Opeth: "Sorceress" é o disco definitivo da nova fase da banda
Resenha - Sorceress - Opeth
Por Igor Miranda
Postado em 30 de setembro de 2016
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
'Evolução' é a palavra que tem guiado os trabalhos mais recentes do Opeth. Formada nos anos 1990, a banda sueca se destacou na década de 2000 com trabalhos consistentes, que misturavam o death metal a elementos da música progressiva e do jazz fusion. Trabalhos como 'Damnation' (2003) e 'Ghost Reveries' seguem como verdadeiros clássicos para quem gosta de som pesado.
A questão é que nem mesmo o AC/DC e o Motörhead, em suas longas trajetórias, fizeram o mesmo som por muito tempo - e olha que são bandas com fama de 'repetitivas'. Não seria, também, o caso do Opeth, ainda mais por contar com músicos técnicos e de muita bagagem musical. Dessa forma, não é estranho pensar que o grupo, em algum momento, apostaria em novas sonoridades.
Foi o que aconteceu a partir da atual década. O Opeth passou a desvencilhar-se do metal, especialmente dos elementos mais extremos. A mudança foi gradual: 'Heritage' (2011) ainda é bem pesado, mas Mikael Åkerfeldt abandona os vocais guturais e gritados que o consagraram anteriormente. 'Pale Communion' (2014) já é menos intenso e tem uma pegada mais orientada ao rock progressivo.
Enfim, em 'Sorceress' (2016), parece que a evolução do Opeth chegou a um ponto de equilíbrio. Era notável que, nos dois lançamentos anteriores, o grupo estava em busca de uma nova identidade. Neste registro mais atual, que chegou a público nesta sexta-feira (30), a banda conseguiu aliar o que fez de melhor em sua discografia.
Sou um pouco suspeito para me posicionar com relação às duas fases do Opeth. Não sou grande admirador de vertentes mais extremas do metal, nem de vocais guturais. Naturalmente, iria preferir os discos mais atuais.
Mas reconhecer que 'Sorceress' é um grande disco vai além de preferências pessoais. O álbum soa consistente do início ao fim. Por mais que experimentar seja algo natural na música, já não dava mais para o Opeth seguir 'aventureiro' em seus trabalhos. Precisava mostrar um modelo a ser seguido.
É o que propõe a banda em 'Sorceress'. Ao longo de suas 11 músicas - considerando as curtas faixas de introdução e encerramento -, há um híbrido perfeito entre rock e metal progressivo, com pitadas retrô e momentos instrumentais pontuais de pegada experimental.
A abertura acústica 'Persephone' abre caminho para a ótima faixa que dá nome ao álbum, em uma mistura de Pink Floyd com os momentos menos grosseiros do Mercyful Fate. Soa retrô, mas sem se ancorar demais em referências. 'The Wilde Flowers' me lembra alguns momentos do último disco do Ghost, 'Meliora', mas com técnica muito mais apurada e rebuscada. A transição entre o fantástico solo de guitarra e o momento em que a música simplesmente cai, lá para o 3° minuto, é incrível.
A acústica 'Will O The Wisp' mostra a habilidade da banda em compor boas músicas, enquanto 'Chrysalis', mais pesada, traz um desfile de domínio instrumental. Joakim Svalberg brilha nos teclados. As climáticas e acústicas 'Sorceress 2' e 'The Seventh Sojourn', instrumental, são quase duas vinhetas. Poderiam estar em momentos diferentes da tracklist, mas, ainda assim, são bons momentos.
Com quase nove minutos, 'Strange Brew' é a faixa mais longa do disco. Nem assim, sua audição é cansativa. Começa calminha, mas logo descamba para um fusion que evidencia a técnica de Martin 'Axe' Axenrot na bateria. As mudanças de andamento a engrandecem ainda mais. Canção incrível.
'A Fleeting Glance' começa guiada pelo violão, mas logo o instrumental entra de vez. A faixa é leve, mas soa densa. Os backing vocals aparecem bem por aqui. 'Era' lembra 'Strange Brew' em seu andamento: inicia-se devagar, quase parando, até que a banda começa a tocar. Os riffs e as passagens lembram Rush. O 'refrão', ao fim, cativa de primeira. 'Persephone (Slight Return)' fecha o disco com uma curta trilha de piano.
O primeiro passo para compreender 'Sorceress' como um grande disco é tirar da cabeça a imagem de que o Opeth é uma banda de metal. Não é mais. Há, sim, alguns elementos metálicos ao longo do álbum. Porém, a música praticada pelo grupo foge de rótulos e de referências excessivas.
'Sorceress', para mim, é o melhor disco da carreira do Opeth. E ele merece a sua atenção também.
Mikael Åkerfeldt (vocal, guitarra)
Fredrik Âkesson (guitarra)
Martin Mendez (baixo)
Martin Axenrot (bateria)
Joakim Svalberg (teclados)
01. Persephone
02. Sorceress
03. The Wilde Flowers
04. Will O The Wisp
05. Chrysalis
06. Sorceress 2
07. The Seventh Sojourn
08. Strange Brew
09. A Fleeting Glance
10. Era
11. Persephone (Slight Return)
Veja também:
- Opeth: para Mikael Åkerfeldt, abandonar death metal foi 'libertador'
Comente: O que achou do novo álbum do Opeth? Prefere a banda tocando death metal ou a fase atual?
Outras resenhas de Sorceress - Opeth
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
O guitarrista que Jimmy Page admitiu estar fora de seu alcance: "Não consigo tocar"
Monsters of Rock confirma as 7 atrações da edição de 2026 do festival
Fender lança linha de instrumentos em comemoração aos 50 anos do Iron Maiden
A canção dos Rolling Stones que, para George Harrison, era impossível superar
O Melhor Álbum de Hard Rock de Cada Ano da Década de 1980
Em publicação sobre "Rebirth", Angra confirma Alírio Netto na formação atual
Evanescence anuncia turnê mundial para 2026
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
Os cinco maiores bateristas de todos os tempos, segundo Dave Grohl
As três bandas clássicas que Jimmy London, do Matanza Ritual, não gosta
A música de amor - carregada de ódio - que se tornou um clássico dos anos 2000
Men At Work anuncia show extra em nova turnê nacional
Brian May escolhe os três maiores solos de guitarra de todos os tempos
Roger Waters presta homenagem a Marielle Franco em nova faixa
Opeth: para Mikael Åkerfeldt, abandonar death metal foi "libertador"
Os 25 maiores álbuns de metal lançados após o ano 2000, em lista da Loudwire
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal


