Beatles: o jingle de campanha mais famoso do mundo
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 07 de agosto de 2012
O inventário dos anos sessenta deu ao mundo um acervo quase infindável de crônicas surrealistas. Movido a hedonismo, experiências místicas e um receituário químico cheio de novidades, a década contém capítulos que recheiam o já "cabuloso" compêndio de bizarrices da história do rock n´ roll. Em meio a uma plêiade de pérolas, uma das mais famosas canções dos BEATLES aparece na mais inusitada das situações.
Em 1969, a campanha para governador da Califórnia pegou fogo com a inserção de um candidato, à epoca em disputa direta com o futuro presidente RONALD REAGAN, que só poderia ser obra daqueles insanos tempos: TIMOTHY LEARY. Se você acha estranho que um ator austríaco seja o chefe por lá hoje, imagine JERRY GARCIA como senador ou SYD BARRET como chefe da Casa Civil.
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Expulso de Harvard por ter feito uma experiências com LSD com uma turma inteira de psicologia, preso pelo governo NIXON por apologia às drogas e amigo de JOHN LENNON, o psicólogo americano era detentor de uma inteligência proporcional à sua peculiar visão de mundo, elegendo o uso de psicotrópicos como "expansores" de mente e que, segundo sua interpretação, seria esse o caminho para o progresso da humanidade (!)
LENNON ficou empolgado com a candidatura e se propôs a fazer um jingle da campanha. O slogan de LEARY – "Come Together, Join the Party", retirado do IChing seria uma celebração à vida, na qual todos seriam os convidados a participar. LENNON criou uma versão "bruta" da canção e repassou a LEARY que a colocou nas rádios alternativas. Percebendo o potencial da faixa, JOHN a gravou para o compacto britânico que tinha "Something" no lado B.
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Em dezembro daquele ano, a candidatura de LEARY sofreu um grande choque, quando o mesmo foi preso por porte de maconha. Na cadeia ouviu a versão definitiva na rádio, do então recém lançado álbum "Abbey Road". Segundo declarou, anos depois para a revista Rolling Stone, LEARY ficou aborrecido e mandou uma carta para JOHN, expressando seu desagrado. De acordo com ele, LENNON respondeu: "Que ele era um alfaiate, e eu era um cliente que pediu um terno e nunca voltou. Então ele o havia vendido para outra pessoa". Só nos resta imaginar como seria o horário político naqueles tempos...
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Na foto acima: Rosemary Leary, Thimothy Leary, Yoko Ono e Lennon.
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