Iron Maiden: em 1982, o começo de uma era dourada para a banda
Resenha - Number Of The Beast - Iron Maiden
Por Thomas Engel
Postado em 06 de abril de 2019
The Number of the Beast é um CLÁSSICO da historia do Heavy Metal Mundial! Sua gravação está recheada de historias bizarras! Como quando Martin Birch (produtor do disco) bate o carro contra o carro de um grupo de freiras, e a conta para concertar saiu exatamente 666 libras, ou as gravações "apagarem" do nada e sem motivo aparente. Seu lançamento também não foi nada tranquilo! Ativistas religiosos e ultra-conservadores protestaram contra seu lançamento em 1982, acusando a banda de apologia/prática de satanismo e pacto com o Diabo (acusações recorrentes a diversas bandas do gênero na época), o que só serviu para alavancar a publicidade do disco.
Lembro-me de, aos meus 8 ou 9 anos de idade, ouvir esse e Piece of Mind em um Ipod Touch no Guarujá, em meados de 2010. Escutei tanto essa bagaça que sei a ordem das músicas de cabeça (já que não posso falar a clássica frase "ouvi até fazer um rombo no disco").
A capa mostra o mascote Eddie no Inferno, onde em sua mão esquerda ele segura uma bola de fogo, enquanto controla o próprio Diabo com a direita, que, por sua, vez controla uma marionete de um ser humano, num cenário caótico, repleto de labaredas, demônios voando e almas agonizando no fogo, com o nome do disco escrito em sangue.
O album abre com INVADERS, uma música rápida e frenética, que conta sobre invasões vikings na Inglaterra durante a idade média.
CHILDREN OF THE DAMNED é baseada no filme de mesmo nome, lançado em 1964, e mostra crianças que possuem poderes telepáticos, onde estas não possuem parentes e não se sabe sua origem. A música inicia com um belo e sombrio dedilhado, seguido por um vocal bem operístico, que antecede um refrão simples (apenas o nome da música), mas repleto de poder em todos os aspectos musicais! Depois ela fica mais rápida e pesada, mostrando toda a potência vocal de Bruce e a técnica de solos da dupla Murray/ Smith.
THE PRISONER é inspirada em um seriado de mesmo nome, exibido em 1967. Com uma narração feita pelo ator da serie original (Patrick McGoohan), seguida de uma intro de bateria simples, porém genial! Não assisti a serie, porém pelo que pesquisei, trata-se de um prisioneiro em uma ilha tropical, se alguém souber mais detalhes, por favor comente! O refrão até hoje é um dos mais amados pelos fãs, que o cantam em coro emocionados sempre que ela é tocada ao vivo,
22 ACACIA AVENUE traz novamente a saga de Charlotte, a prostituta da rua Acácia, ja abordada na música Charlotte The Harlot do primeiro disco. A música tem variações rítmicas que trazem toda uma vibração especial ao ouvinte, mostrando o quão caótica é a vida de uma pessoa que leva uma vida na prostituição.
THE NUMBER OF THE BEAST traz a consagrada e amada narração feita por Barry Clayton (originalmente, era para ser feita por Vincent Price, porém este se recusou pois não gostava do estilo musical da banda). Um clássico absoluto! A música traz a agonia e desespero sentidos por Steve Harris em um pesadelo após assistir ao filme A Profecia 2, desespero este que se vê reproduzido pelo jeito rasgado de Bruce ao cantar, chegando ao clímax no famoso berro em fry até hoje invejado por muitos aspirantes a cantores. Um destaque para a bateria de Clive, que segue um padrão rítmico único, digno de uma máquina humana (como ele era).
RUN TO THE HILLS traz outro dos mais famosos riff da Donzela! A faixa conta sobre a colonização dos ingleses nos EUA, onde ouve um massacre em cima da população indígena que ali vivia. A letra é cantada em primeira pessoa sob a perspectiva de um índio, que conta com detalhes des do momento da chegada dos ingleses, até suas batalhas sangrentas. O solo de Dave e Adrian é um dos mais virtuosos do disco! A música traz um ritmo que remete a cavalgadas de um cavalo em um campo de batalha (que seria explorada novamente no disco seguinte, com The Trooper) e pode-se ver no instrumental todas as fases dessa luta, des do fim da paz no inicio da canção, até a mais caótica de suas lutas no clímax.
GANGLAND inicia com uma insana intro de bateria. É a música tida como mais "sem sal" do disco (por mais que eu goste muito), onde esta quase se tornou lado B do single Run To The Hills. A letra conta sobre sobre brigas territoriais entre gangues e assassinos.
TOTAL ECLIPSE traz uma letra mais filosófica e reflexiva, mostrando o mundo no dia do juízo final, podendo ser vista também como uma analogia ao forte conservadorismo da época. A música foi originalmente lançada como lado B de Run To The Hills no lugar de Gangland, mas foi incluída ao disco no seu relançamento em 1998.
HALLOWED BE THY NAME encerra o disco da melhor maneira possível! onde vemos um instrumental que caminha junto com o andamento da letra. Eu poderia dissertar sobre toda a história que essa música conta, mas isso só seria possível em outro post, pois é uma música que mostra os 5 estágios de aceitação da morte (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação/conclusão).
A música fala sobre um filosofo sendo condenado a forca pela inquisição, com sua execução marcada para as 5 horas em ponto. O eu lírico espera em sua cela fria enquanto ouve os sinos tocarem, acompanhados de uma linha melancólica de guitarras. Em seguida, um padre vem lhe fazer uma última reza, enquanto ele olha desesperado pelas barras de sua cela, se perguntando se tudo isso poderia ser um erro ou um sonho louco, em que ele não consegue conter seu terror interno onde ele não consegue parar de gritar, ele chora mas se pergunta por que, ja que não acredita realmente em um fim. Quando ele é levado pelo corredor pelos guardas até a forca, alguém na cela do lado diz chorando "que Deus esteja com você" e, em um ato de raiva (segundo estágio da morte) ele se pergunta "se realmente existe um Deus, por que ele me deixou morrer?". Enquanto ele anda, sua vida passa diante de seus olhos e ele não se arrepende de seus atos, mesmo que estes o tenham levado a morte. Ele acredita que ao morrer, ele irá ver a verdade, e encerra dizendo que "a vida aqui é uma estranha ilusão". O instrumental todo segue para o fim onde o caos toma conta e pode-se interpretar como o momento em que o eu lírico é enforcado, logo após de dizer "santificado seja vosso nome".
Toda a banda flui de maneira orgânica neste disco, onde você sente que a entrada de Bruce fez com que a banda passasse a explorar arranjos melódicos que seriam impossíveis de serem executados com Paul Di'Anno na banda. As linhas de bateria de Clive também são exaltáveis, tendo em vista a complexidade rítmica. As linhas de guitarra e baixo são padrão Iron Maiden de qualidade, sempre virtuosas e repletas de técnica e "feeling" que criam uma parede sonora densa.
Tracklist:
Invaders
Children Of The Damned
The Prisoner
22 Acacia Avenue
The Number Of The Beast
Run To The Hills
Gangland
Total Eclipse
Hallowed Be Thy Name
Lineup:
Bruce Dickinson - vocal
Steve Harris - Baixo/vocal
Adrian Smith - guitarra/vocal
Dave Murray - guitarra
Clive Burr - bateria
Martin Birch - produção
Derek Riggs - capa
gravadora: EMI
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