Guitar Talks: entrevista com a Dance of Days
Por Crysthian Gonçalves
Fonte: Guitar Talks
Postado em 11 de novembro de 2012
Uma das bandas mais importantes na cena independente punk / hardcore do país; o Dance of Days vai fazer 15 anos de estrada, com uma bagagem de 7 álbuns e 2 DVDs gravados. Em entrevista ao Guitar Talks, o vocalista Nenê Altro falou sobre o começo da banda e suas fases, as influências do Dance, suas ideologias e todas as novidades que os fãs podem esperar do Dance of Days, como o novo álbum que eles já estão trabalhando e a turnê comemorativa de uma década e meia de carreira.
Foi um enorme prazer realizar essa conversa com o Nenê que, pessoalmente, eu tenho uma enorme admiração, além de ser fã declarado do Dance of Days.
Confira a entrevista concedida ao Guitar Talks!
Guitar Talks - Vamos começar falando um pouco do início da banda. Sabemos que o Dance não tem tal repercussão na mídia como essa nova safra de bandas que vemos na TV e nas rádios. Mas, mesmo assim, mantém um público fiel de fãs. Como foi a construção desse público? Nos fale um pouco sobre como foi que chegaram até onde aqui.
Nenê Altro – Bom, o Dance of Days vem de outra escola, diferente da grande maioria das bandas que você mencionou. Eu estou na cena punk / hardcore tocando desde o final dos anos 80, e os caras também já tinham suas bandas punks hc nos anos 90 bem antes do Dance of Days começar. Não temos essa repercussão na mídia, pois nunca assinamos com nenhuma grande gravadora. Tudo o que temos é mérito de nosso próprio trabalho e, se tantas pessoas gostam de nossa música, é porque compraram o disco ou baixaram e gostam de verdade, não porque o som ficou martelando arbitrariamente nas rádios.
Guitar Talks - Como foi a recepção e resposta do público no disco de estreia "A História Não Tem Fim", em 2001?
Nenê Altro – Foi ótima, mesmo que estivéssemos "nadando contra a corrente". 90% das bandas de hardcore melódico da época cantavam em inglês, o próprio Dance of Days havia lançado um single em inglês em 1997, então fomos de frente não só ao que esperavam da banda como a toda uma cultura de cena. Mas a resposta foi boa, até porque tocávamos com outras bandas que já tomavam a mesma postura, como o Dead Fish, Blind Pigs, Gritando HC, Zumbis do Espaço, Calibre 12... E tem sido uma resposta boa até hoje. Estamos satisfeitos.
Guitar Talks - O Dance tem algumas fases marcantes ao longo desses 15 anos de estrada. Alguns rotulam vocês como precursores do emocore na cena. Além disso, vocês têm um som caracterizado pelo punk e hardcore, sempre mesclando músicas melódicas e pesadas em seus discos. Afinal, qual o estilo do Dance?
Nenê Altro – Somos uma banda punk que tem a mente aberta para todas as coisas que essa cultura abrange. Seja o punk rock, o hardcore, o pós-punk, o garage punk etc. Crescemos nesse meio, escutando tanto Stiff Little Fingers quanto Bauhaus, tanto Minor Threat quanto Lifetime. Somos apaixonados por tudo isso que se mantém vivo e que se renova constantemente dentro do punk, e fazemos o som que nos dá prazer.
Guitar Talks – Você mantém um tom politizado em suas letras. De onde vem toda essa inspiração em suas composições? O que, ao longo da sua vida, te influenciou a compor dessa maneira, vindo totalmente em contra mão ao que a indústria fonográfica atual impõe?
Nenê Altro – Sou anarquista. Anarquista individualista, para ser preciso. Ao mesmo tempo em que vejo no socialismo libertário uma alternativa, eu não vejo uma liberdade social sem a total autonomia individual. E pra mim, da maneira que eu vejo o punk, a música punk em si, se for só por música, não me move. O que me move é a música punk que tem um conteúdo, uma mensagem, que incita, incentiva, questiona. O que me influenciou foi o Cólera, o CRASS, o Dead Kennedys, o Chumbawamba. E o que coloco nas letras do Dance of Days não são só letras – são sentimentos, são as coisas em que realmente acredito.
Confira o resto da entrevista no Guitar Talks:
http://www.guitartalks.blogspot.com.br/2012/09/entrevista-com-dance-of-days.html
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