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Sacramentia: técnica apurada e visão suficientes para ousar e tentar sair da mesmice

Resenha - Prophecies of Plague - Sacramentia

Por Silas Rodrigues
Postado em 08 de julho de 2020

O underground brasileiro nunca cansa de surpreender. Independente do estilo, ao garimpar bandas novas, você leitor com certeza irá se deparar com uma pletora de bandas interessantes que, embora lutem em meio às dificuldades que vários músicos brasileiros - estreantes ou não – passam, ainda assim conseguem nos presentear com performances excelentes. Um exemplo claro disso é a banda de Death Metal Sacramentia.

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A banda, oriunda do interior de São Paulo, é formada pelos membros Renan Bezan (vocal), André Guimarães e Guilherme Mendes (guitarras), Guilherme Melo (baixo) e Leonardo Michelazzo (bateria). Depois de um ano da consagração desta formação e firmando parceria com o produtor Gabriel Costa Netto, o álbum "Prophecies of Plague" toma forma, em grande estilo. Segundo os membros da Sacramentia, bandas como Mayhem, Sepultura e Death são grandes influências, e essas influências são apresentadas de forma brilhante ao longo do álbum, que contém pouco mais de 40 minutos de duração.

A abertura se dá com a curta Scorn Fate, com seu riff inicial direto, os guturais rasgados de Renan (que permeiam de forma consistente por todo o álbum). O refrão vem de imediato com mais groove. Há um solo de guitarra com boa dose de melodia e logo após a música termina, com gosto de "quero mais".

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E esse "mais" vem com Scum – riffs magníficos, cozinha afiada com o baixo bem marcado, refrão de fácil assimilação, passagem no meio com guitarra acústica e vocais sussurados (essa passagem vem com elementos meio Doom Metal), que depois dá lugar a uma bateria mais rápida. Tudo aqui funciona muito bem.

A terceira faixa, In Integrum Pandemonium, vem com um riff groovado lembrando Sepultura e linhas vocais bem dinâmicas e interessantes. Há uma passagem instrumental curta no meio com batucadas, que depois leva ao solo de guitarra. Embora seja a música mais curta do álbum, com menos de 3 minutos, ela consegue deixar seu recado de forma muito eficiente.

Em Black Psalm – grande destaque do álbum –, o início vem de forma bem soturna, com uma guitarra limpa e uma levada bem interessante da bateria, que depois dão lugar a um riff de guitarra bem Thrash Metal, riff esse que fica na cabeça e não sai mais. Depois dos solos, a banda nos presenteia com um clima puxado para o Death Metal clássico, para depois dar lugar à guitarra limpa novamente, mas trazendo o peso sem enrolação alguns segundos depois. Esta faixa contém várias dinâmicas diferentes, mas mesmo assim há uma coesão grande que não deixa com que ela pareça uma "colcha de retalhos". Maior destaque, e provavelmente a faixa mais madura do álbum.

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Silent Sinner, a quarta faixa, começa com guitarra acústica e vocais sussurrados, que logo dão lugar a um riff direto e os guturais. Refrão direto que fica na cabeça. Há uma quebra de estado interessante no meio da música, com um solo de violão clássico, completamente inesperado, mas muito bem-vindo. Depois o peso retorna, mas a faixa termina de forma "abrupta", parecida com a forma com que a primeira faixa termina.

Em Necrolust temos elementos de Death Metal clássico, velocidade, mas com groove na ponte e no refrão. Há um momento divertido no meio da faixa com gemidos femininos e um solo de guitarra mais "caótico" influenciado por Slayer.

CruciFiction – começa com o baixo dando o tom da música e solos de guitarra, com a bateria de Leonardo Michelazzo com groove forte, lembrando bastante Lamb of God. Ótimo solo de guitarra no meio da música.

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Caminhando para as três últimas faixas do álbum, temos Falling State of Mind – bateria e baixo marcantes, riff direto de guitarra acompanhando estes. Alguns dos melhores riffs do álbum estão presentes nesta música. Elementos Black Metal são encontrados em alguns trechos, com o tipo de palhetada característica no estilo. A exemplo da Black Psalm, é uma música que apresenta dinâmicas variadas e soa mais complexa. Outro grande destaque do álbum.

Ancient, a penúltima faixa, vem remetendo bastante ao Sepultura da fase Chaos AD, com bateria tribal e um riff de guitarra que poderia facilmente ter sido gravado pela banda clássica na época do igualmente clássico álbum.

A última música do álbum, Unknown Gods, tem unício com groove, que depois dá lugar a uma levada mais Black Metal. Perto do fim da música, entra um riff mais melódico de guitarra que, junto com a levada no ride da bateria, lembra bastante Iron Maiden... Esse momento mais melódico ganha velocidade no final e termina o álbum com mais um grande destaque.

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Embora seja uma banda nova na cena, nota-se que os músicos têm técnica apurada e visão suficientes para ousar e tentar sair da mesmice. Se você, leitor, está em busca de algo vindo do underground com uma boa dose de técnica, verdade e vontade nas músicas, Prophecies of Plague é uma excelente pedida. A Sacramentia é uma banda que ainda vai fazer muito barulho no underground!

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