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Resenha - O Rigor E A Misericórdia - Lobão

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 17 de fevereiro de 2016

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

O Lobão, para mim, é um dos mais autênticos roqueiros brasileiros que existem hoje em dia. E eu digo isso sem reservas, e sem medo. Isso não quer dizer que eu goste de toda sua obra musical, ou de todas as opiniões que ele emite, mas admiro seu esforço em querer assumir riscos, em tentar coisas novas, em se impôr como artista e como pessoa. Isso não é para um zé qualquer, escravinho das grandes corporações, e que reza a cartilha que lhes mandam para conseguir seu pão com mortadela no final do mês. Mas não estou aqui para falar da pessoa dele, mas sim da música.

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Tenho boas recordações, aprendendo a tocar violão com meu professor de música nos anos 90, ao som de clássicos do cara, como "Vida Louca Vida", "Me Chama" e "Chorando no Campo" três das músicas dele que sempre estiveram entre as minhas favoritas, junto de outras como "Sozinha Minha", "Rádio Bla", coisas que estão entre os maiores hits do cara. Sim, eu devo admitir, aqui neste momento, que o Lobão está, e sempre esteve, entre os meus artistas favoritos de Rock brazuca, com letras em português, ao lado do clássico Mutantes, do Nenhum de Nós, do RPM, da banda Taffo (que já tocou com Lobão), e mais recentemente, do Senhor X.

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O Lobão é um cara que está aí, há muito tempo já. Lotava shows nos anos 80 e 90, se envolveu em controvérsias nestes tempos, enfim, passou seus altos e baixos. Quando eu era moleque, eu adorava isso, afinal de contas, qual adolescente, nos anos 90, não curtia uma transgressão? Dos discos do cara, como falei lá em cima, eu acredito que ele teve uma melhora musical em relação aos seus primeiros álbuns, que eu já não curto tanto, mas posso destacar aqui algo como Vida Bandida, de 1987, e Canções Dentro da Noite Escura, de 2005, que são os meus favoritos, o último, inclusive, por ser bastante pesado, se comparado ao resto de sua discografia.

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O Rigor e a Misericórdia , lançado em novembro do ano passado, e disponibilizado, em grande parte, pelo iTunes, Spotify e outras ferramentas digitais, vem após uma ausência do músico de 10 anos sem lançar material novo. Sendo assim, ele teve tempo de pescar o que melhor funcionou durante o período de 2014 a 2015 e organizar as ideias no disco, que se trata, nada mais, do que uma carta à ignorância e à intolerância que tomou forma no país de hoje em dia. O lobo mal continua feroz e mordaz em suas críticas e não faz prisioneiros quando envolve sociedade e política em suas letras. Tocando todos os instrumentos, Lobão faz, aqui, talvez um de seus melhores discos, podendo entrar aí nesta pequena relação dos meus álbuns favoritos do músico em sua carreira.

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O disco abre com uma faixa curta, "Overture", talvez querendo referenciar seu trabalho de 1986, O Rock Errou, único disco de sua discografia que possuía uma abertura curta, até então. Esta abertura tem um timbre de órgão que exala caos e questionamento, antes de entrar em, talvez, uma das melhores surpresas do novo disco, a porrada "Os Vulneráveis", música que me agrada bastante, não somente pelo seu conteúdo musical, mas também pela letra ferina, que refere-se aos políticos mentirosos e que insistem na mentira como forma de livrar a cara, a exemplo da incoerência um certo cidadão que foi pego recentemente por causa de um triplex no Guarujá.

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Uma faixa de destaque, até porque foi a primeira faixa do disco que eu pude ouvir ano passado, é "A Marcha dos Infames", e com relação a ela, não tem como escapar do conteúdo político, até porque foi originária justamente daí. Ela foi feita como resposta do músico, após ele ser colocado em uma lista negra que o PT publicou no seu site, onde incluíam personalidades como o músico, o apresentador Danilo Gentili, o comediante Marcelo Madureira e mais seis ou sete pessoas, como inimigos públicos do país. Muitas destas personalidades disseram que se sentiram honradas em fazer parte dessa lista.

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O episódio, como não poderia deixar de ser, queimou mais ainda o filme do partido, que hoje tem confiabilidade próxima de 0% perante ao olho público; apesar de não produzir exatamente uma obra de arte, a proposta da marchinha é boa, como indicativo de um exército em direção ao inimigo; a melodia é ok, e a letra aponta, de forma feroz, exatamente para as presas do lobo. E na mesma vibe vai "A Posse dos Impostores", uma música bem mais bacana e interessante, com clima soturno, e com Lobão ainda apontando, de maneira mordaz, aqueles que não deixam o país crescer, aqueles que roubaram uma nação, que extirparam dela toda chance de evoluir, e que habitam, no presente momento, o Planalto Central do país. A melodia é bastante advinda do art rock e a sonoridade espacial do teclado é uma adição muito boa.

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Passada a ótica política do músico, vamos para outros destaques. Das lentas, gostei da aventura do músico em "O Que Es La Soledad En Sermos Nosotros", cantando em espanhol; também gostei demais de "Alguma Coisa Qualquer", eu acho muito bacana esse estilão do Lobão de cantar sentido, hora rosnando como um animal, e hora chorando, como se estivesse tendo um orgasmo em cada refrão da letra; a poética de Lobão aqui encontra sua composição mais interessante, e uma das mais sinceras, bem ao estilo que sempre pertenceu só ao músico; assim também é em "Dilacerar" e a belíssima "Os Últimos Farrapos Da Liberdade", com suas incursões de blues nas estrofes.

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A faceta de músico popular, como o cara gostava de ressaltar alguns anos atrás, é exercida aqui na acústica "Ação Fantasmagórica A Distância", que lembra levemente algo como "Chorando No Campo", e na belíssima "Uma Ilha na Lua".

O peso e a agressividade voltam na ótima "Profunda E Deslumbrante Como O Sol", entremeando arranjos de música caribenha e o som sujo e pesado da guitarra nos solos. O disco fecha com a faixa título "O Rigor E A Misericórdia", onde a verborragia acompanha os arranjos melódicos, hora lineares e hora mais dissonantes, que imersos pelo diálogo entre a perfeição e a grandiosidade que somente o rigor e o esforço podem trazer e a gentileza e bom-mocismo que a misericórdia semeia, nos pintam um quadro caótico, onde o músico compõe sua grande finalização e termina um de seus melhores álbuns, um disco que facilmente entra entre os melhores trabalhos que Lobão escreveu, e que certamente vale muito a pena conferir.

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Meio desacreditado no universo musical, devido aos seus 10 anos de discussões políticas, o músico surpreende e retorna com um ótimo disco, bem gravado e produzido, com mixagem de padrão internacional, o que é um grande feito, uma vez que o álbum foi produzido de maneira toda independente e através do crowdfunding, com dinheiro dos próprios fãs, e que é obrigatório para quem realmente curte música brasileira de qualidade e feita com esmero, rigor e disponibilizado com paixão, por quem realmente entende do assunto.

E como não dá mesmo, a essa altura, para separar a veia política da carreira do músico, terminarei dizendo que acho ele um lutador, e admiro seu esforço em dar um pouco do seu tempo para fomentar o discurso político, precisamos de mais músicos assim, uma vez que a arte, a sociedade e a política estão intrinsecamente ligados entre si. Se isso soa incoerente para você, leitor, bem, é como bem disse o próprio músico no disco: "a incoerência de quem fala, depende de quem vai ouvir". E enquanto o velho lobo estiver uivando, eu estarei tranquilo.

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O Rigor E A Misericórdia (2015)
(Lobão)

Tracklist:
01. Overture
02. Os Vulneráveis
03. A Marcha Dos Infames
04. Assim Sangra A Mata
05. O Que Es La Soledad En Sermos Nosotros
06. Alguma Coisa Qualquer
07. Dilacerar
08. Os Últimos Farrapos Da Liberdade
09. A Posse Dos Impostores
10. Ação Fantasmagórica A Distância
11. Profunda E Deslumbrante Como O Sol
12. Uma Ilha Na Lua
13. A Esperança É A Praia De Um Outro Mar
14. O Rigor E A Misericórdia

Selo: Universo Paralelo

Banda:
Lobão: todos os instrumentos

Discografia:
- O Rigor E A Misericórdia (2015)
- Canções Dentro Da Noite Escura (2005)
- A Vida é Doce (1999)
- Noite (1998)
- Nostalgia da Modernidade (1995)
- O Inferno é Fogo (1991)
- Sob o Sol de Parador (1989)
- Cuidado! (1988)
- Vida Bandida (1987)
- O Rock Errou (1986)
- Decadence Avec Elegance (com Os Ronaldos) (1985)
- Ronaldo foi pra Guerra (com Os Ronaldos) (1984)
- Cena de Cinema (1982)

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Site oficial:
http://www.lobao.com.br

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acienciadaopiniao.blogspot.com.br

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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