Heretic: álbum recheado de músicas de extremo refinamento
Resenha - Pessimist - Heretic
Por Bruno Rocha
Postado em 08 de julho de 2017
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Tendo já se consolidado como pioneiro no Brasil em misturar Heavy Metal com música oriental, a banda goiana HERETIC lançou em 2015 seu terceiro álbum de estúdio, "The Pessimist", no curto prazo de seis meses após o registro anterior, o ótimo "Leitourgia".
Influenciado pelas bandas israelenses MELECHESH e ORPHANED LAND, o HERETIC, liderado pelo guitarrista Guilherme Aguiar, aposta num Metal Progressivo instrumental, baseado no Death e no Black Metal, com o tempero de escalas étnicas orientais e instrumentos típicos daquelas regiões. Quem conhece o trabalho do músico indiano Ravi Shankar, irá identificar influências dele em composições do HERETIC, principalmente no que se refere ao uso de cítaras e de instrumentos de percussão.
Com relação ao álbum anterior, o HERETIC mostra um salto de qualidade em relação a mixagem de som. Produzido e mixado pelo próprio Guilherme, os instrumentos estão menos abafados e com seus timbres mais nítidos, mas algo da sujeira que é natural do Black e do Death permanecem grudados nas faixas, o que resulta numa experiência musical diferente em termos de Brasil. Apesar de ser daqui, o conhecimento que Guilherme Aguiar carrega de música oriental é empregado perfeitamente em sua música; parece até que ele andou tendo aulas com Melechesh Ashmedi (MELECHESH), ou mesmo com Ravi Shankar, tamanho o profissionalismo e a perícia em música oriental.
Colocando o álbum para rodar, através da audição que dura pouco mais de quarenta minutos (detalhe que adorei! Hoje em dia, é complicado ouvir um álbum que dure mais que uma hora...), notei que a maioria das músicas apostou no lado Heavy Metal. Claro, as escalas étnicas e as percussões estão lá dando o ar de sua graça, afinal, este é o diferencial e o DNA do HERETIC. Mas o trabalho de guitarras e as mudanças de andamento são prioridade na maioria das canções. Todavia, o que foi economizado de instrumentos típicos nestas músicas foi usado fortemente em outras.
Por exemplo: a faixa 03, "Citar Bomb", é completamente guiada por cítaras, como o nome da faixa acusa. O único instrumento convencional aqui é a bateria, que é guiada com muito primor e técnica, transformando esta música num Jazz/Fusion oriental. Simplesmente fascinante. O primor técnico da faixa-título impressiona pela destreza dos músicos e pelo detalhismo dos arranjos. A queda de notas no meio da música e a parte exótica que vem depois exalam climas pessimistas e melancólicos, justificando o nome da música.
Indo pela contramão, músicas como "Nameless Magick", "Arak" (que ganhou clipe), e "Act V" mostram o poder de fogo do HERETIC, focando na agressividade aliada à técnica dos músicos, resultando em composições empolgantes, inteligentes e sensatas, acima de tudo. A música "Interlude" nem parece tanto assim com o que seu nome significa. Começa calma e serena, com uma bela melodia de piano acompanhado por baixo fretless, mas assusta com a entrada repentina do peso das guitarras e da bateria. Se tornou uma das minhas preferidas. "Ouzakia" é outra peça agressiva, completamente um Thrash Metal com excelentes solos de guitarra, cortesia de Luís Maldonalle. Um clima etéreo é trazido por "Ras Divine Light", que é conduzida somente por percussão, encimado por um belo solo de guitarra. "Dead Language" é pesada e cria uma atmosfera imponente e sombria.
Dois destaques de "The Pessimist" ficaram para o final, os covers de "Genesis", do GHOST, e de "Caravans To Ur", do já citado MELECHESH. É sempre interessante ouvir covers de bandas de estilos diferentes dos originais, pois a banda que homenageia coloca sua identidade e seu ponto de vista na composição da homenageada. Os covers do HERETIC mais parecem novas músicas, dada a qualidade e criatividade de adornar o que já existe com algo novo e diferente.
No âmbito gráfico, notei outra evolução. Se em "Leitourgia" predominava uma cor cinza, bela, mas morta, em "The Pessimist" a cor dourada enche os olhos de quem aprecia um trabalho gráfico de excelente qualidade, com material bem-acabado e de muito bom-gosto. A cor do encarte reflete o valor das composições do HERETIC, que, acima de tudo, nos faz sentir orgulhosos da nossa criatividade que é um dos maiores privilégios de nosso Metal nacional, mesmo que a banda escolha músicas de outras regiões para trabalhar sobre. Mas isso não faz mal. Se muita gente diz que devemos valorizar que é nosso, o que concordo, penso também que a música é universal. Todos têm o direito de usá-la e de moldá-la de acordo com seus conhecimentos, propostas e gostos. Parabéns para o HERETIC, por mais este álbum recheado de músicas de extremo refinamento!
Ao lado de Guilherme Aguiar, ajudaram a dar vida e cor às músicas de "The Pessimist" os músicos Luiz Maldonalle (guitarras), Fifas Rules (baixo fretless), Diogo Sertão (bateria), Moys Henrique (guitarras) e do sempre solícito Lucão Sonoro (instrumentos típicos), todos músicos altamente gabaritados e técnicos, que depositaram aqui suas valiosas contribuições.
Apesar do nome do álbum ser "The Pessimist", este disco só fez alimentar e engordar mais ainda minhas posições otimistas, de música de qualidade e criativa, que só o povo brasileiro sabe fazer. Mas não faz mal tomar emprestado os belos e exóticos sons do Oriente, não é? Namastê!
The Pessimist – Heretic (independente, 2015)
Tracklist:
01. Nameless Magick
02. Arak
03. Sitar Bomb
04. The Pessimist
05. Act V
06. Interlude
07. Ouzakia
08. Ras Divine Light
09. Dead Language
10. Genesis (Ghost cover)
11. Caravans To Ur (Melechesh cover)
Line-up
Guilherme Aguiar – todos os instrumentos
Fifas Rules – baixo fretless
Luiz Maldonalle – guitarras-solo
Outras resenhas de Pessimist - Heretic
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
O álbum conceitual do Angra inspirado no fim do casamento de Rafael Bittencourt
Regis Tadeu explica se reunião do Barão Vermelho terá tanto sucesso como a dos Titãs
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
Como um telefonema permitiu a participação do Twisted Sister no Bangers Open Air
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
O que diz a letra da clássica "Roots Bloody Roots", segundo Max Cavalera
O disco que os Beatles chamaram de o maior álbum já feito; "imbatível em muitos sentidos"
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
O melhor compositor de letras de todos os tempos, segundo Axl Rose do Guns N' Roses
Moonspell celebrará 30 anos de "Wolfheart" com show especial no Brasil
Blackberry Smoke confirma quatro shows no Brasil em 2026
Steve Harris admite que sempre foi "acumulador" de coisas do Maiden, e isso salvou novo livro
A banda clássica de rock em que Ozzy Osbourne era viciado: "Eles são como carne e batata"
A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
Pearl Jam: A verdadeira origem do nome da banda
AC/DC - Perguntas e respostas e curiosidades
Cannibal Corpse: vocalista não entende interesse dos internautas por seu largo pescoço

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



