Avenged Sevenfold: Banda mostra porque resiste ao tempo
Resenha - Stage - Avenged Sevenfold
Por Marcio Machado
Postado em 15 de dezembro de 2016
Nota: 8
Seja para o bem ou para o mal, o Avenged Sevenfold se mostra como uma das bandas mais sólidas da safra recente, angariando tanto detratores, como fãs e respeito de pessoas de nome alto no meio, já tendo contado com um dos maiores bateristas do gênero e ex integrante de uma das maiores bandas do cenário em sua formação, o A7x como é conhecido pelos mais íntimos, recentemente colocou em circulação seu mais recente trabalho, The Stage, que vem causando divisão na opinião das pessoas, alguns, mesmo fãs já o consideram como o pior trampo dos caras até hoje, já alguns não tão ortodoxos, como eu, já o colocam num patamar de melhor trabalho dos caras disparado, onde mostram sua real capacidade musical, de experimento e amadurecimento.
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Depois do morno, repetitivo e fraco Hail to the King de 2013, a banda traz uma nova abordagem em seu som, trazendo um disco realmente novo, cheio de novas experiências e acertos, como finalmente o abandono das guitarras gêmeas. Chamar de álbum experimental é meio que chover no molhado ao se tratar do Avenged, que construiu sua base no metalcore em seus dois primeiros discos, para depois transitar entre os mais diversos estilos, como heavy metal, thrash, prog, country e até mesmo uma inusitada parceria com Danny Elfman ex-Oingo Bongo e condutor de várias trilhas para o cinema, muitas ao lado de Tim Burton.
Mas sem enrolar mais, vamos ao que interessa, The Stage. Primeira nota a ser conferida aqui é a troca novamente do posto de baterista. Desde a morte de The Rev em 2009, Mike Portnoy já foi chamado para gravar um disco e excursionar, inclusive passando pelo SWU com essa formação, mas alegando preferirem dar vez à alguém mais novo e de ideias frescas, dispensaram o barba azul para dar vez a Arin Illejay, que parecia ser dono das baquetas em definitivo, até a surpresa, até mesmo para o próprio de sua demissão, e para o posto um escolha duvidosa de início, Brooks Wackerman, que era mais conhecido por seu trabalho na banda punk Bad Religion, mas já tendo trabalhado com o Korn e Suicidal Tendencies, e mostra que desde a morte do batera original, a mais certeira escolha foi Wackerman, esse se mostra a vontade no posto, criando linhas complexas, pesadas e certeiras por todo o disco, e criando uma química perfeita com os demais músicos, só aí o disco avança um bocado.
The Stage, faixa homônima abre o disco bem a cara do Sevenfold, um teclado que nos remete de longe à Mr. Crowley, para depois a chegada das guitarras, que nos jogam por um breve momento ao álbum anterior, na também faixa homônima do mesmo, dando um certo receio de que se o que virá a frente é o mesmo trabalho aguado, mas essa impressão se esvai assim que a bateria e a segunda guitarra dão as caras. O peso e velocidade abrem espaço para uma faixa pra cima, cadenciada e cheia de detalhes, e reparem como a cada frase Brooks cria um novo detalhe enriquecendo a música, lembrando a fase Dream Theater do Train of Throught. E que solo lindo, com vigor e contido na dose certa, sem aquela melação de outrora, dando espaço à um dedilhado remetendo à alguma música do And Justice For All, mas sem deixar em nenhum momento de ter a pegada do A7X. Uma abertura espetacular nos seus quase 9 minutos.
Paradigm já chega causando estranheza à algumas pessoas, pois a faixa traz uma levada completamente distante de algo já feito pela banda, levada essa composta por uma bateria e guitarra em perfeita sincronia, de peso e cadência. Palmas aqui para o vocal de Shadows, que se encaixa perfeitamente na parte instrumental, gritando um refrão grudento e melódico, com bastante força pra terminar numa forma mais branda e calma, já entra como uma das melhores do disco.
Em seguida, temos uma faixa bem cara de City of Evil, com parte de suas guitarras gêmeas de volta por um breve momento, Sunny Disposition, traz o tradicional dos caras, para um refresco na cabeça dos fãs saudosos, inclusive a também participações de instrumentos de sopro, que iram remeter à um dos clássicos da bandas, A Little Piece of Heaven e solo característico, com notas a zilhão por hora e bateria rápida. Boa faixa e boa abertura de caminho para o que vem a seguir.
God Damm é o arrebate do disco, sem dúvida alguma. As coisas aqui começam sem Frescura, bateria e guitarras secas e pesadas, para abrir espaço pra um baixo, finalmente de real importância, numa faixa com pegada Thrash, mas caindo em mais um refrão melódico e que pega fácil, e já falei sobre o peso da faixa né? O que é isso meu amigo?! Não a toa, a mais ouvida em serviços de streaming e escolhida para ser a próxima a ganhar um vídeo clipe. Disparado a melhor faixa do álbum e candidata a criar muitos mosh em suas apresentações ao vivo, e uma ressalva, seria possível a banda, em tantos riscos que corre em sua trajetória se arriscar a criar um disco todo nessa pegada numa próxima vez? Já vimos que capacidade eles tem de sobra e se dariam super bem.
Creating God é outra faixa que começa bem pesada, com uma bateria que dr início causa estranheza, parecendo desconexa, mas logo vemos que tudo se encaixa perfeitamente, em outras das melhores faixas, e que refrão é esse? E mais uma vez, destaque a Brooks, o que esse filho da puta faz aqui é digno de Portnoys da vida, e como vai alto a voz de Shadows por aqui, trabalho lindo.
Finalmente um momento de descanso, Angels é a primeira balada do álbum, indispensável em algo dos caras, marca registrada. E essa não fica a dever, sendo bem grudenta e de fácil assimilação, com um solo não tanto inspirado, mas de acordo com a faixa, que passa meio despercebida depois das pedradas anteriores.
Outra balada em seguida? É o que os primeiros segundos de Simulation aparentam, mas logo as coisas mudam de figura, num clima de guerra, o peso de outrora volta a dar as caras, e tudo se torna caos de novo,apesar de não empolgar muito, talvez pela recepção fria de Angels.
Higher tenta melhorar um pouco o clima das coisas, sendo uma faixa mediana, meio sem sal até, mas com vários acertos, principalmente no vocal e guitarras de seu refrão, me remete à algo que não sei descrever o que exatamente, mas nada inédito, e após sua segunda aparição, as coisas melhoram, trazendo uma passagem que nos remete as bandas mais clássicas do gênero, com introdução de vozes de um coral em seu final. Morna, mas ainda assim um trabalho muito bom.
Roman Sky é outra faixa morna, uma meio balada que mais parece feita para algum disco de Natal. Sem muito o que falar sobre, a faixa começa e acaba sem causar algum impacto, ou mesmo marcar alguma presença, entrou e saiu sem ninguém ver. Fermi Paradox já muda as coisas, com uma introdução bem a lá thash metal, mas em alguns momentos parece cansada, sem pressão, para em outros voltar a respirar e se enquadrar,sendo ainda assim meio perdida.
Última faixa, e que longa, Exist nos traz 15 minutos, cujo 8 são só de introdução, Shadows só da as caras nesse tempo, um pouco desnecessário, mas vamos lá... o encerramento fecha de acordo, sem muita histeria, como seu começo prometia, acaba se tornando um pouco confusa em seus momentos finais, mas ainda assim mostrando a versatilidade dos músicos, dando espaço para que cada um brilhe a sua forma.
Entre erros e acertos, The Stage mostra o amadurecimento daqueles meninos com camisetas coladas e calças de borracha, e que sua música vai muito além do clubinho de menininhas histéricas com o físico dos caras, Avenged Sevenfold mostra porque resiste ao tempo e as duras e injustas críticas espirradas dos mais variados lugares, deixando sua música falar por eles, e mostrando que merecem sim seu destaque e patamar de hoje.
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