Baroness: entrevista com a banda no Intervalo Banger
Por Luiz Mazetto
Fonte: Intervalo Banger
Postado em 15 de julho de 2013
Criado em 2003, o Baroness só viu seu sludge psicodélico setentista (pior rótulo já criado, diz aí) experimentar algum sucesso seis anos depois, com o sensacional Blue Record, e teve o seu, digamos, "auge comercial" interrompido em agosto do ano passado por um grave acidente no início da turnê do polêmico e bem-sucedido álbum duplo Yellow & Green, que trazia um som bem mais acessível em relação aos trabalhos anteriores.
Após cair de um viaduto de cerca de cerca de 10 metros no Reino Unido, dentro de um ônibus com seus companheiros de banda e equipe da tour, o vocalista, guitarrista e líder do Baroness, John Baizley, agora começa a retomar sua carreira musical e como artista visual – ele já fez capas para discos do Kylesa, Pig Destroyer e do próprio Baroness, entre outros – em meio a dores constantes e danos permanentes.
A volta aos palcos aconteceu apenas em janeiro deste ano, mas foi em grande estilo: com os amigos de longa data do Converge durante um evento especial da Decibel, melhor revista de metal do mundo. Além disso, Baizley recentemente retomou a estrada com o Baroness, com uma tour que começou em maio nos EUA e vai passar até por festivais gigantes, como o Lollapalooza (mas só em Chicago, por enquanto…).
Em meio a tudo isso, o cara topou falar comigo no telefone por cerca de uma hora no último mês de abril sobre praticamente tudo que consegui pensar em perguntar, incluindo aí o tributo que gravou para o Townes Van Zandt, a polêmica do Yellow & Green, os novos integrantes do Baroness, os discos que mudaram a sua vida, como o Converge e o Neurosis ajudaram na sua recuperação, entre outras coisas.
1.Você vai tocar no Roadburn 2013 com o Nate Hall (USX) agora em abril. O set vai ser composto apenas por músicas do Townes Van Zandt?
Na verdade, não. O comunicado para a imprensa parece dizer isso, mas não serão exclusivamente músicas do Townes. Vou tocar com o Nate, mas também vou levar uma garota chamada Katie Jones, com quem eu toco às vezes. E também vamos fazer alguns outros covers, como Willie Nelson, Gram Parsons e Bruce Springsteen. Então, é… vão ser vários covers, mas principalmente material do Townes.
2.Como você teve essa ideia de tocar músicas do Townes? Por acaso, começou na tour que você fez com o Scott Kelly (Neurosis) em 2012, quando você acompanhava ele no violão em algumas músicas do Townes que ele gravou em um tributo juntamente com o Steve Von Till (Neurosis) e o Wino (Saint Vitus)?
É, na verdade eu venho tocando uma ou outra música há bastante tempo. E decidi depois da turnê com o Scott… Na verdade, comecei a tocar as músicas ao vivo e então a gravadora que lançou o tributo do Townes com o Scott me procurou para saber se eu não queria fazer a segunda parte do tributo, juntamente com o Nate e um outro cara, que acho que era o Mike (Scheidt, do YOB). E foi o próprio cara da gravadora que propôs a ideia de fazermos esse pequeno show no Roadburn neste ano.
3- Entendi. E o que você achou do primeiro tributo ao Townes, com o Scott, Steve e Wino?
Acho que é muito bom. Eu sei que o Scott estava tentando já há algum tempo "espalhar" a música do Townes por aí, torná-la mais conhecida. Levar esse tipo de música para o seu público, talvez abrir um pouco a cabeça deles nesse sentido. Sempre tive um certo tipo de apreciação por esse tipo de música. O que eles tentaram fazer foi permitir que muitas pessoas no futuro possam ter acesso à essa obra.
4- Vocês tem algum plano de juntar os cinco para tocar músicas do Townes em um show?
Acho que não (risos). Mas isso seria ótimo. Seria realmente muito bom.
5- E você já pensou em gravar um disco totalmente acústico, seja solo ou com o Baroness?
Sim, com certeza. Acho que é uma questão de tempo antes que eu possa lançar algo nesse sentido. Eu basicamente tenho juntado algumas coisas nos últimos anos. Músicas que não são realmente apropriadas para o Baroness, coisas que não acho que sejam rock ou algo nessa linha. Venho tentando fazer um disco assim já há algum tempo, mas é uma questão de gravar e organizá-lo nesse ponto.
6- E pensa em gravar e/ou ter projetos com outros músicos? Pergunto isso porque questionei a mesma coisa para o Scott Kelly e o Nate Newton (Converge) e ambos responderam a mesma pessoa: você.
(Risos) Adoraria tocar com esses caras! É, acho que após 10 anos tocando exclusivamente com o Baroness, seria uma boa e justificável mudança de ares. E não há razão para não colaborar com outros músicos. Há tantos músicos que eu respeito, com os quais pude estabelecer uma amizade recíproca. Penso que só faz sentido tocar e colaborar com eles. Talvez com alguns convidados, ou em vários projetos diferentes. Estou sempre aberto a tudo, apenas amo fazer música.
7- Vocês anunciaram recentemente a saída do Matt (Maggioni, baixista) e Allen (Bickle, baterista) do Baroness e também que dois músicos vão ficar no lugar deles. Essas duas novas pessoas (o baterista Sebastian Thomson e o baixista Nick Jost) serão membros fixos da banda ou ainda não sabem isso?
É, ainda não estamos prontos para dizer nada sobre isso. Literalmente tudo que nós sabemos, e podemos realmente confirmar, é que temos dois caras que estão muito interessados em fazerem essa turnê de verão com a gente. E vamos meio que partir daí.
8- Vi alguns fãs reclamando na página de vocês do Facebook sobre a saída de Matt e Alan, especialmente, o que é normal nessas situações. O que você acha de versões "alternativas" de bandas clássicas em vez da formação original? Tipo Black Sabbath com o Dio e coisas do tipo.
É claro que gosto do Black Sabbath com o Dio, mas é óbvio que prefiro eles com o Ozzy. Gosto dos discos com o Dio, são bons álbuns. Mas para mim o Sabbath é a formação com o Ozzy. Mas talvez eu prefira o Iron Maiden com o Bruce Dickinson do que a formação original com o Paul Dianno. Esse é o meu gosto.
9- Falando nisso, o que você achou do Black Sabbath ter voltado à ativa sem o Bill Ward na bateria?
É… entendo o por quê disso. Se eu fosse o Geezer Butler, Tony Iommi, ou o Ozzy, eu voltaria com o Black Sabbath. Mas é óbvio que tem muitas coisas pessoais envolvidas, muitos negócios acontecendo, e isso pode tornar as coisas um pouco confusas, especialmente numa reunião desse tipo. Eu não sei (risos). Honestamente, eu não espero que o Black Sabbath de 2013 seja de perto tão bom quanto era nos anos 1970. Mas eu não ligo para isso, é uma escolha deles. Mas é claro que as pessoas vão reclamar sobre isso (risos).
10- Vocês anunciaram uma turnê nos Estados Unidos há alguns dias. O acidente aconteceu há pouco menos de um ano. Por isso, estão preparando algo especial para essa volta oficial aos palcos?
Ahh, nós só estamos tentando pensar as coisas. Porque eu não estou completamente curado. Então, o nosso objetivo é apenas ver aonde estamos, apenas tocar. E, além disso, acho que o primeiro show que fizermos será uma surpresa para nós, porque iremos aprender nessa noite exatamente o que somos capazes de fazer. E basicamente terá de ser assim. É difícil planejar qualquer coisa além disso.
Ainda estou longe de estar totalmente recuperado. Minha perna e meu braço ainda estão bastante machucados. Não tenho habilidade total com o meu braço nem com a perna, mas é isso que eu tenho. Por isso, decidimos parar de fazer turnês por tanto tempo. Assim, agendamos uma tour que tenha sempre alguns dias de folga no meio, caso fique difícil para mim, aí haverá um tempo período de descanso. Mas tirando isso, é tipo "foda-se", não estou ficando mais jovem. Não sei se algo vai mudar no meu braço, a dor ou a força, então vamos apenas fazer isso e continuar tocando e tocando enquanto podemos, sabe?
Mas, respondendo à sua pergunta, nós não temos nada especial planejado para a turnê. Acho que o simples de fato de podermos tocar neste momento já será realmente fantástico.
11- Você ainda está fazendo fisioterapia?
Recentemente eu terminei, parei de fazer. Porque não há mais nada que eu possa fazer com um fisioterapeuta que não possa ser feito em casa. Então, agora, aos poucos, estou conseguindo voltar a correr, o que é bom para a minha perna. Apenas preciso "reaprender" alguns movimentos com o braço, o que é difícil porque há muitos "mecanismos", muitos movimentos são bastante difíceis. E provavelmente tenho um dano muito grave no nervo para o resto da minha vida. E não há nada a se fazer sobre isso, do ponto de vista da fisioterapia, a não ser me acostumar com isso. E é o que estou fazendo, me acostumando com isso.
12- E isso fez com que você mudasse o jeito de tocar guitarra, por acaso?
Hmm, na verdade não. Porque foi o meu braço esquerdo que machuquei no acidente, e eu toco como destro, então ele fica basicamente no mesmo ângulo na maior parte do tempo que eu estou tocando. Não mexo muito ele, e não preciso ter tanta força com ele para tocar as cordas como no braço direito, não é muito difícil nesse sentido.
O problema é que quando paro de tocar depois de mais de uma hora…, digamos após um ensaio de cinco horas… não consigo mexer direito o meu braço. Mas imagino que essa é uma das coisas que vão melhorar com o tempo. Sabe, após fazer shows, essa turnê e tudo mais. Mas o mais importante é que posso tocar, e queremos fazer turnês, isso é o principal. Não tenho nenhum interesse em transformar o Baroness numa banda de estúdio ou coisa do tipo. Nós precisamos voltar para a estrada, tocar todos os shows que pudermos. E também precisamos tocar em lugar onde nunca estivemos. E o Brasil e a América do Sul definitivamente fazem parte desses lugares.
13- Até ia perguntar sobre isso. Alguma chance de tocarem por aqui no Lollapalooza 2014 já que vão tocar na edição deste ano nos EUA?
Ah é? Legal. Quero dizer, pode ser assim, como também poderia ser um show só nosso. Estou muito afim de tocar no Brasil. Recebo muitas mensagens daí, de fãs da banda e pessoas que seguem meu trabalho como artista. Eu quero muito ir praí. É um lugar que nunca tocamos e queremos muito passar nessa tour. Não há razão para não tocar aí, é questão de apenas conseguir fazer acontecer.
14- E você conhece alguma banda brasileira? Sepultura?
Sim, sim, claro! Quero dizer, acho que qualquer pessoa com a minha idade nos EUA conhece Sepultura. Mas não tenho certeza se eles ainda são grandes aqui atualmente.
Quando eu tinha, vamos ver, uns 13, 14 anos, e o Chaos AD foi lançado… aquele disco mudou as coisas, foi um álbum enorme, marcante. Então sim, posso dizer que conheço o Sepultura (risos).
E o Sarcófago é do Brasil também, certo?
15- Sim, sim. Aliás, são da mesma cidade do Sepultura.
Gosto muito, muito, muito do Sarcófago, de verdade. Então é…conheço um pouco das bandas do Brasil.
Leia a entrevista completa neste link:
http://intervalobanger.com/entrevistas/baroness-entrevista-com-john-baizley/
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