Neal Morse: álbum "expresso" não faz feio diante da discografia do mestre
Resenha - Sola Gratia - Neal Morse
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 25 de setembro de 2020
Nota: 8
"Sem tempo para pandemia, irmão!" esse parece ser o mantra de certos músicos, entre eles o vocalista, tecladista e violonista estadunidense Neal Morse, que anunciou um novo disco solo e, antes que você pudesse terminar de pronunciar "coronavirus", lançou o dito-cujo: Sola Gratia, uma continuação do Sola Escriptura, de 2007, que marca seu retorno à InsideOut Music.
Vale lembrar que, em menos de dois anos, ele já lançou (se não me falha a memória) quatro álbuns: um solo, um "semi-solo" com a The Neal Morse Band e dois com o Flying Colors, sendo um ao vivo. E não nos esqueçamos que talvez ainda neste ano saia mais um, com o Transatlantic. E sabe o que há em comum entre quase todos eles? Pensou certo: o onipresente baterista Mike Portnoy.
Este aqui traz na formação, além da dupla já citada: Eric Gillette (guitarra), Randy George (baixo) e Bill Hubauer (teclados). A exata formação da The Neal Morse Band, percebeu? Então por que diabos é considerado um trabalho solo?
Bem, talvez por preciosismo, o estadunidense não queria que algo escrito e arranjado quase totalmente por ele sozinho e ainda por cima com cada músico gravando suas partes em seus próprios cantos (#FicaemCasa) fosse considerado um lançamento em grupo.
No som, isso acabou, devo admitir, fazendo diferença. Ele é sensivelmente menos pesado que a média da The Neal Morse Band e com participações mais discretas de Eric e Bill, que limitam-se a reforçar e vez ou outra adornar uma base que já veio pronta.
Mantendo o clichê de iniciar seus álbuns com uma breve peça acústica seguida de uma "Overture", o multi-instrumentista vai do agressivo ao sereno para contar a história do apóstolo Paulo.
O conjunto de faixas traz aquele som bem característico da sua música, e tendo ele uma participação mais forte que nos discos da The Neal Morse Band, os seus traços ficam ainda mais acentuados. Falo, evidentemente, do forte uso de violões, das linhas do seu inconfundível timbre de teclado e da cadência pop-prog que ele desenvolveu ao longo das décadas.
Como destaques, eu pinçaria primeiramente "In the Name of the Lord", com uma energia reminiscente de "Welcome to the World" e "The Man in the Iron Cage" (lançadas com a banda) e evocando versos da longa "The Door", do Sola Escriptura.
Também destacaria "Building a Wall", outra faixa "agressiva", mas que incorpora elementos gospel na forma de um coral de bom gosto; "Sola Intermezzo", que traz uma inusitada... cuíca! E a mais longa, "Seemingly Sincere", cujo dinamismo justifica a duração de quase dez minutos. No clipe desta última, postado ao final deste texto, o tecladista surpreende ao mostrar que tocou os arpeggios da primeira parte da música "na unha", e não com um arpeggiator.
Embora não empolgue tanto quanto a estupenda dupla The Similitude of a Dream e The Great Adventure da The Neal Morse Band, o que pode ser reflexo do fato do ciclo anúncio-gravação-lançamento ter se dado numa escala de tempo relativamente diminuta até para um músico prolífico como ele, Sola Gratia não faz feio perante a discografia deste mestre que nos mostra a cada trabalho novo que música cristã não precisa ser chata nem apelativa.
Abaixo, o vídeo de "Seemingly Sincere".
Track-list:
1. "Preface"
2. "Overture"
3. "In The Name Of The Lord"
4. "Ballyhoo (The Chosen Ones)"
5. "March Of The Pharisees"
6. "Building A Wall"
7. "Sola Intermezzo"
8. "Overflow"
9. "Warmer Than The Sunshine"
10. "Never Change"
11. "Seemingly Sincere"
12. "The Light On The Road To Damascus"
13. "The Glory Of The Lord"
14. "Now I Can See/The Great Commission"
FONTE: Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/nealmorse2020
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps