kappa Crucis não tem uma definição, pois engloba múltiplas sonoridades, tornando-se assim algo único. Foi difícil chegar nesse estágio?
Fábio - Sua observação nos deixa lisonjeados. Ser reconhecido como algo autêntico é uma realização muito intensa para uma banda, seus membros, um artista, etc. Na verdade, sempre nos esforçarmos muito nos trabalhos da banda, mas a sonoridade é uma questão muito natural para nós. Não forçamos nada e apenas desenvolvemos nossa ideias, inserindo algo aqui e ali até ter a marca da banda. Não há uma fórmula de música pré-pronta.
Vicente - Quais os planos futuros do Kappa Crucis?
Fábio - Continuar fazendo o que gostamos e honrando as raízes e a integridade da banda e do bom rock.
Vicente - Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:
Uriah Heep: Viajante e mágico
Deep Purple: Intenso
Rush: Personalidade plena
Ghost: Algo planejado
Led Zeppelin: Ousado e inteligente
Vicente - Uma mensagem para os fãs e amigos que curtem o trabalho do Kappa Crucis e para aqueles que gostariam de conhecer melhor seu som e apostam no Rock feito em nosso país.
Fábio - Caros amigos e fãs. Temos muito orgulho em perceber que vocês nos apoiam, entendem e se emocionam com nosso trabalho. Afinal, o sentimento fundamental para nós. Queremos convidar quem não conhece nossa obra a entrar nessa jornada conosco. Por fim, é fundamental o apoio aos trabalhos das bandas autorais de nosso país, para que o ciclo continue e o bom rock continue dando frutos. A banda Kappa Crucis continua vivendo e celebrando ao verdadeiro e clássico heavy rock! Abraço a todos.
Mais informações:
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