Leaves' Eyes: existe vida após Liv Kristine?
Resenha - Sign Of The Dragonhead - Leaves' Eyes
Por Fernando Queiroz
Postado em 06 de março de 2018
Nota: 8
O Leaves' Eyes é sem dúvidas um dos maiores expoentes do Metal quando se trata de bandas com mulheres à frente dos vocais principais. Contava, até 2016, com a "mãe do gothic metal e symphonic metal", vocalista da precursora do tão popular estilo "beauty and beast" de vocais, com uma mulher cantando lírico e um homem fazendo gutural, o Theatre Of Tragedy, a 'lendária' Liv Kristine, aquela que em quase tudo que tocava, virava ouro, vide a canção Nymphetamine do Cradle Of Filth que acabou se tornando a música de maior sucesso comercial da banda, em que Liv fazia os vocais principais. Em 2016, por motivos polêmicos, que para mim mais parecem enredo de novela das 9h da Globo, os quais não entrarei no mérito aqui, Liv saiu da banda, e logo foi anunciada a nova vocalista, a finlandesa Elina Siirala (curiosidade: Elina é prima em segundo grau do líder do Nightwish, Tuomas Holopainen). Por meses, a banda apenas fez tour com a nova vocalista, prometendo material novo logo. Em meados do fim de 2017, saíram, finalmente, os primeiros singles do álbum novo da banda e, agora neste começo de 2018, o álbum Sign Of The Dragonhead foi lançado. Mas será que existe vida pós-Liv? No Theatre Of Tragedy, infelizmente, não houve - no máximo uma "sobrevida" que não rendeu grandes frutos, pelo menos em termos de sucesso.
O álbum mostra que, ao menos, a banda seguiu mantendo seu estilo dando como sempre uma sonoridade mais "viking", com temática de letras e som inspiradas na mitologia nórdica, o que é um sinal, ao menos, de comprometimento com o que viria a se esperar deles. Afinal, quem realmente coloca esse tipo de sonoridade na banda é seu idealizador inicial, o vocalista (gutural) e tecladista Alexander Krull (ex-marido de Liv). Porém, é nítido que o estilo de cantar de Elina é muito diferente de Liv, com uma voz extremamente mais enérgica e até agressiva, ao contrário da voz doce e suave de Liv, característica que a elevou ao status que tem hoje. Por isso, o álbum também não manteve o tom, em geral, mais cadenciado e suave de outrora, indo muito mais em direção a algo mais pesado e rápido, mais impactante, algo que se vê logo de cara na primeira faixa, a faixa-título Sign Of The Dragonhead, e essa sonoridade se mantém por quase todo o álbum, mostrando que, apesar de manter o mesmo estilo, também quiseram colocar características novas, mostrando que realmente é uma fase nova da banda. Elina, aliás, mostra que é muito mais próxima cantando de nomes como Tarja Turunen e Floor Jansen que de Liv, e em momento algum tenta ser apenas a substituta de Liv, mas uma vocal realmente nova para a banda, como Anette Olzon foi em sua época no Nightwish, por exemplo.
Outro ponto a se destacar é como a produção do álbum (mixagem, gravação e masterização, quesitos bem técnicos) são extremamente superiores aos álbuns anteriores. Timbres de guitarra bem mais encorpados, baixo bem mais nítido e uma bateria bem limpa. Ponto mais que positivo para uma banda que, apesar de álbuns maravilhosos antes, pecava muito nesse quesito, apresentando produções bem a desejar.
Porém, também, há de se dizer, se você é um grande fã da banda como ela era com Liv Kristine, talvez vá se decepcionar um tanto, pois, como disse anteriormente, a voz de Elina é muito diferente, e o álbum como um todo acompanhou essa diferença, e de certa forma, apesar de mudanças serem algumas vezes bem-vindas, ao invés de se manter só como uma "cópia" de si mesmos, a nova sonoridade acabou se tornando um tanto genérica, se assemelhando mais a bandas que se inspiravam no Leaves' Eyes antes que algo realmente novo, original e inédito. Para uma banda que foi precursora de um tipo de som, esse Viking Metal com Beast and Beast, é um certo retrocesso. Claro que devemos dar um desconto, pois esse é apenas o primeiro material feito com a nova vocalista e com essa sonoridade nova, embora ainda com um pouco da cara de Leaves' Eyes. Possível que nos próximos álbuns encontrem mais sua nova cara, ou adaptem de vez a velha cara com um pouco de botox musical e talvez uma plástica.
No geral, o álbum agrada, é fácil de ouvir, fácil de curtir, para quem admira esse gênero, e não faz feio, de forma alguma perante a história da banda e, como o Kamelot mostrou na sua fase pós-Roy Khan, é possível manter sua cara com roupagem nova, e é possível melhorar isso com a experiência e entrosamento com vocalista novo.
1. Sign of the Dragonhead 04:06
2. Across the Sea 03:49
3. Like a Mountain 04:44
4. Jomsborg 03:25
5. Völva 03:38
6. Riders on the Wind 03:53
7. Fairer than the Sun 04:20
8. Shadows in the Night 03:48
9. Rulers of Wind and Waves 03:00
10. Fires in the North 04:21
11. Waves of Euphoria 08:03
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps