Resenha - MXT - Machete Bomb
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 03 de julho de 2020
Nota: 9
A exemplo do que fez o ex-titã Paulo Miklos em 2017, quando lançou um disco solo terapêutico para ajudá-lo a lidar com a morte dos pais e da esposa, o cavaquinista Madu, líder da intrigante banda paranaense de samba-rock Machete Bomb, preparou um projeto especial para ajudá-lo a superar a morte da esposa.
A repercussão tímida na imprensa até agora não me permitiu garimpar informações suficientes para concluir com segurança se os demais membros do grupo participaram ou não deste projeto mas, de qualquer forma, ajuda não faltou: dezenas de nomes relevantes da cena contemporânea brasileira atenderam aos chamados de Madu para uma série de parcerias que foram sendo lançadas desde 2019. E são dezenas mesmo.
Tuyo, Odair José, Bnegão, Dedé Paraíso (Demônios da Garoa), Amanda Pacífico (Mulamba), Cacau de Sá (Mulamba), Egypcio (ex-Tihuana), Caio MacBeserra (Project46), Tomás Rosati (El Efecto), Janine Mathias, Mateo Piracés-Ugarte (Francisco, el Hombre), Xandão Meneses (O Rappa), Marcelo Lobato (O Rappa), Nave (beatmaker), Rodrigo Lemos (Lemoskine), Pete MC, Pecaos, Dow Raiz, Thestrow, Rodrigo Samsara e Alienação Afrofuturista estão entre os nomes que deixaram suas marcas no disco.
O resultado da compilação dessas parcerias é MXT, às vezes chamado de MXT comvida. São 26 faixas, sendo uma abertura, um encerramento, 12 músicas principais e 12 vinhetas respectivas com áudios dos convidados agradecendo pela oportunidade e comentando as canções das quais participaram, o que nos permite um mergulho profundo na história por trás de cada peça.
Tirando a abertura com ares épicos batizada exatamente com este nome ("Abertura"), temos uma profusão da típica mistura de samba, rap e rock que sempre moldou o som do Machete Bomb. É isso que permeará a obra do começo ao fim, com o rock tomando mais espaço nas faixas mais agressivas como "Pedra na Vidraça" e "Pixo Reto" e o samba reinando nas mais poéticas e delicadas.
E houve, sim, espaço para inovar um pouco. Em "Seu Valor", por exemplo, temos um flerte bem aberto com o rock sinfônico, fora a já mencionada introdução. Já em "A Ordem É Samba", temos uma curiosa participação do acordeão do forró. E sem falar nas flautas e na roupagem levemente soturna de "Central".
As letras vão do introspectivo ("Nunca Mais", "Seu Valor", "Te Liberta") às críticas sociopolíticas ("Pedra na Vidraça", "Que Loucura"), como que tentando equilibrar o aspecto extremamente pessoal do lançamento (vide o primeiro parágrafo) e a natureza politizada e pouco conformada da banda.
Com a qualidade ímpar de quem fez uma mistura inacreditavelmente pouco explorada no Brasil e a atitude corajosa de quem decidiu seguir encarando a vida apesar das montanhas que ela colocou no caminho, o Machete Bomb marca 2020 com um trabalho que certamente será figurinha carimbada nas listas de melhores do ano que sairão daqui a alguns meses.
Abaixo, o vídeo de "Pedra na Vidraça".
Track-list:
1. "Abertura"
2. "Nunca Mais"
3. "Vinheta: Dow, Bnegão e Odair"
4. "Buscando a Sorte"
5. "Vinheta: Thestrow e Rodrigão"
6. "Burn The Babylon"
7. "Vinheta: Ali e Caio"
8. "Central"
9. "Vinheta: Andó, Amanda, Cacau e Lio"
10. "Que Loucura"
11. "Vinheta: Pecaos, Pete e Odair"
12. "Pedra na Vidraça"
13. "Vinheta: Caio e Egypcio"
14. "Pixo Reto"
15. "Vinheta: Ali e Thestrow"
16. "A Ordem É Samba (Versão)"
17. "Vinheta: Fred e Janine"
18. "Seu Valor"
19. "Vinheta: Lemos e Tomás"
20. "Elo da Corrente"
21. "Vinheta: Xandão e Lobato"
22. "Te Liberta"
23. "Vinheta: Mateo e Tomás"
24. "Que Loucura (Remix)"
25. "Vinheta: Nave"
26. "Agradecimentos"
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://bit.ly/machetebomb
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