Sigma 5 e Allegro: entrevista com as bandas cariocas
Por Guilherme Ripardo
Fonte: Distúrbio Produções
Postado em 29 de junho de 2013
Entrevista com as bandas SIGMA 5 e ALLEGRO, sobre a volta aos palcos cariocas em um show único no Teatro Odisséia no dia 07 de Julho de 2013 no Rio de Janeiro, produzido pela Distúrbio Produções. E ainda um pouco da história dessas duas lendas do metal do Rio de Janeiro!
Qual a motivação de vocês para voltarem a fazer show com a banda?
Lula (Allegro): Na verdade tudo começou com um email do Fábio Costa, produtor e fundador do Garage que infelizmente faleceu no ano passado. Ele me perguntou se eu não estaria afim de fazer um show com o Allegro em homenagem aos 20 anos do antigo "Garage" que agora começava a fazer seus shows no Teatro Odisséia. Eu gostei da ideia até porque não tocava com a banda a anos e seria uma festa, além de rolar uma saudade de fazer aquele som e tocar com o pessoal. A ideia era ser apenas uma festa mas acabou sendo incrível a recepção do público.
Mauricio (Sigma 5): Eu estava sentindo falta de tocar. E, pra mim, tocar é com o Sigma 5, sem desmerecer quaisquer outros músicos com quem já toquei ou projetos dos quais participei. Subir no palco com esses caras, pra tocar as músicas que compusemos juntos, que ensaiamos milhares de vezes e que nos orgulhamos de apresentar é sempre um prazer muito grande. A gente sempre se encontrou, nesse período em que não estávamos tocando, e falávamos em voltar a fazer shows, então sabíamos que ia acontecer em algum momento.
Além disso, tem havido um movimento pela volta da banda, principalmente no Facebook, que foi o empurrão que a gente precisava pra voltar. Um monte de gente - alguns que a gente nem conhece pessoalmente - se juntaram em um grupo e começaram a fazer "pressão" pela volta da banda. Muito legal isso, pois foi espontâneo e, de certa forma, inesperado. Foi a força que faltava.
João (Sigma 5): Foi uma série de coisas. Um é o fato de sermos fominhas, a gente gosta de palco, de tocar ao vivo. Ao menos o Mauricio, Riq e eu quando nos encontramos, sempre falamos em tocar. Mas a gente não queria ter que mover o mundo para fazer um show.
Outro fator importante foram os shows recentes do Allegro, um no final do ano passado e outro neste ano. No primeiro, no próprio Teatro Odisséia, fui lá ver o que tava rolando e o show foi ótimo. Além de ficar com a mão coçando pra tocar, vi que tinha uma penca de gente super afim de ver não só o Allegro, mas as bandas daquela época. No segundo levei o Mauricio pra ele também sentir essa vontade de tocar. Acho que deu certo...
Ai apareceu o lance do grupo no Facebook... finalmente, dei um toque no Lula (Allegro, Gallo Absurdo) para aprontarmos algo juntos entre Allegro e Sigma 5. As condições estavam maduras, os astros então se alinharam: era o momento. Não foi difícil fechar com o Teatro Odisseia esse (primeiro?) show.
Falem um pouco da carreira da banda, para os antigos fãs relembrarem e para os novos saberem um pouco da história e da importância de cada uma das bandas no cenário de música pesada do Rio de Janeiro.
Lula (Allegro): O Allegro é uma banda que surgiu em 1995 no underground carioca e numa época em que existia uma cena Rock n` roll bem forte aqui no Rio em diversos seguimentos. As bandas se misturavam em diversos estilos no mesmo show, era muito legal. Com o tempo a banda teve uma certa projeção e a honra de subir aos palcos com bandas como Stratovarius, Saxon, Exodos, Angra, Shaman, Dr. Sin, Korsus e outras importantes no cenário Heavy Metal.
Mauricio (Sigma 5): O Sigma 5 foi fundado em 1995, e sempre cantou em Português, misturando hard rock, heavy metal e progressivo. Durante os primeiros 3 ou 4 anos, a gente participou de inúmeros festivais - basicamente todos os que apareciam, mas alguns marcantes, como os FestValda, no Morro da Urca, do qual participamos várias vezes, e o Skol Rock, que nos deu a oportunidade de tocar no Imperator lotado, logo antes do Angra.
Em 1998, lançamos nosso primeiro álbum, iNitIUm, que misturava algumas músicas que tinham feito parte das nossas demos e gravações um pouco melhores que fizemos em um estúdio aqui do Rio. Nessa gravação, conhecemos o Anderson DeBorba, que virou nosso empresário/produtor/motorista/amigo/irmão.
Em 1999, o Riq Therrys veio pra banda, e essa foi a nossa formação definitiva. Continuávamos fazendo shows e tocando muito, levando a nossa música aonde o povo estava. Se tinha lugar pra tocar, lá estava o Sigma 5. :)
Tocamos em todos os lugares que vocês possam imaginar, no Rio, São Paulo, Santos, São José dos Campos, em casas de show, teatros, ginásios, em quase todas as Lonas Culturais da Zona Oeste, em bares diversos e até em lava à jato de automóveis. Se você tivesse chamado, tínhamos tocado na festa seu sobrinho. :)
Em 2001, gravamos o Busca, nosso álbum definitivo, no Discover, que era um dos melhores estúdios do Rio. Na sequência, masterizamos no Sterling Sound, em Nova York, onde eram finalizados os trabalhos do Metallica e diversos artistas do mesmo calibre. Essa foi a nossa grande aposta. Ficou muito bom, um trabalho que até hoje é reconhecido e que recebeu as melhores críticas possíveis mundo afora.
Na parte do lançamento as coisas não correram como esperado. Havíamos investido pesado e o nosso objetivo era um contrato com uma grande gravadora. Ficamos um bom tempo apalavrados com uma major, mas não passou disso. Acabamos lançando o trabalho em 2002, em uma parceria com dois selos: Rock Symphony, de Niterói, e Hellion Records, de São Paulo. Ficamos orgulhosos, claro, mas não era exatamente o que esperávamos. Nada a reclamar dos selos. Fizeram o que estava acordado. A Rock Symphony, principalmente, nos ajudou bastante, e nos deu oportunidade de tocar em vários eventos legais, como o Rio Art Rock Festival, e também com excelentes bandas internacionais de rock progressivo, como o Flower Kings.
Após o Busca, a banda atingiu um nível de reconhecimento muito alto, tínhamos um público fiel. Fizemos eventos que marcaram a cena do rock pesado no Rio: as Sigma Parties, em duas edições - a primeira no Garage e a segunda no Ballroom. Mas o nosso sonho já começava a desvanecer. Não ia dar pra viver da música do Sigma 5.
O Riq talvez tenha sido o primeiro a se tocar e buscar uma alternativa, quando deixou a banda no meio de 2003. Foi tentar alcançar esse sucesso na música em outro lugar.
Mas a banda não parou. O Ivan Simas (ex-Tydra e atual Federais) veio cantar com a gente. Tentamos mudar um pouco o estilo, ser mais mainstream, mas não funcionou. Os últimos show foram em 2006, se eu não me engano.
Só que eu, o Riq e o João (Saravia) adoramos tocar juntos e adoramos fazer shows. Por isso estamos levando o Sigma 5 novamente ao palco. Desta vez com outros amigos/irmãos, que se engajaram neste projeto. Quem for ao Teatro Odisséia no dia 07/06 certamente vai ver um grande show.
Quais diferenças vocês veem entre o cenário de hoje em dia e o do fim da década de 90 início de 00 para as bandas underground cariocas? Pois vocês se sobressaiam em um tempo sem a internet ser tão forte como hoje.
Lula (Allegro): Confesso que estou um pouco por fora do cenário por estar envolvido em outros projetos, mas quando começamos tocávamos em todos os buracos possíveis para divulgar o som pois era o único jeito das pessoas conhecerem realmente a banda e tentávamos aproveitar as oportunidades que nos apareciam para que as pessoas acompanhassem o trabalho. O ao vivo pra mim sempre foi o mais legal, é outra energia. Hoje é muito mais fácil das bandas aparecerem e as pessoas conhecerem o seu som antes de ir no seu show, mas isso não quer dizer que elas irão no seu show.
Mauricio (Sigma 5): Acho que hoje tem muita gente boa, muitos bons músicos na cena underground do Rio. A gente vê a "mulecada" arrebentando, tocando bem pra caramba, mas ainda vê poucas bandas com trabalhos realmente consistentes.
Quando o Sigma 5 começou a tocar, já estavam lá o Scars Souls, o Dust From Misery, logo depois veio o Imago Mortis, um pouco depois o Allegro, entre muitos outros. Muita banda boa, com estilos definidos e trabalhos bem fundamentados, além de excelentes músicos.
Quanto à cena, a dificuldade é parecida, por um lado: poucos lugares bons pra tocar, poucos produtores sérios...
Mas a facilidade da divulgação na Internet hoje é bem maior do que há 10 anos. O Youtube, Soundcloud, Facebook e outros ajudam bastante na divulgação das bandas.
E fazer gravações de qualidade hoje é muito mais fácil. Em estúdios caseiros hoje é possível fazer bons trabalhos. Quando a gente começou, para gravar com qualidade, só gastando muito dinheiro. :)
Os fãs podem esperar mais alguma coisa além desse show de reunião? Uma música nova ou um álbum inteiro novo?
Lula (Allegro): Bom, quando o Allegro parou nós já tínhamos feito gravações para um próximo album e acredito que isto seja disponibilizado sim.
Mauricio (Sigma 5): A gente não quer criar expectativas para não se frustrar de novo, mas, com certeza, temos lenha pra queimar ainda. Tudo vai depender da receptividade, eu acho. A gente tem ideia de que as pessoas ainda querem ver o Sigma 5. Mas precisamos confirmar na prática. Esse é o combustível que a gente precisa pra continuar.
João (Sigma 5): de certo, um belo show. Os ensaios estão ficando ótimos. E a gente sabe que vai emanar aquela energia que sempre nos caracterizou, de tocar sempre "como se fosse a última vez". A gente sabe, agora mais do que nunca, que eventualmente acaba sendo. Mas fora esse show, não sabemos. Mas a gente vai sempre dar uma forcinha para que os astros se alinhem novamente...
Hoje em dia vocês continuam na música? Tem projetos musicais novos?
Lula (Allegro): Todos da banda tem seus projetos. No meu caso tenho dois trabalhos instrumentais, um com o Gallo Absurdo (www.galloabsurdo.com), um trabalho Fusion mais guitarrístico e um Duo de violões com o grande violonista Caio Marcio (www.lulawashington.net). Recentemente também lancei o Valvula que é um trabalho mais rock n`roll e que curiosamente foi gravado na mesma época que o Allegro deu uma parada mas só agora foi possível lançar. Aliás vamos fazer o show de abertura no dia 07/07 no Odisséia. Na verdade o Valvula surgiu quando eu estava compondo para o Allegro e vi que a história já tinha mudado e acabou virando outra banda e que mostra o que eu estou afim de dizer no momento.
Mauricio (Sigma 5): Eu estava afastado, mas querendo voltar. Vinha tocando com amigos, mas nada sério, realmente. O Riq é que se mantém bastante ativo, em bandas de metal, como o Drink From Hell, e de cover, principalmente o Ninguém Sai! O careca faz show toda semana! :)
João (Sigma 5): Muito pouco. Faço parte do Gallo Absurdo, uma banda com o Lula (Allegro, Válvula) e com o Cláudio (Válvula, Dust From Misery), que tem um cd instrumental lançado em 2009. Mas tocamos pouco. Tenho outra banda, com o Cláudio também, o Xip's, que faz covers de músicas internacionais anos 80. Mas essa é pura zoação. Enfim, tenho estado muito afastado do meio musical.
Quais são as expectativas para esse show do dia 07 de Julho no Teatro Odisséia no Rio de Janeiro?
Lula (Allegro): As expectativas são as melhores, afinal vou tocar em duas bandas na mesma noite, só espero ter fôlego para isto rs...
Mauricio (Sigma 5): A expectativa é de ter muita gente lá e de termos um grande show. São 3 grandes bandas. Só amigos no palco. E recebemos muitas mensagens no Facebook de gente dizendo que vai. Tem gente que disse que vem de outros estados pra ver o show! Tomara! Queremos o pessoal feliz, cantando com a gente e se divertindo como a gente sempre se diverte quando toca as músicas do Sigma 5. Tenho certeza que vai ser uma noite muito especial.
João (Sigma 5): Quem for verá um showzasso. Os músicos são excepcionais, e as bandas também. A gente não vê a hora de subir naquele palco. Será uma noite para deixar guardada para sempre na memória.
Sigma 5 e Allegro, com abertura do Valvula.
Dia 07 de Julho de 2013
As 18h
Ingressos:
Preço: R$ 30,00
Lista amiga: R$ 25,00 ( Confirmação no evento )
Local: Teatro Odisséia, Av. Men de Sá 66, Rio de Janeiro
Evento no Facebook:
http://www.facebook.com/events/187241561434562/?fref=ts
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