God Forbid: literalmente dissecando o "Earthsblood"
Por Felipe Augusto Rosa Miquelini
Fonte: Blabbermouth
Postado em 23 de fevereiro de 2009
O site Metal-Experience.com recentemente realizou uma entrevista com o guitarrista, Doc Coyle, dos titãs do metal de New Jersey, GOD FORBID, que falou extensivamente sobre o processo de composição do novo disco, "Earthsblood".
Metal-Experience.com: Já se passaram alguns anos desde o lançamento do álbum "IV: Constitution of Treason", então parece que vocês tiveram bastante tempo para se dedicar ao novo disco. Como você começou a compor o material para "Earthsblood" e quanto tempo você gastou nas músicas?
Doc: "Nós começamos a compor, muito relaxados, de forma exploradora. Nós não nos pressionamos para terminar de compor as músicas rapidamente. Queríamos ter muito tempo para julgar e analizar as músicas. Eu sinto que o 'Constitution' foi meio apressado, e talvez, se nós tivéssemos tido um pouco mais de tempo para viver com as músicas, teria ficado muito melhor. Eu sou um grande fã do Rick Rubin, e suas teorias sobre composições. Ele acredita que as bandas compõem suas melhores músicas perto do final do processo de composição. Nós começamos a compor em junho-julho de 2007 até fevereiro de 2008, mas nós fizemos algumas turnês no meio disso, então dá mais ou menos uns cinco meses de composição se você juntar tudo".
Metal-Experience.com: As idéias vieram facilmente à mente para que você simplesmente as anotasse, ou foi algum processo de composição mais cuidadoso?
Doc: "Em todo álbum, eu sinto que as idéias vem com mais dificuldade no início, porque normalmente leva mais tempo para você voltar a ter a cabeça naquele esquema de composição, porém cada vez eu sinto que escrevo mais e mais material de alta qualidade. Eu estou melhorando em compor, pessoalmente. A parte mais difícil para nós geralmente, era descobrir em que caminho seguir. Nós sabíamos que queríamos fazer algo que fosse especial, e potencialmente chocante para o nosso gênero. Isso requeria riscos. Havia cuidados com a composição, mas uma coisa boa disso era um processo de tentativas e erros. 'Earthsblood' é mais musical do que qualquer coisa que já fizemos. Requereu estar mais em contato com o clima de cada música, e tentar sentir onde a música iria. Foi uma aventura".
Metal-Experience.com: Quais eram os objetivos que você tinha em mente quando começou a gravar "Earthsblood"? Que elementos você definitivamente queria ter no álbum?
Doc: "Eu acho que é importante dizer que nós não sabiamos o que o álbum seria quando ele foi feito. Nós não tínhamos nem terminado de gravar os vocais. Nós pensamos que tínhamos material especial e interessante, mas você não tem uma noção completa do que você está criando até que esteja praticamente feito. Nossos objetivos não eram drasticamente diferentes dos nossos outros discos. Nós queremos sempre fazer um grande álbum. Eu acho que nós quisemos que este disco tivesse um pouco mais de um feeling natural, menos camadas e técnicas de super-produção, especialmente com os vocais. Nós queríamos fazer tudo no seu tempo, mas não funcionou desse jeito".
Metal-Experience.com: Foi uma decisão consciente de fazer dessa forma?
Doc: "Sim e não. Algumas vezes as coisas se apresentam de forma natural durante a gravação. Essas músicas definiram uma certa finesse por causa da sua dinâmica e suas variadas influências. Eu penso que, à medida que você se torna uma banda mais experiente, seus padrões se elevam, e você tem uma visão refinada de como você quer que suas músicas fiquem. Mais atenção é prestada aos detalhes e performance".
Metal-Experience.com: Na composição, qual o mais importante ingrediente para uma música de acordo com sua opinião?
Doc: "É uma combinação de uma canção ser tocante e vibrante pra você, e também um elemento intangível da música fazer você sentir algo. Se ela faz você querer socar alguém, ou bater cabeça, ou simplesmente te faz feliz. Eu acho que é por isso que nós tentamos compor material diverso. Porque o alcance de emoções humanas é diverso. A maioria das bandas pesadas explora mais agressão e raiva. Frequentemente isso pode ser duro e sem alma. Muitas bandas extremas e técnicas me deixam assim. Inseguro, e com medo de deixar as pessoas se aproximarem com o medo da rejeição por ser fraco. É lastimável".
Metal-Experience.com: Você poderia, por favor, descrever as implicações do significado do título "Earthsblood" e se há album sentido especial por trás dele?
Doc: "Foi inspirado no filme 'There Will Be Blood'. Depois de assistir o filme, eu fiquei com a frase, 'Blood of the Earth' na cabeça. Eu não conseguia me livrar. A história envolve um homem que é tirado da natureza conectiva humana por dor e ganância. Para cada galão de petróleo e dólar recebido, há um custo humano e efeito colateral. Sangue humano por sangue da terra. Isso me fez pensar em como somos conectados aos elementos orgânicos do nosso ambiente natural. Pareceu relevante em relação à moderna condição geopolítica. Quase todo conflito global está centrado em energia ou consumo. As mudanças climáticas parecem ser os assuntos mais desafiadores da nossa geração. Parecia o título certo para o tempo certo".
Metal-Experience.com: O disco foi produzido por Eric Rachel e Christian Olde Wolbers. O que fez deles o par perfeito para o GOD FORBID?
Doc: "Nós vínhamos trabalhando com o Eric desde 2000 no 'Determination'. Ele trabalhou conosco em cada álbum, ora co-produzindo ou mixando, ora ambos. Seu estúdio, Trax East, é quase uma casa pra gente. Nós nos sentimos muito confortáveis lá, e o Eric nos deixa em paz. É um prazer gravar com ele. Ele é muito encorajador enquanto grava, e tem um ouvido bem afinado, e não vai descansar até que tenha a performance perfeita. Também tem uma puta ética. Sempre no estúdio cedo, e sai tarde. Nós queríamos gravar o disco inteiro com o Eric, mas nós não reservamos o tempo suficiente, e talvez não estivéssemos prontos o suficiente. Tínhamos amizade com o Christian e também o mesmo diretor. Eu gostei dos álbuns do THREAT SIGNAL e do MNEMIC, que ele fez, e estando com o FEAR FACTORY, eu sabia que ele tinha bastante experiência em lidar com bandas que tem vocais agressivos e melódicos. Apesar de não termos trabalhado com ele anteriormente, sua vontade de criar, de experimentar, e sua experiência se juntaram e se transformou no produto final. Ele tinha que intermediar muito da tensão e discórdias que haviam entre Dallas, Byron e eu mesmo, o que é uma tarefa muito difícil".
A matéria completa (em inglês) está neste link.
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