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Áudio em Alta Resolução: entenda o que é e se lhe interessa

Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 13 de agosto de 2015

Tudo isso deveria ser são simples. ‘Quanto mais alto o número, melhor o som’ é uma mensagem fácil de comunicar. Então, uma gravação de 24-bit/192kHz deve soar melhor que um rip de um CD a 16-bit/44.1 kHz, certo? Não é bem assim, infelizmente – as coisas não são tão fáceis assim.

Mesmo antes que você comece a ouvir, há alguns fatores a serem levados em consideração.

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1] Qual é a procedência da gravação? Já nos deparamos com gravações assim chamadas de ‘alta resolução’ que apresentam tipificação 24-bit/96 kHz ou até mesmo 24-bit/192 kHz, mas que são na verdade pouco mais do que masters originalmente tecidos para CDs e que passaram por um processo de upsampling e vendidos a preços exorbitantes. Isso é um cambalacho, puro e simples.

2] Uma gravação master original de alta qualidade é imprescindível. Se ela tiver tido conduzida sob má engenharia, não importa o quão alta seja a resolução, não vai soar boa, ponto final.

3] Muito depende do equipamento usado para reproduzir a música. Se ele não for transparente o suficiente para revelar as diferenças, você não tem chance alguma de ouvi-las. Sendo mais sucinto: se sua aparelhagem é de marcas populares, esse jogo não é para você.

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4] Uma mente aberta também é muito útil.

A resolução padrão dos arquivos digitais é de 16-bit/44.1 kHz. Esse é o nível do CD. Qualquer coisa mais alta do que isso em termos de bits ou kHz é considerado uma gravação de alta resolução.

O que não fica claro na etiqueta de ‘alta resolução’ é se o arquivo musical é exatamente o mesmo que o original. Essa é a razão pela qual algumas empresas preferem usar o selo ‘Master de Estúdio’ ao invés disso [quando for o caso, claro].

Conduzir comparações justas entre arquivos de alta resolução/masters de estúdio e alternativas com a qualidade de CD não é tão fácil como você possa pensar. Várias pessoas na indústria fonográfica não pensam duas vezes antes de declararem abertamente que os dois tipos de arquivos não são necessariamente tratados ou processados do mesmo modo.

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É provável que os estúdios caprichem mais em arquivos de alta resolução, já que eles tendem a ser ouvidos por ouvintes mais criteriosos. O arquivo com qualidade de CD geralmente será uma versão mais pobre desse arquivo.

Não somente há perdas na qualidade quando a resolução é diminuída, mas tais produtos podem estar sendo processados tendo como base uma engenharia que vise uso para audições e públicos com pouca exigência, tal como transmissões comerciais ou som de carro, e portanto, soam bastante diferentes.

Caso essas questões sejam deixadas de lado [de algum modo], claro, há argumentação técnica que sustente que gravações em alta-resolução soem melhor, certo? Mais uma vez, a resposta é que nem tudo é tão óbvio assim.

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É melhor separar a profundidade de bits e a taxa de sampling [o lance dos kHz], e abordá-los individualmente.

Quanto mais bits você tiver, mais precisa a medição da forma de onda original, então 24-bit é algo bom quando comparado com 16. Leve em consideração que 16-bit tem pouco mais de 65,500 passos para medir uma forma de onda, enquanto 24-bit tem que fazer isso com mais de 16 milhões – o que é bastante impressionante.

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O que mais bits lhe dão é mais faixa dinâmica – a diferença entre os sons mais baixos e altos na gravação: 24 lhe dão uma faixa de 144 dB, e 16 lhe dão 96 dB.

Deve-se levar em conta que esses números são teóricos, sólidos somente até certo ponto, dependendo do ruído gerado dentro do hardware usado e do outro processamento de sinal pelo qual o arquivo passe. É possível perder até 1-20 dB de faixa dinâmica por essas razões.

A nata das gravações de música clássica possui uma faixa dinâmica de cerca de 60 dB, enquanto não é comum achar gravações de música popular com 15 dB.

Isso significa que, para fins de reprodução doméstica, o antigo 16-bit tem capacidade suficiente – até mais – para lidar com qualquer gravação que você queira tocar.

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Quaisquer questões com erros maiores nas medições [chamadas tecnicamente de quantização] sofridos pelo 16-bit ante 24-bit são certamente reduzidos usando o processo de dithering [ruído aleatório acrescentado intencionalmente] durante o processamento digital. Sim, inserir o tipo certo de ruído é algo bom.

O argumento em defesa do áudio em 24-bits faz muito mais sentido no processo de gravação, já que pode haver vários processos envolvidos nisso que podem ocasionar em perda de qualidade na fonografia.

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Enquanto uma única trilha de 24 bits em uma gravação tem uma enorme faixa dinâmica, ela é notavelmente reduzida quando várias pistas são usadas. Uma gravação de 48 canais poderia perder até 36dB de faixa dinâmica – isso é em torno de 5 a 6 bits de informação, mesmo antes das perdas envolvidas em outros estágios da manipulação de sinal serem consideradas.

Ruído do sistema e outros fatores, tal como a necessidade de evitar sobrecarga comem muito da faixa dinâmica de uma gravação. Usar 24 bits dá a capacidade em excesso para permitir isso sem abrir mão de um som decente.

O caso das taxas mais altas de sampling é mais forte. A taxa de 44.1kHz foi escolhida para o CD porque ela permitia um limite de frequências superiores um pouco além de 20kHz – o limite superior do que a audição humana consegue processar. Ainda assim, você tem que ser bem jovem e ter ouvidos muito bem treinados para fazê-lo.

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O modo pelo qual o som digital trabalha significa que há muitos sinais indesejados gerados acima desse limite superior de frequência. Eles têm que ser filtrados agressivamente, de outro modo, resultarão em mais distorção na faixa audível.

Essa filtragem introduz sua própria distorção, que volta para a faixa audível. Ao aumentar as taxas de sampling ainda mais, mais os filtros podem ser ajustados para trabalhar em cima de frequências bem mais altas, e então as varrer com seus efeitos indesejados para longe do que é perceptível ao ouvido humano.

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Aumentar o limite superior de frequências também significa que os harmônicos superiores dos instrumentos podem ser representados de forma aprimorada, mesmo com a ciência sugerindo agudamente que não podemos de fato ouvi-los.

Tem que ouvir pra crer? Internautas discutem em fóruns web afora que gravações em alta resolução são um cambalacho. Eles com certeza não ouviram aos registros certos.

A defesa das taxas de sampling mais altas com certeza fica muito mais forte sob o ponto de vista técnico do que o argumento em prol dos 24 bits [agora estamos falando especificamente de reprodução, e não do processo de gravação].

Muitos arquivos de alta resolução disponíveis para venda online soam maravilhosos e ricos, fazendo seus equivalentes em CD soarem bastante pálidos e crus em comparação direta.

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Seja pela profundidade acentuada pelos bits, por uma taxa mais alta de sampling ou algum fator externo como a perícia no momento da masterização, não se sabe – mas é bastante divertido tentar descobrir.

Baseado em texto original de KETAN BARAHDIA

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Sobre Nacho Belgrande

Nacho Belgrande foi desde 2004 um dos colaboradores mais lidos do Whiplash.Net. Faleceu no dia 2 de novembro de 2016, vítima de um infarte fulminante. Era extremamente reservado e poucos o conheciam pessoalmente. Estes poucos invariavelmente comentam o quanto era uma pessoa encantadora, ao contrário da persona irascível que encarnou na Internet para irritar tantos mas divertir tantos mais. Por este motivo muitos nunca acreditarão em sua morte. Ele ficaria feliz em saber que até sua morte foi motivo de discórdia e teorias conspiratórias. Mandou bem até o final, Nacho! Valeu! :-)
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