Avantasia: Moonglow é o melhor desde as Metal Operas
Resenha - Moonglow - Avantasia
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 18 de fevereiro de 2019
Nota: 9
Apesar de dever muito para a discografia do Avantasia, o sétimo disco de estúdio da metal opera do vocalista, baixista e tecladista Tobias Sammet, Ghostlights, conseguiu boas colocações nas paradas e foi sucedido por uma turnê, alcançando o sucesso comercial que já é característico do projeto.
Isso garantiu sobrevida a esta banda que Tobias praticamente tinha dado como encerrada em 2014 e garantiu um oitavo lançamento, este Moonglow. Como seus dois antecessores (The Mystery of Time e o já mencionado Ghostlights), ele tem um time relativamente enxuto. São nove vocalistas convidados (fora o próprio Tobias) e apenas quatro instrumentistas, sem convidados para solos: Tobias no baixo e nos teclados, Sascha Paeth nas guitarras e no baixo, Michael "Miro" Rodenberg nos teclados e Felix Bohnke (colega de Tobias no Edguy) na bateria.
Mesmo assim, o rockstar alemão conseguiu produzir uma obra que não é apenas melhor que suas duas antecessoras. Ela é simplesmente o melhor trabalho do projeto desde as aparentemente insuperáveis The Metal Opera I & II, lá do começo do século.
Iniciando a jornada musical de 70 minutos, Tobias inexplicavelmente carrega a abertura "Ghost in the Moon" nas costas, frase que aqui significa "ele cantou sozinho numa faixa de quase dez minutos mesmo tendo nove ótimos convidados disponíveis". É uma faixa boa, mas o disco ainda tem coisas muito melhores a oferecer.
E esta minha afirmação já se comprova logo na sequência, "Book of Shallow", uma faixa relativamente agressiva, ainda que sem perder o clima fantasioso. Quase metade dos convidados já dá as caras (ou melhor, as vozes) aqui: Hansi Kürsch (Blind Guardian), Ronnie Atkins (Pretty Maids), Jørn Lande (Lande, ex-Masterplan) e Mille Petrozza (Kreator). Este último, diga-se de passagem, não cantou em mais nenhuma, mas não tem problema, pois soube valorizar cada um dos poucos segundos que lhe foram reservados.
A faixa título tem a participação de ninguém menos que Candice Night. Quem acha que a doce voz empregada por ela no Blackmore's Night não caberia no Avantasia se enganou tanto quanto quem achou que a faixa seria necessariamente a mais comercial. É verdade que ela está entre as menos pesadas, mas Candice cantou como qualquer outra vocalista de heavy metal - e ela já está beirando os 50, vale lembrar.
Outra grata surpresa de Moonglow é "The Raven Child". Nem tanto pela faixa em si (que é excelente, regada a suaves toques exóticos como harpas e sutis aromas celtas), mas pelo fato de, mesmo sendo a mais longa (mais de 11 minutos), foi a escolhida para divulgar o trabalho, com lyric video e tudo, numa aposta similar à feita pelo holandês Arjen Anthony Lucassen em 2017, quando escolheu "The Day That the World Breaks Down" para apresentar The Source, então novo disco de sua metal opera Ayreon, ao mundo.
"Starlight" e "The Piper at the Gates of Dawn" têm em comum o fato de apostarem em introduções com melodias sintéticas que lembram uma mistura de "Crestfallen", do The Wicked Symphony (2010) e "Breathe", do Age of the Joker, lançado em 2011 pelo Edguy, banda principal de Tobias. Apesar disso, é uma covardia comparar a primeira, curta e contando apenas com a participação de Ronnie, com a segunda, longa, dinâmica e adoçada não apenas com o próprio Ronnie, mas também com Geoff Tate (Operation: Mindcrime, ex-Queensryche), Jørn, Eric Martin (Mr. Big) e Bob Catley (Magnum), sem falar num ótimo duelo de guitarras de... Sascha com ele mesmo?
Entre uma e outra, temos "Invincible", balada orgânica e puramente sinfônica que cede todo o espaço possível para Tobias demonstrar seus talentos vocais com Tate e prepara o terreno para um dos destaques do álbum, "Alchemy", novo dueto com Tate, agora sustentado por um poderoso heavy metal.
"Lavander" é talvez a faixa menos interessante, em que pese ter Bob como convidado. Aliás, fico até surpreso de Tobias não ter selecionado esta com single de divulgação. Os grupos do gênero quase sempre pegam a faixa mais chinfrim para isso...
Antes mesmo de ouvir "Requiem for a Dream", eu já sabia que seria outro ponto alto, pois Tobias sempre reserva a nata para seu parceiro de longa data Michael Kiske (Helloween, Unisonic), o único cantor convidado a aparecer em toda a discografia do Avantasia até agora.
O fechamento da obra nos traz um cover de "Maniac", de Michael Sembello, cantado por Eric, apenas porque sim. Só os recém iniciados no mundo de Tobias Sammet estranhariam uma música dessas num álbum dele, mas ainda fica a dúvida sobre como exatamente esta faixa se relaciona com o enredo...
Há ainda uma faixa bônus, "Heart", outra em que Tobias canta sozinho. Ela não tem nem metade do encanto de suas companheiras e a decisão de deixá-la de fora acabou se mostrando acertada.
O maior êxito de Moonglow é ser atraente para fãs tanto da fase antiga quanto da fase nova do Avantasia. Ele traz fartas doses de power metal sinfônico com participações memoráveis de seus convidados, tal como acontecia nas Metal Operas. Por outro lado, mantém o apelo mais comercial e pé no chão dos lançamentos recentes, que tornaram mais fácil a tarefa de reproduzi-los ao vivo.
Track-list:
1. "Ghost in the Moon"
2. "Book of Shallows"
3. "Moonglow"
4. "The Raven Child"
5. "Starlight"
6. "Invincible"
7. "Alchemy"
8. "The Piper at the Gates Of Dawn"
9. "Lavender"
10. "Requiem for a Dream"
11. "Maniac"
12. "Heart" (faixa bônus)
Abaixo, o lyric video de "The Raven Child":
Fonte: Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/amoonglow
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