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Bioface: o fortalecimento está na união entre as bandas

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 23 de setembro de 2012

Ainda que esteja beirando sua primeira década, o paulista Bioface segue com uma trajetória bastante discreta. Mas, levando em conta que sua estreia com o independente "Bioface" ofereça um amálgama de Thrash Metal e Hardcore bastante forte, o Whiplash.Net conversou com o vocalista Régis Carbéx e o baixista Marco Aurélio para conhecer um pouco de sua história. Confiram aí!

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Whiplash.Net: Olá pessoal. Vocês estrearam em disco há alguns meses. Que tal começarmos com um breve histórico do Bioface para o público conhecê-los melhor?

Bioface: Somos do ABC Paulista, levamos um Metal Thrash Core cantado em português com Régis Carbéx no vocal, Marco Aurélio no contrabaixo e back-vocal, Marcelo Antônio na guitarra e Maikon Queiroz na bateria.

Whiplash.Net: Seu primeiro disco, "Bioface", funde com muita propriedade elementos do Thrash Metal e Hardcore. Considerando que vocês cantam em português, como funciona o processo de composição?

Bioface: As composições até então são feitas pelo vocalista Régis Carbex e o baixista Marco Aurélio, sendo que no disco há uma música chamada "Bioface", que foi composta pelos dois. Basicamente, as composições das letras ficam prontas antes das melodias em função da facilidade com que o Régis e o Marco têm para escrever e que, por sua vez, podem ser utilizadas no instrumental logo ou depois de meses ou anos. Quando compomos o instrumental a letra da música está basicamente pronta.

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Whiplash.Net: Aliás, a que atribuem o fato de tantas bandas pesadas do Brasil estarem adotando o português nos últimos tempos? Parece que aquela necessidade de cantar em inglês para terem ‘maior visibilidade no exterior’ não tem mais fundamento...

Bioface: Isso não é atribuição, e sim um fato. Começamos com o Bioface em 2003, para ser mais preciso em 12 de abril, e desde o início sempre contestamos e batemos forte num ponto fundamental: cantar em português para que as pessoas pudessem entender a mensagem que estamos querendo passar.

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Bioface: No decorrer destes quase 10 anos surgiram bandas cantando em português e bandas que, tradicionalmente como banda de Thrash e Metal que cantam em inglês, também estão passando a cantar em português. Achamos isso o máximo. Estamos no Brasil, precisamos passar e transparecer o que pensamos em português, não queremos jamais impor que fomos pioneiros ou algo do tipo, mas desde o início as pessoas ‘estranhavam’ uma banda de metal pesado cantar em português.

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Whiplash.Net: Suas letras visam mudanças sociais. Bom, o brasileiro médio é corrupto por natureza e há uma incrível letargia rondando a população... Não fica a sensação de as palavras do Bioface poderem não atingir ninguém?

Bioface: Esse ponto é muito interessante. Ao analisar com frieza, sim, as letras do Bioface não atingem a ninguém. Mas, na verdade, atinge cada um que escuta. Siga a linha de raciocínio: uma sala tem 10 pessoas com uma mesa que tem 10 maçãs. Peçamos que todos saiam da sala e logo depois entre um por um e fique sozinho na sala com as 10 maçãs, por 10 minutos. Ao fim de todo processo, das 10 pessoas que ficaram 10 minutos sozinhas na sala, eis que na mesa tem agora 9 maçãs. E agora? Alguém comeu a maçã, certo? Mas quem? Ninguém se manifestou. Então as 10 pessoas estão sujeitas a ter que ouvir um sermão, sendo que nove inocentes ouvem sem culpa, enquanto apenas uma pessoa consente calado. O sermão atinge diferentemente mais forte a pessoa que comeu a maçã do que as nove que não fizeram coisa alguma. Nossa mensagem é para todos, mas sempre de uma forma diferente ou até mesmo numa linha de raciocínio diferente.

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Whiplash.Net: O áudio de "Bioface" é realmente poderoso. Como rolou os trabalhos no Tema Produções e no Mr. Som?

Bioface: Tudo começou quando o Marco Aurélio comentou com o Yuri Steinhoff (produtor) que o próximo passo da banda seria entrar em estúdio para gravar o disco. Imediatamente o Yuri se propôs a produzir nosso álbum e a banda ficou muito feliz, pois, além de amigo, admiramos seu trabalho. Aí começamos o processo para definirmos onde seriam feitas as gravações, mixagens, etc. Então o produtor sugeriu que fizéssemos a captação do som no Tema Produções, pois ele já havia realizado algumas gravações lá e já sabia do potencial do estúdio, além do fácil acesso para todos da banda. Em seguida decidimos a mixar e masterizar no Mr. Som, que já era um desejo da banda em trabalhar com Marcello Pompeu e Heros Trench (Korzus). Desde o início sabíamos que essas parcerias resultariam no que o Bioface estava buscando.

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Whiplash.Net: Como rolou a ideia de contar com tantos convidados? Esse pessoal todo teve liberdade de criação em suas participações? Aliás, o dueto entre Régis e Sammliz (Madame Saatan) ficou espetacular!

Bioface: Ao longo de nossa carreira fizemos muitas amizades e admiramos muitas delas também, então decidimos convidar alguns dos amigos que fazem ou que fizeram parte de bandas que, de alguma forma, passou por nossa história. Claro que ficou muita gente de fora, mas todos os convidados tiveram liberdade para opinar em suas participações.

Whiplash.Net: O Metalcore ainda causa certa ojeriza entre boa parte do público headbanger. Ainda que o Bioface seja pesadíssimo e contestador, como é sua relação com a ala mais radical do Heavy Metal?

Bioface: Um dos nossos objetivos sempre foi mesclar o nosso som, desde o início sempre pensamos em não ser uma banda rotulada de Metal, Thrash ou Hard Core e sim unir todas estas vertentes que todos nós do Bioface gostamos muito em uma música só. E tem dado muito certo. Por onde o Bioface tem passado, a repercussão tem sido super positiva, mesmo com o público headbanger mais tradicional.

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Whiplash.Net: O ABC Paulista já teve uma cena underground muito forte. Como está a situação por aí atualmente? Existe algum tipo de união entre as bandas para desenvolverem formas de melhor divulgar seus trabalhos?

Bioface: Ainda existem muitas bandas na cena underground do ABC Paulista. A situação por aqui já esteve melhor, mais vem se fortalecendo cada dia mais, e entre os grupos que se conhecem com certeza sempre rola aquela força, acreditamos que uma das receitas para o fortalecimento do underground está na união entre as bandas.

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Whiplash.Net: Levando em conta todas as dificuldades impostas às bandas independentes, quais os planos para os próximos meses?

Bioface: O próximo passo do Bioface é a produção de um vídeo clip. Não vai ser uma tarefa fácil, mas estamos empenhados neste projeto, já estamos negociando com algumas produtoras e esperamos acertar isso o mais rápido possível, sem falar que estamos compondo músicas novas em paralelo.

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Bioface: Gostaríamos de falar também sobre a saída do baterista Leandro Cavalheri, pois muita gente nos pergunta sobre a sua saída. Antes de mais nada, deixamos claro que sua saída foi uma decisão tomada por ele, não houve nenhuma briga entre os integrantes. Ele apenas fez planos para sua vida onde o Bioface não faria parte. Entendemos sua posição e que sua saída também não iria mudar os planos do Bioface.

Whiplash.Net: Pessoal, o Whiplash.Net agradece pela entrevista e deseja boa sorte a todos. O espaço é do Bioface para os comentários finais, ok?

Bioface: Gostaríamos de agradecer ao Ben Ami e a Whiplash.Net pela oportunidade de podermos falar um pouco sobre o Bioface. Queríamos agradecer também a todas as pessoas que tem acompanhado nosso trabalho e quem quiser saber um pouco mais sobre a banda pode acessar o www.biofacemusic.com . Estaremos atualizando nossa agenda de shows e em breve teremos show em Guarulhos dia 13 de outubro, 27 de outubro em Santo André e 7 de dezembro em São Caetano do Sul.

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Grande abraço a todos. Valeu!!!

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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