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Thor: Força e o poder do Heavy Metal

Resenha - Only The Strong - Thor

Por Rafael Lemos
Postado em 26 de junho de 2017

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Este poderoso álbum clássico do Heavy Metal tradicional oitentista foi gravado em uma época em que os apreciadores do estilo eram vistos como negativos pela sociedade e isso era o que impunha respeito e gerava a identidade entre eles. Nenhum headbanger era ridicularizado. Era impensável, por exemplo, uma banda de Metal fazer uma música com letras engraçadas como se fez futuramente, em especial no Brasil, com grupos que descaracterizaram o estilo, que tornaram o Rock um gênero mais acessivel por estar deturpado. Headbanger não brincava com a música que ouvia, pois esta representava o seu estilo de vida, algo a ser levado a sério, não pra dar risada de si mesmo. Calça de couro, cabelo comprido, braceletes com rebites e tatuagens era utilizados como símbolos. Era um convívio de gueto, onde se tinha orgulho pelo que se fazia, não tinha essa de tocar pela técnica, pela grana ou pra vender discos e agradar produtores (pelo menos dentro do underground). Fama era algo secundário, pois o Metal estava acima disso. As bandas não eram tão plastificadas como muitas atuais, que mais parecem terem sido montadas por empresários, onde os seus integrantes são um bando de posers que pouco entendem sobre o estilo que tocam.

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O ano era 1985, marcado pelo forte radicalismo. Era preciso tomar opiniões e firmar uma identidade. Nada de misturar gêneros: ou se ouvia e tocava Heavy Metal, ou Thrash e por aí vai, nunca dois estilos, senão você era ridicularizado. Ser chamado de poser era a pior das ofensas e eu acho que deveria ser assim ainda hoje. Ou é banger, ou é poser. Simples assim.

Excelentes bandas oitentistas acelerariam a velocidade das músicas, enquanto mais futuramente outras que particularmente eu não gosto por considerar um som falso, sem essência e feito por e para posers intensificaram o peso dos dois bumbos e das guitarras, inseriram ritmos quebrados, utilizando uma produção mais elaborada, chegando a deixar a sonoridade artificial. As musicas de bandas como Medieval Steel, Liege Lord e Konan, além do próprio Thor, parecem inocentes segundo a maioria das pessoas da geração mais nova, acostumada com as modernidades sonoras e baixas afinações, mas pra época a música feita por eles era extremamente pesada e anti-comercial. Às vezes, é preciso contextualizar.

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O Thor veio do Canadá e desenvolveu o seu som nesse espírito. Embora inicialmente fizesse um estilo mais voltado ao Rock setentista (um bom álbum dessa fase é "Keep the dogs away", de 1977), aprimorou suas composições no decorrer dos anos 80, sendo o ep "Unchained", o álbum "Only the strong" e o ao vivo "Live at Detroit" os pontos altos desse período (que, vale ressaltar, dura até hoje, pois ele está em atividade).

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O Thor obteve certa fama nos anos oitenta, e até no início dos anos 90 era comum se falar nele. Hoje em dia, somente aqueles que mais acompanham e aprofundam no estilo Heavy Metal o conhece.

Não espere um instrumental complexo e ricamente elaborado. O que se ouve aqui é a força do Heavy Metal tradicional oitenstisa, sem frescura. A técnica cede lugar à energia. As complexidades à emoção que emana de cada momento das músicas.

É o que podemos notar em "Only the strong". São riffs cortantes, bases estontantes, uma bateria que esmaga o cérebro do ouvinte com sua potência, uma voz pronta para estourar os tímpanos com os mais altos decibéis que o Metal gerou. Todas as músicas seguem a mesma linha sonora, com uma produção precária que torna o som ainda mais legal. Os solos simples e eficientes, a bateria reta e as bases fortes, comuns nos anos 80, são os pontos fortes do disco. Dá pra perceber a despreocupação comercial, pois o objetivo nao era a venda, mas fazer o som para quem curte o estilo.

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O refrão grudento da faixa título, os backings em "Thunder on the thundra", o peso da bateria de "Let the blood run red" e da "Hot flames" e a influenciada pelo Kiss "Rock the city" são músicas que devem ser ouvidos por todos que julgam conhecer o Heavy Metal. Não tem balada aqui, você só vai encontrar música forte do começo ao final.

Existem várias edições em cd deste clássico imortal que já derreteu muitos cérebros de roqueirinho moderno logo que estes escutam a avassaladora introdução. A que possuo é uma edição grega que tem o desenho da capa em um close maior que no vinil, perdendo praticamente todo o fundo. Tem, também, um encarte simples com letras e fotos mal posicionadas (resumindo: péssima parte gráfica), mas compensa por incluir duas bônus tracks, "Invader" e a destruidora "Unchained".

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Além do Thor nos vocais, os responsáveis por esta obra prima são Cherry Bomb nos backing vocal, Mike Favata na bateria, Steve Price na guitarra (que logo seria substituido pelo Pantera) e Keith Zazi no baixo.

O álbum foi bem aceito na época, chegando a platina nos EUA e na Inglaterra.

Resta o aviso final. Posers: nem cheguem perto.

Um vídeo para os reais baterem a cabeça pode ser conferido aqui:

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Faixas:
01- 2045 (intro)
02- Only the strong
03- Start raising help
04- Knock 'em down
05- Let the blood run red
06- When Gods collide
07- Rock the city
08- Now comes the storm
09- Thunder on the tundra
10- Hot flames
11- Ride of the chariots
12- Invader (bônus)
13- Unchained

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Sobre Rafael Lemos

Rafael Lemos começou a gostar de Heavy Metal, Hard Rock e Progressivo em 1991, sem influência de ninguém, realizando pesquisas sobre as bandas.
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