Rafael Bittencourt: Fabio Lione, Andre Matos e a cena brasileira
Por Tiago Alano
Fonte: All That Metal
Postado em 22 de junho de 2013
No dia 1º de agosto o Angra deve subir ao palco do Opinião, em Porto Alegre, para celebrar sua história de conquistas ao longo das últimas décadas. O espetáculo conta a participação mais do que especial de Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine) e contará com clássicos de todas as fases da banda. Pensando em preparar os fãs para esse evento histórico realizado pela Abstratti Produtora e Urânio Produtora, o blog All That Metal preparou uma série de matérias especiais sobre o Angra. E para dar ainda mais destaque a este momento, a equipe do ATM realizou uma entrevista exclusiva com Rafael Bittencourt.
O guitarrista falou sobre os planos para a turnê com Lione, a polêmica envolvendo uma possível participação de Andre Matos, identidade da cena brasileira e vários outros assuntos.
Confira alguns trechos da entrevista.
ALL THAT METAL: Como foi a experiência de tocar na edição deste ano do 70000 Tons of Metal? Quais as diferenças entre tocar em um cruzeiro e um festival comum?
RAFAEL BITTENCOURT: A experiência foi excelente. Sou muito agradecido à Monika Cavalera que nos convidou e organizou nossa participação lá. Todos os dias observávamos diferentes shows de outros grupos internacionais, nos sentávamos para jantar e trocar impressões sobre a cena metal. Sobre como podemos reinserir o Angra na cena de hoje em dia, etc. Não adianta apenas talento e músicas boas, é necessário estratégia e inteligência para sobreviver neste cenário cheio de altos e baixos. Foi uma viagem que modificou a nossa dinâmica interna, nos aproximou ainda mais e nos ajudou a alinhar nossos objetivos. Estamos em um excelente momento de sintonia interna.
ATM: Foi comentando sobre um possível reality show em formato de documentário sobre a busca da banda pelo novo frontman. O projeto já está em andamento? O que pode ser divulgado até o momento?
BITTENCOURT: O projeto está em andamento. Tem um canal de TV muito interessado, mas não queremos que isto atrapalhe a turnê com o Fabio Lione. Portanto, adiaremos mais um pouco. É provável que o projeto se inicie ano que vem.
ATM: A possibilidade de Andre Matos participar desse evento gerou muita polêmica, algo que eu imagino que a banda já esperava. Mas até agora não vi ninguém ponderar sobre a possibilidade de que Ricardo Confessori seria um dos motivos por Andre recusar, pois sua saída do Shaman foi bem traumática. Seria esse um dos motivos? Além disso, você manteve algum tipo de contato com Andre nos últimos anos?
BITTENCOURT: A polêmica não partiu da banda. Para nós o assunto é simples: seria legal para os fãs reviver este momento que foi um marco em nossas carreiras e na história do metal nacional. Não sei quais as razões do André ter recusado. Ele não especificou. Mas acredito que ele ainda pode mudar de idéia. Não acho que tem haver com o Ricardo.
ATM: Alguns anos atrás você participou do documentário Global Metal. Acho muito interessante o filme mostrar como a globalização afetou bandas de diversos países. O Angra foi um dos precursores da mistura entre Metal e a música brasileira, com "Holy Land". Ainda assim, o Brasil ainda não possui uma maneira característica de tocar esse gênero. Por que você acha que ainda não criamos essa identidade?
BITTENCOURT: Acho que o que está acontecendo de verdade é que o Brasil está perdendo sua identidade cultural. Todo o dinheiro que está entrando de fora no Brasil e está fazendo o país crescer vem de corporações que não estão interessadas no que será da nossa cultura. Eles estão apenas interessados em que gastemos nosso dinheiro com celulares, fast food, etc. Mas o resultado é um país que está vendendo sua identidade por não saber dar-se valor. Muitas bandas já estão combinando as diferentes influências da cultura e do folclore brasileiro com maestria, mas concordo que isto poderia ser ainda mais explorado. Acho que o músico de metal ainda não valorizou o suficiente nossa arte popular e nossas raízes e acho também que a cultura das grandes metrópoles está abandonando o contato com a essência da arte brasileira. A TV e a midia em massa nos aproxima de versões pasteurizadas do folclore brasileiro que faz parecer que esta riqueza é algo banal e decadente. O brasileiro precisa acordar para o fato de que nossa diversidade cultural é a nossa maior riqueza e que a midia tende a nos cegar para isto.
ATM: Você assistiu muitas mudanças na indústria musical ao longo dos anos. É muito mais fácil para o público conhecer novas bandas, mas tornou-se complicado um músico sobreviver apenas de sua obra. Como isso afetou sua carreira nas últimas décadas?
BITTENCOURT: Financeiramente minha carreira passou a ser menos vantajosa. Não há o que discutir. Não se vende mais CDs como antes e ponto. Hoje todos nós já nos adaptamos, independente do grau de revolta que o músico possui. Nos foi imposto. Ninguém nos perguntou. Um belo dia, o mundo nos impôs que o que produzimos não é apenas nosso, é patrimônio da humanidade. Vão baixar mesmo. Ok. Mas gostaria que o pão francês, serviços de internet, celular, TV, seguro saúde, arroz, feijão, água, luz também fossem. Eu me sentiria menos prejudicado. Isto testou também o amor que cada um tem pelo seu trabalho, a esperteza e a capacidade de adaptação. Espero este seja o começo da criação de um capitalismo mais social e humanitário.
ATM: Quanto ao Bittencourt Project, algum plano para o segundo álbum?
BITTENCOURT: Por enquanto não. Tenho algumas idéias, mas todas fogem do Brainworms I. Ainda não veio algo que pode ser a sequência do que eu fiz em 2008. Caramba. Como passou rápido! Mas quero fazer um DVD de um show ao vivo tocando as músicas do Brainworms I com orquestra e cantando algumas do Angra. Eu gosto muito de cantar também.
A entrevista completa você confere no link:
http://allthatmetal.blogspot.com.br/2013/06/entrevista-rafael-bittencourt-angra.html
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