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Sangrena: Death tradicional com discurso realista e brutal

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 12 de junho de 2010

Em um Brasil de dimensões continentais, a cena do Heavy Metal extremo do Brasil é bastante diversificada e reconhecida por gerar bandas extremamente criativas. E nesta safra está o Sangrena, natural de Amparo (SP), carregando a bandeira do Death Metal tradicional em sua estréia, "Blessed Black Spirit".

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Curiosamente, seu disco atingiu os mercados europeu e norte-americano, mas não o brasileiro... Para saber o que anda acontecendo na história do Sangrena, o Whiplash! conversou com Luciano Fedel (voz e baixo), na entrevista a seguir.

Whiplash!: Olá Luciano. Que tal começarmos com o processo de construção do Sangrena, para o público se familiarizar com o grupo?

Luciano Fedel: Primeiro gostaria de agradecer a todos pelo espaço. O Sangrena foi formado em 1998 na cidade de Amparo, por mim e o Fábio. Nós começamos a compor e pouco tempo depois o Marcos (bateria) entrou na banda. Depois disso, começamos realmente a ensaiar. Tivemos algumas mudanças na formação nesses anos, mas a atual é Luciano Fedel (baixo e vocal), Fábio Ferreira (guitarra), Ricieri Geremias (guitarra) e Alan Marques (bateria).

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Whiplash!: Foi depois de mais de uma década que o Sangrena estreou em disco. Depois de tanto batalhar, como vocês estão se sentindo com a chegada de "Blessed Black Spirit"? Musicalmente, o que este debut tem para oferecer que talvez suas demos anteriores não possuíssem?

Fedel: Para nós, este álbum foi a concretização de um longo trabalho e um sentimento de vitória, já que a banda ficou muito tempo parada e tivemos muitas dificuldades pelo caminho. O álbum debut do Sangrena - "Blessed Black Spirit" - expressa uma maior maturidade nas composições, na técnica e no profissionalismo, coisas que não estavam tão apuradas nas demos anteriores.

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Whiplash!: "Blessed Black Spirit" foi finalizado em 2008, mas ficou na gaveta por mais de um ano. Na ocasião, não seria interessante optar por um lançamento independente aqui no Brasil?

Fedel: Na verdade, pouco depois de o álbum estar finalizado, nós já estávamos conversando com a Darzamadicus Records (Macedônia), que demorou um pouco para lançar o debut. Nós pensamos muito a respeito de lançar o "Blessed Black Spirit" de forma independente aqui no Brasil, mas para fazer isso com qualidade profissional ficaria muito caro, e nós não temos recursos para isso...

Whiplash!: Então, sobre a Darzamadicus... Achei curioso o lançamento através de dois selos gringos, e nada aqui no Brasil. Como rolaram as negociações com esse pessoal? Deve ser frustrante para uma banda não ver seu trabalho disponibilizado em seu próprio país...

Fedel: Conhecemos a Darzamadicus Records e a Sevared Records através de um amigo (Cristiano do Vomepotro). Entramos em contato com a Darzamadicus Records, que nos pediu para enviarmos o material da banda. Eles curtiram e acreditaram no trabalho do Sangrena e resolveram investir na banda lançando o álbum "Blessed Black Spirit" na Europa e, através da sua parceria com a Sevared Records, lançaram também nos Estados Unidos.

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Fedel: Claro que é meio frustrante pra gente não ver nosso trabalho disponibilizado para o público do nosso país, mas estamos conversando com alguns selos, e assim que houver algum interesse pelo lançamento do álbum, este problema estará solucionado.

Whiplash!: A produção ficou aos cuidados do próprio guitarrista Fábio Ferreira. Olhando para trás, e tendo passado todo esse tempo de sua finalização, como avaliam o resultado final de "Blessed Black Spirit"?

Fedel: Gravamos o álbum em um excelente estúdio, um dos melhores da região, o Estúdio Mix Music (www.mixmusic.com.br), e o Fábio é um ótimo produtor de Metal, coisa muito rara no Brasil. Acho que ele vem evoluindo bastante e ainda hoje acho que fez um grande trabalho com a produção do "Blessed Black Spirit".

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Whiplash!: Sempre é uma grande responsabilidade abrir para um nome consagrado como o Nile. Como foi tocar com os norte-americanos e a aceitação do público perante o Sangrena?

Fedel: Foi uma honra e uma grande experiência para nós termos tocado com uma das maiores bandas de metal extremo do mundo: o Nile. Acho que o público, mesmo aqueles que não conheciam a banda, perceberam que nós estávamos lá pra mostrar o nosso trabalho e não para fazer graça, por isso acho que tivemos uma boa aceitação do pessoal que estava presente.

Whiplash!: Ainda que se perceba a fidelidade do público da música extrema, permanece difícil para as bandas conseguir seu espaço. Neste sentido, que esforços o Sangrena tem feito para se inserir cada vez mais no cenário musical?

Fedel: O Sangrena sempre foi muito atuante no cenário underground brasileiro divulgando seu trabalho em rádios, zines impressos, webzines, revistas especializadas, etc... É preciso muito trabalho para que as coisas aconteçam, pois se você ficar esperando as coisas acontecerem sozinhas provavelmente vai quebrar a cara. Temos procurado nos aperfeiçoar técnica e musicalmente para cada vez mais aumentar nosso espaço no cenário do Death Metal.

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Whiplash!: Considerando que "Blessed Black Spirit" está terminado desde 2008, em que situação está seu sucessor? O que esperam do próximo álbum?

Fedel: Já estamos compondo as músicas do próximo álbum e provavelmente entraremos em estúdio em janeiro de 2011. Logicamente esperamos que este álbum mostre mais uma evolução da banda e que nos leve a um novo patamar no cenário nacional e internacional.

Whiplash!: O Sangrena segue uma linha bastante tradicional em se tratando de Death Metal, que, inclusive, possui um discurso bastante pessimista (ou realista?). Como você define a evolução deste estilo ao longo das décadas, tanto musical, como em termos ideológicos?

Fedel: Realmente o discurso do Sangrena é Realista e Brutal, sempre falando das coisas que entendemos que são importantes para aqueles que curtem nosso som e nosso ideal de vida. Tocamos o que sentimos. É uma relação de honestidade para com a música.

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Fedel: Em termos ideológicos eu acho que todos aqueles que realmente faziam e ainda fazem parte da cena Metal, e não aqueles que estavam atrás de modismos, continuam na ativa comprando CDs, zines impressos, indo aos shows e apoiando as bandas.

Fedel: Musicalmente, a evolução é evidente, cada vez mais as bandas de Metal vêm se aperfeiçoando para se manter no concorrido cenário do Metal mundial. Por isso a gente vê álbuns cada vez mais destruidores por aí.

Whiplash!: Ok, Fedel, o Whiplash! agradece pela entrevista. O espaço é teu para algum comentário final...

Fedel: Mais uma vez, muito obrigado ao Whiplash! e aos leitores pela força, e quem quiser saber mais sobre a banda acesse o link abaixo. Hail!!!

http://www.myspace.com/sangrena

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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