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Sleeping Awake: vocalista relembra carreira e comenta lançamento

Por Leonardo M. Brauna
Fonte: Sleeping Awake
Postado em 13 de setembro de 2013

AURÉLIO FONTELES, uma das maiores vozes do Metal cearense por muito tempo percorreu os palcos do Nordeste ao lado da Darkside, no ano 2000 o roqueiro veterano "abandona" a sua carreira, mas é "intimado" em 2005 pelo seu antigo companheiro, o baterista Eduardo ‘DUDU’ FIUZA, a retornar às atividades. O resultado do reencontro foi a criação da banda SLEEPING AWAKE. Banda que já conquistou o cenário local com apenas um lançamento e que o Brasil passou a conhecer através de ótimas notas na imprensa. Confira a conversa que tive com o vocalista que abriu o baú e ainda contou detalhes da produção do novo álbum do grupo!

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FOTOS: arquivo pessoal

Como foi o seu contato inicial com a música pesada e quais foram os primeiros álbuns que você ouviu?

Aurélio Fonteles: Cresci na década de 70 escutando rádio. Nessa época as músicas tinham um "q" de progressividade e Rock. Havia na TV, um programa aos sábados, o ‘Rock in Concert’, eu acho que era esse o nome (N.R.: Aurélio se refere ao programa ‘Rock Concert’ exibido pela ‘Rede Globo’ entre os anos de 1977 e 1978 que foi apresentado pelo cantor ‘Gileno, ou ‘Leno’, como era conhecido), que passava show de bandas de Rock internacionais. Aí veio o Rock in Rio de 1985 e eu fui formalmente apresentado ao ‘Heavy Metal’. Nesse ano, eu fui saber que tinham dois colegas de classe que já curtiam Metal, mas que não eram do meio. Então eles me deram dicas de quais discos eu deveria comprar para, a parir daí, eu seguir meu caminho. Meu primeiro LP de Metal foi o ‘Powerslave’ (Iron Maiden). Em seguida comprei um mais progressivo, o ‘Slide it In’ (Whitesnake), depois comprei o ‘Love at First Sting’ (Scorpions), depois ‘Crusader’ (Saxon). Em meados de 1985 esses colegas de sala, me apresentaram ao Metallica ‘Kill ‘em All’. Era uma gravação do Oliver Hellfire, de João Pessoa (eu acho). A partir daí virei fã do ‘Heavy/Thrash Metal’. Minhas aquisições a seguir foram nessa linha.

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Você faz parte da primeira gama de grandes vocalistas que o ‘Heavy Metal’ de Fortaleza teve. Quais foram as suas principais influências naquele comecinho de carreira?

Aurélio: No final dos anos oitenta, comecinho dos noventa eu era um sofrível guitarrista. Escutava muito ‘Joe Satriani’. Aí num belo dia eu fui ver ‘Marillion’ e ‘Bon Jovi’ no ‘Hollywood Rock’, no Rio e me encantei com a destreza do Ritchie Sambora. Ao chegar a Fortaleza, fui ao centro da cidade e comprei pedestal e microfone. Havia decidido que a partir dalí eu seria guitarrista e vocalista na minha banda , o ‘Abraxas’. Não vingou. Fui convidado para outra banda, o ‘Alucinógeno’, também não deu certo. Fui fazer um teste na até então, nova banda do Tales Groo e também o "Aurélio guitarrista e vocalista" não deu certo. Resultado: deixei de lado a guitarra e me concentrei "apenas" no vocal. Nessa época e até hoje, minhas principais influências como vocalista foram ‘Plant’, ‘Gillan’ e ‘Bruce Dickinson’. Não posso esquecer de mencionar minhas influências locais, Ribamar (N.R.: saudoso vocalista da Revenger ) e Sílvio Cesar, do Beowulf.

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Como você vê a projeção da Darkside hoje no cenário nacional já que você foi membro fundador dessa banda?

Aurélio: Eu vejo com muita felicidade e orgulho. É como se eu ainda fizesse parte ativamente da banda. A Darkside merece muito mais. Foram tempos difíceis aqueles no começo da banda. Tenho certeza que todo esse trabalho será recompensado!!!

Ainda sobre a Darkside, as demos ‘Fragments of Times’ (1991), ‘Gates to Madness’ (1993) e ‘Blessed by the Dark’ (1996) são registros com as suas contribuições, mas alguns anos depois você sai da banda retornando no ano 2000 para a remasterização dessa última demo. Após isso você se despede definitivamente dos colegas. O que o levou a essa decisão?

Aurélio: Nem houve uma despedida formal. Foi descontinuado. Como eu disse, aqueles anos noventa foram bem difíceis para a Darkside. A banda passou por um "cem número" de troca de componentes. Não havia muita sequência com os membros. A muito custo e muita raça e determinação do incansável Tales, a banda conseguiu fazer esses três registros. E pra culminar, em 1996, o ‘Boi’ (guitarrista na época), foi embora pra São Paulo. Houve uma tentativa de manter a banda ativa, mas não rolou. Nesse momento o Tales cria a ‘Heritage’. Eu saí de cena do Metal. Um belo dia, num show da Heritage, não lembro o ano, numa Barraca na Praia do Futuro, o Tales me convida para eu cantar ‘Spiral Zone’. Pronto. Fui atiçado! Voltamos com a banda. Para a volta da Darkside no ano 2000, a idéia era entrar em estúdio logo depois do relançamento de ‘Blessed By The Dark’ em CD. Tivemos problemas, inicialmente com o baterista: O cara simplesmente sumiu no show de reestreia! Só pudemos tocar porque contamos com a participação do Paulo André, Rodrigo Magnani (que entraria na banda mais tarde) e principalmente do Eduardo "Dudu" Fiuza, que continuou tocando em mais alguns shows. Começamos a gravar o CD ‘Eclipsed Soul’. A coisa não estava bem. Não funcionava direito... culminando que a gravação não ficou boa e o projeto do lançamento foi abortado. Após isso perdemos o contato e houve a descontinuidade do "Aurélio" como vocalista da DarkSide. É bom que se registre que em tempo algum a coisa ficou conturbada a ponto de haver qualquer tipo de animosidade entre os membros.

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Me orgulho em dizer que possuo as gravações desse "projeto abortado" que certamente, apesar do não lançamento, representa um registro histórico para a Darkside. Bem, no dia 28 de abril você subiu no palco com os antigos companheiros para a execução de ‘Fragments of Time’. Você já tinha participado de outras apresentações já fora da banda?

Aurélio: Já. Eu acho que sempre que eu vou ao show da DarkSide, o Tales me convida pra cantar. Já cantei com o Daniel Monge, Alex Eyras (antigos vocalistas) e com o Marcelo Falcão.

Em 2006, você, outro ex-Darkside, ‘Dudu’ Fiuza (bateria), Arthur Medeiros (guitarra) e posteriormente, Gustavo Sikora (baixo) começaram a ensaiar. Estava formada a banda SLEEPING AWAKE, em 2007, André Gadelha (teclados) se junta ao grupo. Fale como surgiu essa idéia.

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Aurélio: Em 2005, após um show do Dream Theater, em São Paulo saí com a certeza de que precisaria voltar a atuar. Eduardo Fiuza estava junto e sentiu o mesmo. De volta à Fortaleza foi cada um pro seu lado. Fiz audições em três bandas, duas de Prog e uma mais Hard Rock. Então, numa noite dessas que todo mundo se encontra sem marcar, o Dudu me disse que estava ensaiando e compondo umas coisas junto com o Arthur Medeiros e ‘sentencia’ que eu seria o vocalista deste, até então, projeto. Aceitei de imediato e declinei dos convites das bandas de Prog. Do convite ao primeiro ensaio houve um hiato. Cheguei a pensar que o projeto seguiria sem mim até que a data do primeiro ensaio comigo foi marcado. A coisa foi indo e as espinhas dorsais das musicas foram se formando e já era sentida a necessidade de completar a banda. Nessa época ensaiávamos num estúdio na ‘Guitartrix’ (instituto de música), já que o Arthur era professor da escola. Dessa forma foi fácil a entrada do Gustavo, que era aluno de lá. A entrada do André se deu após eu colocar um anuncio numa comunidade no Orkut. Estava formada a Sleeping Awake.

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Com a saída de Gustavo, Paulo Moreira assume o baixo e em 2009 o EP ‘Empty Forested Mind’ é lançado. Houve alguma espera no lançamento devido à troca de membros?

Aurélio: A entrada do Paulo se deu de forma muito natural. Ele havia ido a um ensaio anteriormente, pois fora companheiro da banda Mezzo com o Arthur, e rapidamente pegou todas as músicas. Estávamos bem ensaiados, mas todo o processo de gravação, mixagem e lançamento do EP foram bastante tumultuados por conta das divergências de datas nas agendas de todos nós, bem como alguns contratempos.

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Em que se baseiam as letras de Dudu Fiuza?

Aurélio: Especificamente no ‘Empty Forested Mind’, a obra acabou ficando conceitual onde o tudo pode ser interpretado de várias formas. Inicia simulando o inconsciente de um personagem, o mergulho dele num conflito mental que se torna crônico, extremo, alucinante ao ponto de reverter a situação que encerra no subconsciente e dando a deixa para uma repetição eterna do processo. Já as letras do novo trabalho estão variadas. Continuam batendo na alienação do ser humano, mas também tem um pouco de ciência e homenagens, uma delas a ‘Ernest Shackleton’ (líder da conhecida expedição transantártica).

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Depois da chegada de ‘Empty Forested Mind’, houve uma mudança nos teclados com Luiz Marques assumindo o posto. Com essa aquisição a banda está com uma nova roupagem ou segue com as mesmas características?

Aurélio: As influências comuns continuaram e a banda já havia criado sua personalidade musical, mas a entrada do ‘Luizin’ trouxe a consolidação de uma pegada mais "setentista", digamos assim. O timbre prog da linha de teclado fez a diferença na veia ‘Metal Old School’ que todos temos.

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Os resultados do lançamento do EP ‘Empty Forested Mind’ foram ainda maiores com conquistas de boas resenhas em veículos especializados de tiragem nacional e música sendo executada em programação de rádio FM de Fortaleza. Como aconteceu isso?

Aurélio: Foi tudo muito despretensioso. A gente se preparou para os shows que agendamos e a resposta do público e dos produtores, divulgadores foi bem positiva. Nossa música tocou na rádio e ainda fomos mais votados num concurso que nos deu o direito de uma participação especial no programa. Foi bem legal.

A banda começou a frequentar os palcos somente quatro anos depois de sua formação, mas foi em grande estilo com apresentação dupla num dos mais tradicionais festivais de música de Fortaleza, Rock Cordel 2010.

Aurélio: A estréia ocorreu na hora certa, quando estávamos prontos para largar o estúdio. Aliás, tudo nessa banda aconteceu muito tranquilamente, sem afobamentos e seguindo a concepção inicial de se divertir acima de tudo. O Rock Cordel é um ícone de importância na história da banda.

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Ainda em 2010 outro ex-Darkside, Paulo Boizer se junta à banda. Como foi a adaptação desse "novo" guitarrista?

Aurélio: O Arthur foi morar em outra cidade e nesse período específico estávamos pensando em novas composições. O Boizer (que não pode assumir o posto em 2006 quando convidado) enfim topou fazer parte da Sleeping Awake e para nós foi uma honra. O trio ex-DarkSide estava junto de novo. Uma família!

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Em 2011 a banda é mais uma vez chamada para integrar o ‘casting’ do Rock Cordel e em 2012 é convidada a subir no palco do maior festival de música underground do Norte-Nordeste, ForCaos. Como você avalia essas conquistas?

Aurélio: Grandes conquistas, principalmente em um curto espaço de tempo. ForCaos nos deu a segunda citação na Roadie Crew. Isso é curioso, pois nunca trabalhamos focados na mídia e sempre foram os amigos e fãs da nossa música que nos colocaram em evidência. O tempo de dedicação realmente é curto e a gente sempre conseguiu, de certa forma, ser produtivo. Espero que assim seja por muito tempo...

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‘A Bit of Reality’, o novo álbum do grupo está em fase de produção e segundo o site da banda o seu lançamento está previsto para este ano. Como está sendo esse processo, já que Dudu não mora no Ceará?

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Aurélio: A pré-produção está num processo bastante lento. As vindas do Dudu estão cada vez mais espaçadas e já tivemos que adiar a gravação para o ano que vem. As músicas e letras estão praticamente prontas, assim como a arte do álbum. A agenda de todos é que está bem cheia há algum tempo e decidimos corrigir tudo isso antes de cair no estúdio.

Estamos na expectativa dessa nova obra e certamente contaremos com mais progresso da banda, já que a seriedade dos músicos multiplica-se às suas qualidades. Muito grato pela entrevista e pode deixar aqui as suas considerações finais.

Aurélio: Eu não poderia deixar de exaltar esse teu trabalho de resgate do passado do Metal cearense, Leonardo. Espero ter sido útil. Agradeço a entrevista e agradeço a todos que admiram e apoiam a Sleeping Awake. Esperamos voltar a fazer barulho para vocês num futuro próximo e quem sabe com o novo disco ‘A Bit Of Reality’ lançado. Até a próxima! Stay Awake!

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Contatos:

http://bandasleepingawake.blogspot.com.br/

https://myspace.com/bandasleepingawake

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Sobre Leonardo M. Brauna

Leonardo M. Brauna é cearense de Maracanaú e desde adolescente vive a cultura do Rock/Metal. Além do Whiplash, o redator escreve para a revista Roadie Crew e é assessor de imprensa da Roadie Metal. A sua dedicação se define na busca constante por boas novidades e tesouros ainda obscuros.
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